Carro elétrico já tem autonomia necessária para se tornar parte do dia-dia da população, diz engenheiro
Brasil - Novas Tecnologias - Entrevista com João Vitor Serra
Foto: Extra
Originalmente criados na segunda metade do século XIX, os carros elétricos têm hoje a autonomia necessária para que deixem de ser projetos engavetados e se tornem parte do dia-dia da população brasileira e não um sonho de tecnólogos.
O alerta é do especialista em veículos elétricos João Vitor Serra, um dos debatedores do seminário Cidades Verdes 2013, que o Instituto OndAzul realiza de quinta a sexta-feira, no auditório da Firjan, no Centro do Rio.
Em entrevista ao GLOBO, Serra, engenheiro mecânico pela Imperial College London e gerente da CPMAIS – Soluções em Meio Ambiente, diz que o Brasil tem "todas as vantagens possíveis" para desenvolver a tração elétrica nos transportes urbanos.
"Temos, sozinhos, 1,4% das reservas de lítio do mundo e uma matriz energética limpa". A programação do seminário podem ser consultada no site http://oglobo.globo.com/projetos/cidadesverdes/
Quais serão os principais pontos abordados pelo senhor no painel "Estabelecendo limites para o automóvel", nesta quinta-feira, a partir do meio-dia?
SERRA - Falarei sobre o avanço tecnológico dos veículos elétricos nos últimos anos e como esses avanços permitem sua adoção no âmbito do transporte público e privado. Também destacarei algumas políticas públicas que podem ser adotadas pelo governo (a nível nacional e regional) para promover tal adoção. Muita gente não sabe mas esta tecnologia não é nova. O primeiro carro elétrico foi feito no século XIX, antes do primeiro carro a combustão, e o primeiro carro elétrico a quebrar a barreira dos 110km foi o francês "La Jamais Contente", em 1899.
Por que então os veículos a combustão, movidos a combustíveis fósseis, continuam predominantes no mundo?
SERRA - O carro a combustão oferece uma autonomia muito alta. Numa viagem Rio-São Paulo o motorista abastece cerca de uma vez (e rapidamente). No entanto, com os avanços tecnológicos, o desafio da autonomia para os carros elétricos tornou-se irrelevante.
O Nissan Leaf, por exemplo, carro 100% elétrico, pode rodar 130km com uma única carga. Não consigo chegar a São Paulo? Não. Mas a questão é: a população está acostumada a uma autonomia além do que de fato requer.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a distância média dirigida por dia é 50km. Aqui no Brasil é menor. Não faz sentido escolhermos nossos carros em função de uma viagem que raramente fazemos. Seria como comprar um jato particular para realizar uma viagem à Europa uma vez por ano!
O Brasil tem a matriz energética predominantemente limpa, com base hidrelétrica. Isso é um fator favorável, certo?
SERRA - Com certeza. Temos todas as vantagens possíveis: um sistema de energia elétrica limpo, 1,4% das reservas de lítio do mundo, centros urbanos densos, etc.
Onde está o entrave? Na política. Hoje temos uma política nacional focada no petróleo. Acredito que somos o único país do mundo que não oferece nenhum incentivo para a compra de um carro elétrico.
Não existe redução de IPVA e imposto na importação, não temos investimentos na infraestrutura de recarga, nada. Não digo que devemos acabar com o petróleo, mas precisamos diversificar. No Brasil, o número de carros elétricos é irrisório. Hoje, são apenas 70 veículos registrados.
Como desenvolver postos de abastecimentos para carros elétricos? Isso não é um entrave?
SERRA - A questão de uma infraestrutura de recarga e o veículo elétrico é igual ao dilema entre o ovo e a galinha, qual veio primeiro? Desenvolver uma infraestrutura eficiente é muito importante para garantir a adoção do veículo elétrico pelo consumidor particular.
Ninguém quer enguiçar no meio da Linha Amarela por causa de falta de energia, mas como expliquei, a autonomia do veículo elétrico hoje já atende as demandas do motorista moderno. Possivelmente, o que mais falta é a divulgação ao público sobre a tecnologia e sua capacidade.
Você vê oportunidades para o Rio neste mercado?
SERRA - O Rio tem muitas oportunidades. Temos frotas que se adequam a soluções elétricas, como os BRTs. O governo poderia aproveitar os grandes eventos internacionais, principalmente Copa do Mundo e Olimpíada para incentivar as frotas elétricas ou híbridas durante estes eventos.
Emanuel Alencar/O Globo/JE
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