Setor financeiro teve uma das piores quedas, influenciado por temores com inadimplência

O setor financeiro não obteve bons resultados em abril. Um relatório da Citi Corretora mostra que o índice MSCI Brazil, que considera ações de diversos setores brasileiros, caiu 7% no mês, com destaque para o setor financeiro, que perdeu 12%.

Quando considerados os índices da BM&FBovespa, o Índice Financeiro (INFC) ficou atrás apenas Imobiliário (IMOB), que caiu 7,09%, contra 7,02% do financeiro. Os bancos não são os únicos papéis no índice. Embora sejam os principais, a carteira inclui também ações das seguradoras Porto Seguro e SulAmérica, das credenciadoras Cielo e Redecard, além dos papéis da BM&FBovespa e Cetip.

Todos papéis caíram em abril e os bancos foram o destaque. “O setor como um todo sofreu no mês passado, principalmente depois da teleconferência do Itaú”, resume Carlos Daltozo, do BB Investimentos.

A teleconferência em questão trouxe preocupações sobre inadimplência. O banco projetou um aumento das despesas com provisão para devedores duvidosos (PDD) de 6 bilhões de reais para 6,4 bilhões de reais no segundo trimestre e para entre 6,5 bilhões de reais e 7,1 bilhões de reais no terceiro trimestre.

Com isso, as ações da holding que controla o banco, a Itaúsa, foram as que mais sofreram no INFC em abril.

Confira o desempenho dos papéis que fazem parte do INFC em abril.

Dois bancos médios no meio do caminho
Entre a holding Itaúsa e os papéis preferenciais e ordinários do Itaú Unibanco na lista das ações financeiras que mais apanharam, ficam as ações do BicBanco e do Banrisul.

Segundo Daltozo, o Banrisul passa apenas por um ajuste nas ações. Já o BicBanco, passa maus bocados no quesito fundamentos.

“A carteira de crédito do BicBanco cresceu em 2010 e, em 2011, foi necessária uma reavaliação dessa carteira, que diminuiu”, afirmou o analista. “Estamos esperando os resultados do primeiro trimestre para saber se já há uma melhora, mas segundo o banco, isso só deve acontecer entre o final do segundo e o início do terceiro”, diz.

Redecard e Cielo atrás dos bancos

Após os papéis de bancos, a primeira ação a ter a maior queda foi a da Redecard, que perdeu 9,45% e, apenas com Banco do Brasil no caminho, o outro destaque foi a Cielo, com queda de 7,58%. As credenciadoras passam por um momento de transformação no setor.

De um lado, o futuro da Redecard no mercado é incerto. A empresa pode ter seu capital fechado pelo Itaú Unibanco, seu controlador. Se não for bem sucedido na oferta para comprar os papéis da empresa e tirá-la da bolsa, o banco pode sair do capital da empresa, para fazer investimentos no setor de outra maneira. Uma dessas maneiras, como o próprio banco informou, poderia ser investir na Hipercard. Nesse caso, a Cielo ganharia mais uma concorrente.

Além disso, em teleconferência para falar sobre a oferta pública de aquisições (OPA) da Redecard, executivos do Itaú Unibanco pintaram um cenário desafiador para o setor de credenciamento de cartões, levando queda para ambas empresas.