Com canções e coreografias, o musical “O Ressuscitado” contou a paixão, morte e ressurreição de Cristo na noite desta Sexta-feira Santa, em Campo Grande. A montagem é inédita no Brasil e foi encenada por 50 jovens de diferentes comunidades Católicas, na Praça do Papa – bairro Santo Amaro.

Em 1h30 de apresentação, o público relembrou toda a paixão do Senhor, a dor de sua mãe, Maria, e, principalmente, a alegria do Cristo ressuscitado.

Como o próprio nome já faz menção, “O Ressuscitado” tem como diferencial de outras Vias-Sacras o foco na ressurreição de Cristo durante a maior parte do espetáculo.

“O principal ponto do musical não é a Paixão e, sim, a ressurreição. Os artistas retratam o que a ressurreição significa para o cristão, tudo que ela traz para a história, com sua alegria e esperança de um algo novo”, ressalta o padre Pedro Pereira, responsável pela pastoral da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) e um dos idealizadores da apresentação.

O musical foi assistido por aproximadamente 1 mil pessoas, entre famílias, jovens e crianças. Alguns fiéis partiram em procissão de suas paróquias até a Praça do Papa, como a família da estudante Ana Valéria Pio, de 12 anos.

“Gosto muito de assistir as encenações porque é uma forma de conhecer melhor a história de Jesus e de uma maneira fácil, bonita”, diz.

Diferencial - A inovação de apresentar a Via-Sacra de Jesus em forma de musical agradou e emocionou a maior parte do público que foi até a Praça conferir.

“Achei muito legal por ser um musical, com dança. É uma iniciativa diferente e que pode se tornar uma tradição e até mais um atrativo para toda a população e, principalmente, para os jovens. Acho que ano que vem tem que ter de novo e por essa ter sido a primeira apresentação foi muito bom”, afirma a estilista Fernanda Santiago, de 21 anos.

Mesmo quem participava e estava acostumada a tradicionais encenações, como a apresentada por vários anos na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, fez questão de prestigiar o musical, mas apontou algumas melhorias que podem ser feitas, como na parte da produção.

“Não é a mesma coisa das encenações tradicionais, é algo inovador, mas a mensagem foi passada da mesma forma. Acho que para os próximos anos a produção deve melhorar e o espetáculo pode ficar ainda mais bonito”, diz a estudante Juliana Dowe, de 24 anos.

A forma de transmitir a mensagem bíblica e a participação de jovens durante toda a apresentação também foi um diferencial do musical e chamou a atenção de quem foi assistir.

“A forma dos jovens transmitirem a mensagem é diferente, tem mais alegria, é contagiante. Foi tudo muito bonito”, diz a dona de casa Maria Emilia Trivellato, de 48 anos, que foi junto com toda a família assistir o musical.

Já os jovens que encararam o desafio de interpretar pela primeira vez personagens bíblicos para o musical afirmam que a emoção foi grande, mas a responsabilidade maior ainda.

O estudante de engenharia mecânica João Pedro Grefe, de 18 anos, viveu Jesus no musical e conta que a emoção de ser o Cristo é inexplicável. “É muito responsabilidade, ainda mais porque sei que não chego nem um pouco perto de tudo que é Jesus. Uma sensação, emoção sem igual”, revela.

O arcebispo de Campo Grande, Dom Vitório Pavanello, ressalta que o espetáculo é uma oportunidade de “despertar muitos dons artísticos nas pessoas, que podem ser colocados a serviço de Deus”.

Ele também destaca que todo o espetáculo tem o principal objetivo de evangelizar, levar a palavra de Cristo a outros jovens e demais cidadãos.

Musical - De acordo com o padre Pedro, a ideia de montar o musical surgiu há dois anos, quando um CD com a apresentação do “O Ressuscitado” chegou em suas mãos.

“Depois começamos a fuçar na internet e encontramos todo o DVD do musical, aí iniciamos o trabalho de tradução para o português e de organização”, diz.

O espetáculo teve origem na Itália, e de acordo com o padre, essa é a primeira vez que o musical é encenado em outro país.

A proposta é aprimorar a apresentação para a próxima Páscoa, com mais elementos na produção e artistas participando.

Os jovens que participaram atuando, dançando e cantando tiveram ensaios por cerca de um mês. A maior parte das vozes apresentadas era dos próprios intérpretes, que gravaram as músicas antecipadamente.