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Um loiro de camisa xadrez, chapéu ao estilo panamá e bermuda, todo carregado de malas e perdido ao avistar o Rio de Janeiro. Assim costuma ser a imagem que os brasileiros têm dos seus turistas.

Mas com base no perfil dos visitantes da Copa da África do Sul, em 2010, o Ministério do Turismo e especialistas da área já conseguem traçar um perfil mais aprofundado de quem virá ao Brasil para a Copa do Mundo de 2014: solteiro, com renda própria suficiente para gastar mais de R$ 10 mil em uma viagem, idade entre 25 e 40 anos e disposto a passar mais de 15 dias no Brasil.

De acordo com o diretor do departamento de estudos e pesquisas do Ministério do Turismo, José Francisco Lopes, o perfil do turista que vem ao Brasil durante a Copa se assemelha ao visitante estrangeiro na África do Sul, com poucas variações. Entre elas, a origem: enquanto no país africano 46% vieram da Europa e 41% dos Estados Unidos, no Brasil os países que prevalecem são da América do Sul, principalmente Argentina, Uruguai e Chile. 

Na Copa na África do Sul, apenas 14% dos torcedores não possuía nível superior e, em média, cada visitante investiu R$ 11.412,50 na viagem, incluindo a passagem aérea.

No Brasil, o professor do curso de Lazer e Turismo da Universidade de São Paulo (USP) Ricardo Ricci Uvinha acredita que não será diferente. "É alguém que tem condições de gastar, que não vem só assistir aos jogos, mas também viajar pelo País. Por isso toda essa expectativa", diz Uvinha. 

Em 2010, 69% do público optou por se hospedar em hotéis. No Brasil, essa taxa deve ser ainda maior, segundo Uvinha, pois a África do Sul representou um caso à parte, já que o governo subsidiou acomodações em casas de famílias. No Brasil, ao contrário, o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) incentivou a construção e a reforma de hotéis. 

Ingresso mais barato

Se o turista vai investir mais com hospedagem, o custo com ingressos será mais baixo no Brasil. Na edição africana, 45% dos turistas sequer incluíram o custo dos ingressos em seus gastos, assistindo aos jogos em telões nas ruas. No Brasil, ingressos à venda a partir de R$ 30 levam especialistas a crer que mais gente entre nos estádios. 

Lopes acredita que é possível comparar o perfil dos turistas da Copa do Mundo com os que já estiveram no Brasil durante a Copa das Confederações.

De acordo com os resultados preliminares de um levantamento feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a pedido do ministério, o gasto médio entre os turistas estrangeiros foi de R$ 4.854, superior à média dos turistas internacionais no país, de R$ 2.500. A permanência média no Brasil foi de 14 dias, e os mexicanos foram os mais presentes, seguidos pelos norte-americanos.  

Para a Copa do Mundo, o Ministério do Turismo espera receber cerca de 600 mil turistas, o dobro de pessoas que visitaram a África do Sul em 2010. Sobre o movimento no País, Lopes é otimista e acredita que os jogos serão apenas um pretexto para o estrangeiro conhecer os atrativos do País e outros países da América do Sul.