"Apesar de parecer indiferente, a população quando desperta, pode agir com sabedoria silenciosa e independência politiica"

Após apuradas as urnas, na maioria das cidades Sulmatogrossenses, com resultados esperados em algumas cidades, como Campo Grande que tem segundo turno (Alcides Bernal e Giroto),  Dourados (Murilo – reeleito),  Três Lagoas (Marcia Moura-reeleita), Corumbá (Paulo Duarte) outras, com eleição muito equilibrada a exemplo de Fátima do Sul, ou disputas acirradas como a eleição de Itaporã - que foram  vencidas por candidatos que representavam oposição aos atuais mandatários, demonstram “o poder da democracia” e a nova percepção do eleitor.

Em uma análise simples, incluindo a situação de Campo Grande que parece ir para o mesmo caminho, (decisão no segundo turno) quando o Candidato Alcides Bernal, enfrenta além do próprio Giroto, pesos pesados como o Prefeito Nelson Trad e o Governador André Puccinelli. Em Itaporã, eleição vencida por Wallas Milfont do PDT, e em Fátima do Sul, vencida por Jr. Vasconcelos do PSDB, fica claro que os eleitores das duas cidades também preferiram a mudança, invés da continuidade das administrações que aí estão. 

A população tem uma percepção real das suas necessidades emergenciais, do progresso da sua cidade, da contribuição que os atuais administradores deixaram, mas não toleram pressão demasiada e autoritarismo nas decisões. Notadamente tanto Fátima do Sul como Itaporã desfrutam de elevado grau de desenvolvimento social, fruto dos investimentos ocorridos nos últimos anos pelas administrações, apoiadas por importantes lideranças políticas ao longo desses oito anos. Muita embora esse amplo apoio politico e as importantes conquistaas e realizações dos administradores atuais não tenham sido suficientes para se vencer as eleições nesses municipios.

Nesse contexto, não adianta juntar no mesmo palanque um grande grupo de apoio, com demonstração ostensiva do poder politico/econômico, porque a população num ato sutil e talvez inteligência velada, faz a escolha por aquele candidato menos “suntuoso” talvez num amadurecimento inédito ou mesmo por amadarismo pueril, aspirando um revezamento natural das lideranças que comandam os destinos desses municípios, onde as dificuldades para se administrar, são sempre um grande desafio para qualquer pessoa, independentemente do preparo individual que o cargo exige. .    

Aqui talvez não esteja em jogo o candidato mais preparado, nem mesmo o candidato com a melhor proposta, mas sim, pessoas que pareçam representar renovação. Renovação em todos os sentidos, mas que nem sempre é uma garantia de uma gestão responsável e equilibrada, sem aventuras que podem custar caro para o erário público futuramente, ou quando a inexperiencia ou até mesmo a falta de  conhecimento sobre gestão publica eficaz, pode fazer fracassar um projeto de renovação de lideranças politicas, que a populaçao está buscando.

Essa prática é salutar, porque no caso, os mandatários atuais já vinham de reeleição, por melhor que fosse o trabalho executado, a população parece não aprovar o continuísmo nas administrações, e de forma prevista nas democracias plenas, o revezamento dos ocupantes do poder, sempre são muito salutares, com possibilidade do surgimento de novas lideranças políticas.

Que isso seja sinônimo de uma mudança de mentalidade do eleitor e sirva de aprendizado para as lideranças politicas que buscam o poder a todo custo. O resultado traz a todas as lideranças politicas envolvidas no processo, necessidade de uma revisão de procedimentos e estratégias, onde as "sandalhas da humildade" poderiam ser calçadas a todo momento, ficando demostratrado que, quando a população resolve agir de maneira silenciosa com independência, escolhendo aquele candidato que melhor se enquadra na sua visão de “mudança”, dificilmente outros fatores externos podem interfrir diretamente nos resultados... 

Parabéns a democracia!

(*)  J. R. Barcelos é economista e Editor de Economia do MShoje.com