OMS vai estabelecer diretrizes para segurança em nanotecnologia
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) encerra neste sábado (31) uma consulta pública para subsidiar as diretrizes que estão sendo traçadas para a segurança dos trabalhadores do setor de nanotecnologia em todo o mundo.
Pessoas interessadas, e não apenas especialistas no assunto, podem encaminhar comentários e sugestões à minuta do documento disponível na internet.
A nanotecnologia engloba métodos que permitem a manipulação de estruturas que só podem ser vistas por meio de microscópios especiais.
Para se ter uma ideia de quão reduzidas são, seu tamanho chega a medir um nanômetro – o equivalente à bilionésima parte de um metro. Um fio de cabelo, por exemplo, tem circunferência de 80 e 100 mil nanômetros.
E os vírus, os menores micro-organismos existentes, têm diâmetro de no máximo 200 nanômetros.
Esses materiais são manipulados a partir do zinco, carbono, alumínio, prata e ouro, entre outros, para a construção de instrumentos para uma infinidade de aplicações na informática, na engenharia, na medicina, na agricultura e na indústria química, farmacêutica e cosmética, entre outras áreas.
Uma dessas estruturas nanométricas usada há anos é o lipossoma, uma nanocápsula usada para melhorar o desempenho dos cosméticos na pele.
A formulação das diretrizes é importante porque essa tecnologia, considerada limpa e segura pelos fabricantes, está envolta em incertezas quanto aos impactos que pode causar à saúde humana e ao meio ambiente.
Segundo grupos ambientalistas, em 2006 empresas e governo dos Estados Unidos gastaram 1,4 bilhão de dólares em pesquisas para novos materiais e produtos. Menos de 1% desse valor foi investido para avaliar os riscos.
No mesmo período, só 4% do total aplicado pela União Europeia foi destinado a estudos sobre a segurança.
Além disso, faltam instrumentos para avaliação da exposição ambiental aos nanomateriais e modelos experimentais que permitam prever potenciais impactos.
Mas há estudos sugerindo que os nanomateriais podem ser mais tóxicos do que as versões do mesmo composto em tamanhos visíveis a olho nu; mais propícios a reações químicas com resultados desconhecidos; e maior atividade biológica, podendo ser absorvidos pelas células do organismo.
Por serem tão pequenos, poderiam até passar pelo sistema imunológico sem serem vistos, causando diversas doenças.
Coordenadora do projeto Impactos da nanotecnologia na saúde dos trabalhadores e do meio ambiente, da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), subordinada ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Arline Arcuri integra o grupo de especialistas que a OMS recrutou em vários países para traçar as diretrizes.
Outro brasileiro é o pesquisador Willian Waissmann, do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesth), da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, ligada à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A pesquisadora da Fundacentro, que está fazendo um levantamento das indústrias e laboratórios brasileiros e os cuidados que são tomados na produção de nanopartículas, explica que, aos poucos, os estudos sobre possíveis impactos começam a ser feitos em todo o mundo – só que por pressões do mercado.
“As empresas têm medo de lançar produtos que, mesmo patenteados e liberados, têm essa fragilidade nas pesquisas de impacto”, disse Arline. “Muitos outros estão sendo lançados sem que se saiba ao certo se são nocivos ou não. Pode ser que não, mas também pode ser que sim”.
Entre as iniciativas que vão surgindo, ela menciona edital para pesquisas em nanotoxicologia divulgado em setembro passado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, com aporte financeiro de R$ 3,8 milhões.
Em 2009, quando especialistas de vários países avaliaram os progressos na implementação do Sistema Estratégico para o Gerenciamento Internacional de Substâncias Químicas (Saicm), a nanotecnologia foi identificada como principal problema emergente.
Na sequência vêm as substâncias químicas em produtos domésticos, o lixo eletrônico e o chumbo na fabricação de tintas.
Os trabalhadores que manuseiam, fabricam, empacotam ou transportam mercadorias, alimentos ou insumos agrícolas que contêm nanomateriais estão expostos de maneira repetitiva e em níveis mais elevados do que a população em geral.
Também pode ocorrer contaminação após o descarte, no ambiente, de sobras de fabricação ou de produtos fora de uso.
Segundo Arline, há muitas questões para as quais a OMS busca respostas, como um nível de exposição que poderia afetar a saúde dos trabalhadores, que fosse seguro ou a existência de sistemas e equipamentos que possam protegê-los.
Há estudos que mostraram que a inalação de nanomateriais, que seguem para a corrente sanguínea, é a principal forma de contaminação. Outra, freqüente, é a absorção pela pele.
Ética
O aspecto ético é outro de grande importância quando o assunto é nanotecnologia. “Com o seu avanço, será cada vez mais fácil analisar o perfil genético de uma pessoa, entre outras coisas”, diz Arline.
Assim, um perfil genético poderia ser usado para propósitos discriminatórios por empregadores ou companhias de seguro.
Por isso, assim como criar mecanismos para a prevenção de doenças ocupacionais e impactos ao meio ambiente, é preciso preservar a liberdade individual.
Outra questão a ser considerada, segundo a pesquisadora, é se haverá controle social sobre essas tecnologias e seu uso.
Cida de Oliveira/Rede Brasil Atual/DF
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