SÃO PAULO - O Brasil deverá colher em 2010/11 a maior safra de soja da história, em 72,7 milhões de toneladas, com um desempenho excepcional dos campos do Sul do país compensando as perdas registradas com as chuvas no Centro-Oeste, informou nesta terça-feira a consultoria Agroconsult.

A estimativa, que destoa de relatórios apresentados nos últimos dias por consultorias especializadas como a alemã Oil World, é maior que a projeção de fevereiro da Agroconsult, de 72 milhões de toneladas, e bastante superior à safra passada, que segundo o governo ficou em 68,7 milhões de toneladas.

“Os problemas climáticos não tiraram a marca desta safra como sendo muito boa, com ótima rentabilidade e boa produtividade“, afirmou André Pessôa, diretor da Agroconsult e coordenador do Rally da Safra, uma expedição técnica que percorreu 11 dos principais Estados agrícolas brasileiros de janeiro a março.

“Estamos muito seguros do nosso número. Colocamos times para olhar as principais lavouras do país, com auxílio de técnicos locais, e a informação que levantamos é essa”, disse, acrescentando que espera ver outras consultorias revisando também suas projeções.

A Agroconsult disse que a excelente produtividade da soja principalmente no Rio Grande do Sul e Paraná mais que compensou perdas por chuvas no Centro-Oeste. “A safra do Paraná foi espetacular”, afirmou.

Segundo a consultoria, a produtividade média paranaense foi a maior do país, com 54 sacas por hectare. Com isso, o Estado deverá produzir 14,8 milhões de toneladas, ante 14 milhões de toneladas do ciclo anterior.

No Rio Grande do Sul, que tradicionalmente tem uma produtividade menor que a do Paraná e Mato Grosso, o rendimento médio foi o maior já registrado para o Estado, atingindo 46,3 sacas por hectare, contra 43 sacas na temporada anterior.

A Agronconsult estima a safra gaúcha em 11,3 milhões de toneladas, contra 10,2 milhões de toneladas em 2009/10.

Em Mato Grosso do Sul, Estado que foi mais fortemente atingido pelas chuvas no período de colheita, a produtividade média despencou para 46 sacas por hectare, ante 52 sacas do ano passado, reduzindo a produção total em quase 500 mil toneladas ante 2009/10, para 4,8 milhões de toneladas.

Em Mato Grosso, maior Estado produtor, a consultoria apontou aumento de área e de produtividade. Segundo a Agroconsult, o rendimento médio subiu levemente para 53 sacas por hectare, contra 51 sacas do ano passado, e a produção foi 1,5 milhão de toneladas maior, para 20,5 milhões de toneladas.

Quanto ao milho, a consultoria estimou a primeira safra do cereal em 34,8 milhões de toneladas, ante 34 milhões para a temporada passada.

BOM CENÁRIO PARA 2011/12

Pessôa afirmou que os resultados que estão sendo observados, tanto em termos de produção como de rentabilidade financeira, vão deixar o produtor em boa situação para o plantio da próxima safra de grãos brasileira, em 2011/12.

“Se 2011 está apresentando um resultado econômico muito bom, 2012 aponta para um melhor ainda”, afirmou, lembrando que as relações de troca entre soja e insumos, por exemplo, estão ainda melhores no momento do que as verificadas no ano passado, permitindo que o produtor invista em tecnologia para elevar a produção e aproveitar o bom momento do lado da demanda.

Pessôa vê um mercado de grãos sustentado nos próximos meses, mesmo sob a perspectiva, novamente, de uma safra recorde no verão norte-americano.

“Estamos vivendo um choque de demanda. Os Estados Unidos colheram duas safras cheias seguidas e os preços continuam firmes em plena colheita na América do Sul”, citou.

Ele espera alguma volatilidade nos preços, mas não vê o valor da soja voltando a patamares abaixo dos 10 dólares por bushel em Chicago.