Brasil é pouco competitivo? Errado, diz Deloitte
Brasil - Economia - Indústria e Serviços
Contrariando a percepção de que o Brasil não consegue fazer frente à competição internacional, líder da consultoria Deloitte afirma que país é o 5º melhor para se investir
Não é de hoje que se diz que a indústria brasileira não tem condições de competir globalmente com nações que oferecem um sistema tributário bem mais simples, onde o custo da energia não é proibitivo e a mão de obra é barata ou ao menos qualificada, entre outros atributos, que, notoriamente, faltam ao Brasil. Mas segundo o líder Global da Deloitte, Joe Vitale, o Brasil e a indústria vão bem, obrigado. “Competitividade é a composição de vários fatores”, defende ele.
Para Vitale, “nenhum país é perfeito”. Por isso, com todos os problemas, o Brasil ocupa a 5ª posição no Índice de Competitividade Global da Manufatura da Deloitte, atrás apenas de China, Índia, Coreia do Sul e Estados Unidos. Com isso, fica a frente da Alemanha, padrão de excelência em competividade da indústria, que ocupa o 8º lugar. A expectativa é ainda que o Brasil supere os EUA até 2015. O índice foi montado a partir de entrevista com 406 CEOS de pequenas, médias e grandes empresas de 17 países.
Vitale esteve no Brasil para o lançamento do livro da Deloitte, “Brasil Competitivo – Desafios e estratégias para indústria da transformação”, da qual foi coautor. Ele explica porque o Brasil, apesar de todas as dificuldades, está melhor que muitas nações desenvolvidas no estudo.
EXAME.com - Afinal, o Brasil é um país competitivo?
Joe Vitale - Se você está no top 10 (do índice Deloitte), você é competitivo.
EXAME.com - Mas e os problemas exaustivamente repetidos, como a burocracia brasileira e o complexo sistema tributário?
Vitale - Todos os países têm diferentes problemas. Os brasileiros são muito orgulhosos, tendem a ser muito duros consigo mesmos. Vocês reconhecem seus desafios, mas há desafios em todos os países. No Brasil se tem ótimo acesso a recursos naturais, bom acesso a recursos humanos para indústria de manufatura, salários competitivos em nível global, experiência em certos setores, um mercado crescente e serviços. Há muito acontecendo. Isso o faz um país desejável para companhias direcionarem investimentos porque reconhecem que o Brasil será um importante player na área da manufatura e se tornará crescentemente poderoso a longo prazo, em comparação com o Reino Unido, por exemplo, que perdeu sua presença da indústria e onde acesso a materiais e energia são muito caros.
EXAME.com - Mas se poderia dizer que o Brasil é mais competitivo que a Alemanha?
Vitale - Quando um CEO olha para onde vai investir, ele reconhece que nenhum país é perfeito, sem desafios associados para lidar com a competitividade da indústria manufatureira. Mas há certas coisas que são mais fáceis de consertar que outras. Sabemos que impostos são um problema para empresas atuando no Brasil, mas isso é algo que pode ser mudado, por exemplo.
EXAME.com - No Brasil, a palavra desindustrialização tem sido usada com constância. A participação do setor no PIB baixou de 16,2% para 14,6% entre 2010 e 2011. Alguns defendem que este processo é normal.
Vitale - Seria um erro qualquer país considerar normal ou que faz parte do desenvolvimento da nação mudar da manufatura para uma economia baseada em serviço. Nós temos lidado com este problema há décadas nos Estados Unidos. A indústria da manufatura é importante, aumenta o padrão de vida de um país e todas as pesquisas que fizemos confirmam isso.
EXAME.com - Porque se espera que o Brasil suba no índice de competitividade global da Deloitte?
Vitale - Espera-se que os BRICS cresçam mais do que os mercados maduros. A indústria automotiva é um exemplo. De 2012 a 2020, 70% ou mais do crescimento da indústria virá de mercados emergentes, criando grandes oportunidades dentro desses mercados. Há mais oportunidade para crescimento no Brasil do que nos EUA. O Brasil é visto como tendo características desejáveis, como acesso a recursos naturais, acesso a recursos de manufatura e baixo custo de mão de obra, comparado a EUA e Alemanha. Eu acredito que os CEOs (que fizeram parte da pesquisa) reconhecem que o Brasil pode precisar aperfeiçoar a infraestrutura e o sistema tributário, mas acreditam que esses problemas em particular são solúveis, e acreditam que o governo fará a coisa certa para dar suporte aos projetos.
EXAME.com - Então não seria correto dizer que índice mede mais a atratividade para investimentos que a competitividade de um país?
Vitale - Competitividade da indústria de manufatura seria: “onde está o local que eu posso criar os produtos com menor custo, maior qualidade e entregá-lo ao consumidor de maneira eficiente”? Você pode ter a maior capacidade manufatureira no mundo, mas se demora um mês e tem custos significativos para chegar ao consumidor, pode não ser tão desejável. Quando olhamos para a competitividade da manufatura, olhamos para muitas dimensões: acesso a recursos humanos e naturais, baixo custo de energia e acesso a financiamento para dar suporte aos investimentos de planos, bens de capital.
Além disso, a taxa de crescimento do país é um fator, por exemplo. Uma nação que tem uma taxa maior será mais desejável, todo o restante sendo igual, porque o país poderá suportar a própria produção. Há ainda acesso a tecnologias e inovação. Se você tem acesso ao Silicon Valley, por exemplo, e é uma empresa de software, pode ser importante para o seu sucesso. Existe ainda a infraestrutura, o papel do governo. Tudo isso impacta quão competitivo é um pais. Quando olhamos para uma nação e dizemos que o Brasil tem maior atratividade e nível de competitividade, é a composição de todos esses fatores. Alemanha pode ter maior inovação e acesso a tecnologia, mas o custo de energia e do trabalho podem não ser tão atrativos.
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