Dono de um time de basquete e investidor ilustre, Mark Cuban não poupou críticas aos que tentam atribuir um valor de mercado justo para a rede social

O bilionário americano Mark Cuban, conhecido por seus dotes como investidor e por ser dono do time de basquete Dallas Mavericks, revelou em seu blog que comprou sim ações do Facebook (FB), mas apenas para fazer uma operação rápida de trade, e não como investimento.

Fã dos esportes, ele fez uma comparação para explicar seu movimento: para ele, aplicar nas ações foi equivalente a comprar cards (cartões colecionáveis) de jogadores famosos sabendo que haverá uma feira de card em sua cidade após uma semana.

Cuban revelou que comprou 150 mil ações do Facebook, sendo 50 mil papéis por 33 dólares, mais 50 mil por 31,97 dólares, e os 50 mil restantes por 32,50 dólares, o que resultou num preço médio de 32,49 dólares.

Embora tenha revelado suas compras, Cuban não disse se já vendeu todas as suas ações ou se ainda mantém ao menos parte dos papéis.

Preço justo?

Em seu blog, outro ponto sobre o qual Cuban escreveu foi sobre uma possível bolha na avaliação de empresas de internet.

Em sua oferta pública de ações (IPO), o Facebook foi avaliado em 106 bilhões de dólares, número que, na ocasião, se mostrava mais alto do que de grandes empresas americanas, como McDonald’s e Bank of America. O dado levantou a discussão sobre como avaliar o Facebook, uma empresa que não tem um produto específico e que os rumos sobre os resultados futuros são quase impossíveis de se prever.

Aswath Damodaran, professor de finanças da New York University, defendeu recentemente num artigo publicado na Forbes que o Facebook poderia ser avaliado sim e que um valor de mercado justo seria de 70 bilhões de dólares (29 dólares por ação).

Cuban defende em seu blog exatamente o contrário. “É uma questão de oferta e demanda. Nunca de fundamentos”, afirmou.

Ele lembra que as ações do Facebook já eram negociadas no mercado privado, em sites como SecondMarket e SharesPost. Em fevereiro, nessas “bolsas” onde poucos podem negociar ações, o valor de mercado do Facebook superou o patamar de 100 bilhões de dólares, com ações cotadas em mais de 44 dólares. Isso aponta alta demanda e leva o preço dos papéis para o alto num IPO.

Para suprir essa demanda, a empresa e os coordenadores colocam uma enxurrada de papéis no mercado, a demanda supera a oferta e a cotação cai.

Verdadeira razão da queda

Na visão de Cuban, outro ponto que faz com que a queda possa ser verdadeiramente atribuída à lei da demanda e oferta é o motivo que tem sido dado para a desvalorização dos papéis.

Alguns apostam que a ação do Facebook vale menos pois a rede tem desafios em rentabilizar seu serviço em dispositivos móveis, que estão sendo cada vez mais usados que os computadores convencionais.

O próprio Facebook pediu que os coordenadores alterassem suas projeções para a empresa por esse motivo (eles não fizeram e a rede social virou alvo de um processo).

Isso é verdade, acredita Cuban. Mas se é assim com o Facebook, porque não seria com outras empresas de internet, como o Google e YouTube? “Resumindo, se você acha que os serviços móveis vão acabar com o uso dos PCs, então você deveria imediatamente ficar vendido em Google e comprar ações de emissoras de televisão”, ironizou.

Confiança abalada

Outro ponto que Cuban tratou em seu post, como ele diz, “post mortem”, sobre o Facebook, foi a questão da confiança do mercado financeiro. “Diga adeus para o investidor individual em Wall Street”.

Para ele, qualquer impressão positiva que esse tipo de investidor poderia ter sobre o mercado de IPOs foi destruída, já que a expectativa de sucesso em torno da operação era muito grande e não se confirmou completamente.