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Os produtores de Mato Grosso estão prontos para iniciar o plantio da safra 2013/14 de soja e assim manter a tradição de semear os primeiros hectares do novo ano agrícola do calendário brasileiro.

O start no campo depende apenas do Vazio Sanitário - que encerrou no domingo (15) o período proibitivo à soja - e da chegada das chuvas.

E ao que tudo indica, o novo ciclo promete ser recorde mais uma vez, mesmo com um mercado futuro com preços inferiores aos contratados no mesmo período do ano passado, cerca de 10% menores. As projeções apontam para a sexta expansão consecutiva de área plantada e produção no Estado. 

De acordo com estimativa do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a área plantada pode chegar a 8,27 milhões de hectares (ha), incremento de 4,9% em comparação à safra passada, cravando a maior área já semeada no Estado. Se o clima colaborar do plantio até a colheita, os sojicultores podem colher até 25,27 milhões de toneladas (t), volume que se confirmado, supera as 23,53 milhões colhidas neste ano. 

“Estes números são apenas expectativas e muita coisa ainda pode acontecer. Mas é importante ressaltar que parte do aumento também se deve ao péssimo momento da pecuária. Com uma rentabilidade de apenas 2%, muitos pecuaristas estão vendendo seu gado e arrendando o pasto para ser ocupado com soja”, aponta o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Glauber Silveira. 

Mas, o recorde de produção traz a reboque mais preocupação do que motivos para se comemorar neste momento, porque a farta oferta acirra ainda mais os entraves do país, especialmente de mato Grosso. 

Além da logística e infra-estrutura deficitárias no país que, segundo Silveira, fazem o produtor mato-grossense perder até US$ 2 por saca, os produtores também precisam lutar contra problemas inerentes à agricultura como pragas e doenças. 

De acordo o diretor técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT), com Nery Ribas, a ferrugem asiática gerou um prejuízo de US$ 1 bilhão na safra passada. No Brasil, segundo Silveira, a doença causou perdas de 1,5 a 2 sacas por hectare.

“A área brasileira de soja vai crescer, mas a logística não acompanha. E, apesar de os preços não estarem ruins, os custos de produção muito altos deixam a rentabilidade mais apertada”, explica Silveira. Conforme o Imea, a relação de troca – insumos por sacas de soja - em Sorriso, médio norte de Mato Grosso, chegou a 26 sacas contra 21 sacas na safra 2012/13 e 24 sacas em 2011/12. 

Se o preço futuro encolheu, o custo de produção dilatou. Como mostra o Imea, o custo efetivo da safra 2012/13 fechou com média de R$ 1,90 mil/ha e para a nova safra deve chegar a R$ 2,43 mil/ha, tanto para lavouras convencionais como para as transgênicas. 

EXPECTATIVA

Para o presidente da Aprosoja/MT, Carlos Fávaro, a divulgação do relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) que aponta redução na safra de soja pode movimentar um pouco os preços nas próximas semanas, mas os produtores não podem contar somente com isso. “Buscamos sempre melhorias na produtividade e, assim, mais rentabilidade ao produtor”, ressalta. 

PLANTIO 2013/14

Especialistas do setor e os principais líderes do agronegócio nacional vão debater as atuais tecnologias disponíveis e também as novas pesquisas que estão sendo desenvolvidas para impulsionar o agronegócio brasileiro durante a abertura oficial do plantio da safra 2013/14, que será realizada nos dias 25 e 26 de, na sede da Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (503 quilômetros ao norte de Cuiabá). 

Alguns dos temas abordados focam o combate as novas pragas e doenças como a ferrugem asiática e o uso de novos fungicidas e a expansão da soja em áreas de pastagem.

“Produtividade é a palavra de ordem. Conseguimos isso com a adoção de novas tecnologias no campo, acompanhamento técnico, manejo adequado das lavouras para combater as pragas e, claro, muita pesquisa”, ressalta Fávaro. 

Estarão presentes no evento o Ministro da Agricultura, Antônio Andrade, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato) e do Conselho Administrativo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar/MT), Rui Prado, o presidente da Aprosoja Brasil, Glauber Silveira e o presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), Carlos Fávaro. 

O evento faz parte da segunda edição do Projeto Soja Brasil, que acompanha a safra de soja desde o planejamento do plantio até a colheita.