Eike Batista está US$ 3,2 bilhões mais perto de atingir sua meta de tornar-se o homem mais rico do mundo. O bilionário brasileiro já alertou o mexicano Carlos Slim que pretende tomar dele a liderança da lista. No ritmo atual, isso não deve acontecer antes de 2024.

A fortuna de Eike, avaliada em US$ 29,8 bilhões, deixa-o na décima posição entre os indivíduos mais ricos do mundo, segundo o Índice Bloomberg de Bilionários. Depois de dizer em entrevistas que seria o número 1 até 2013, o bilionário disse à Bloomberg News em março do ano passado que chegaria à liderança até 2015. A fortuna atual de Slim está em US$ 68,5 bilhões, segundo o ranking da Bloomberg.

Eike, filho de um ex-presidente da Vale SA, tornou-se o homem mais rico do país com a venda de ações de uma série de empresas interligadas no setor de commodities. Ele investiu US$ 2,2 bilhões em suas empresas nos últimos seis anos e recebeu apenas um pagamento de dividendos -- US$ 20 milhões -- como retorno. Isso reduziu seu caixa, obrigando o empresário a assumir pelo menos US$ 1,4 bilhão em dívida, enquanto continua desenvolvendo projetos que vão de ouro a fertilizantes e passando ainda pelo patrocínio de lutas da modalidade Ultimate Fighting Championship, ou UFC.

“Com os cavalos que ele tem hoje na corrida, não acho que vai chegar lá”, disse Eric Conrads, que administra US$ 600 milhões em ações da América Latina no ING Investment Management, em Nova York, e que detém ações na petrolífera de Eike, a OGX Petróleo & Gás Participações SA. “Mas é sempre bom ter essa meta. Mesmo que não a atinja, pode acabar entre os cinco primeiros.”

Queda na fortuna

O valor da fortuna de Eike caiu em relação aos US$ 33,4 bilhões em março do ano passado depois que a OGX, seu ativo mais valioso, acumulou uma baixa de 12 por cento em dólares. A fortuna de Slim caiu de US$ 75,3 bilhões há um ano, derrubada pela baixa de 14 por cento da operadora de telefonia América Móvil SAB. Se esse ritmo for mantido para os dois bilionários, Eike só conseguiria superar Slim dentro de 12 anos.

“Você não faz isso de um ano para outro”, disse Eike em entrevista por telefone do Rio de Janeiro no ultimo dia 2 de março, reafirmando que pretende superar Slim até 2015. “Eu absolutamente mantenho essa meta. Não me arrependo, absolutamente não.”

Os principais ativos de Eike são cinco empresas de capital aberto, como a OGX, a produtora de minério de ferro MMX Mineração & Metálicos SA e a empresa de serviços ao setor de petróleo OSX Brasil SA. Ele também controla a LLX Logística SA, que constrói hoje o que o empresário diz que será o terceiro maior porto do mundo, e a geradora de energia MPX Energia SA. Eike usa o “X” nos nomes de suas empresas porque diz que a letra simboliza o multiplicação de riquezas.

Eike, 55, começou a negociar ouro na região Amazônica no início dos anos 80, depois de abandonar a faculdade na Alemanha. Em 1983, ele vendou ativos de mineração para TVX Gold Inc., sediada em Toronto, Canadá, em uma operação que o tornou o maior acionista e, depois, presidente do conselho e diretor- presidente. Enquanto esteve na empresa, o valor de mercado da companhia se multiplicou por 13, chegando a atingir mais de US$ 20 bilhões em 1996, antes que brigas judiciais na Grécia e na Rússia derrubaram o valor para menos de US$ 1 bilhão até 2001, quando ele renunciou ao cargo para se concentrar nos investimentos no Brasil.

Agora, Eike volta a apostar no metal precioso, assumindo uma dívida de US$ 1,4 bilhão para fechar a aquisição da Ventana Gold Corp., que tem direitos de mineração no nordeste da Colômbia.

“Ele nunca abandonou o interesse pelo ouro”, disse em entrevista por telefone de Vancouver Richard Warke, ex- presidente do conselho da Ventana, que negociou a venda para Eike. “Acho que ele é muito bom conhecedor do negócio, dos múltiplos do setor e tem uma equipe muito boa. Ele só é um negociador muito difícil.”