O consórcio BAL, formado pela Eletrosul (51%) e CEEE-GT (49%), conquistou o lote A do Leilão de Transmissão nº 05/2012, realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na quarta-feira.

Como parte das obras será feita na Reserva do Taim, para facilitar o processo de licenciamento ambiental, as empresas deverão aproveitar a área de domínio de uma linha de distribuição que o Grupo CEEE possui na região.

O presidente da estatal gaúcha, Sérgio Souza Dias, detalha que a ideia é desativar a linha de menor tensão (138 kV) existente para construir a nova estrutura de 525 kV.

Mesmo utilizando o espaço do complexo ativado atualmente, o futuro projeto precisará passar pelo licenciamento ambiental.

Porém, com essa estratégia, o dirigente espera reduzir as dificuldades enfrentadas, já que se trata de um empreendimento a ser implementado dentro de um importante ecossistema do Rio Grande do Sul.

Dias lembra que a linha de 138 kV foi energizada no começo da década de 1990 para substituir as centrais geradoras a diesel que abasteciam Santa Vitória do Palmar e Chuí.

O lote vencido pelo consórcio compreende a execução de 490 quilômetros de linhas de transmissão (525 kV de tensão), três novas subestações e a ampliação de uma unidade.

O investimento previsto nesse conjunto de obras é de aproximadamente R$ 710 milhões e as companhias tentarão obter financiamento do Bndes para concretizá-lo.

Os complexos serão construídos entre Santa Vitória do Palmar e Rio Grande, assim como uma conexão com Nova Santa Rita. O prazo para conclusão é de 24 meses a partir da assinatura dos contratos de concessão.

No leilão de transmissão, saem vencedores os proponentes que apresentarem o menor valor de Receita Anual Permitida (RAP).

Eletrosul e CEEE-GT obtiveram o direito de realizar o empreendimento com a RAP máxima a ser paga ao empreendedor prevista no edital: R$ 77.417.970,00.

As empresas Abengoa e Alupar Investimento estavam inscritas para concorrer ao lote, contudo não apresentaram lances.

“As obras são estratégicas para viabilizar o desenvolvimento do potencial eólico da região, que é um dos maiores do País e também implicarão remuneração para as duas companhias”, ressalta Dias.

O presidente da Eletrosul, Eurides Mescolotto, concorda que esse sistema de transmissão é vital, pois permitirá o escoamento da energia gerada nos parques eólicos que a empresa construirá nos municípios de Chuí e Santa Vitória do Palmar.

Serão dois complexos eólicos – Chuí e Geribatu – que, juntos, produzirão 402 MW, suficiente para atender ao consumo de uma cidade como Porto Alegre.

No total, o leilão de transmissão licitou seis linhas de transmissão e seis subestações, nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Bahia.

Como o lote F (composto pela Linha de Transmissão Itabirito 2 - Vespasiano 2, em Minas Gerais), não teve interessados e outros três lotes não tiveram lances menores em relação à RAP estabelecida pela Aneel, o deságio médio do certame ficou em 1,04%.

O lote D, arrematado pela Neoenergia, apresentou o maior deságio, de 39,9%.

Ele é composto pela subestação Brumado 2, na Bahia, e irá melhorar o suprimento de energia elétrica da região, além de garantir o atendimento ao mercado em curto, médio e longo prazo.

Apesar do deságio geral baixo, o presidente da Comissão Especial de Licitação, Márzio Ricardo Gonçalves, considerou que a Aneel cumpriu o seu papel, já que cinco dos seis lotes foram arrematados.

Os empreendimentos leiloados deverão demandar investimentos de R$ 911 milhões em cinco estados, com geração de 4.649 empregos diretos.

O prazo de conclusão das obras será de 18 a 24 meses e os contratos de concessão são de 30 anos.