No divã, Eleitoral: Interesse
Estado - Opinião
Imagem: drd.com.br
Olha que frase bonitinha:
“Os interesses coletivos devem ser colocados acima dos interesses pessoais”.
Bonitinha, sim, mas ordinária e demagógica.
Na prática, o que se vê é gente sempre pondo o interesse próprio acima de tudo.
Para alguns, nem mesmo o amor a Deus existe, o que existe é o interesse do homem em ir para o Paraíso, misturado com medo do Inferno. Seria?
E, quando o interesse e a paixão estão em jogo, há pessoas honestas?
O que foi que fez tanta gente brasileira, antes tão peteba, deixar-se levar por cachoeiras, cascatas e cataratas de dindim do povo?
É certo que foram interesses pessoais, ambição, a cachaça boa destilada no alambique dos pecados capitais.
Bicho maldito o interesse!
Por isso, na política atual, prefiro o voto burro, quando é honesto, ao voto por interesse, que já nasce torto: “Se ganhar, vou ser secretário disso ou daquilo; vou me garantir nas tetas da vaquinha salomé, que tem nome de Paço Municipal”.
Ora, nem todos os demônios estão no Inferno, grande parte está na Terra, jogando gente contra gente, insuflando ódios, espalhando mentiras, ensinando o ballet do mal e de interesses escusos.
O principal deles é o dinheiro.
É tão contagioso que, possuído por ele, o sujeito perde a coerência, o caráter, a vergonha. Perde o caminho da verdade.
Na politicalha, muitos são movidos pelo interesse e pela vingança, pela cobiça e pelo rancor.
Dizem: “nunca vou me esquecer daquilo que ficou engasgado aqui, ó!”
Mesmo que isso já faça cem anos, num Natal perdido qualquer.
E segue a caravana, e, dos palanques, vomitam os canhões fogo e lavas, injúrias e insultos.
Ao mesmo tempo, é um tal de amar o povo, de emitir de novo as mesmas surradas promessas à educação, à saúde e à segurança.
Enquanto isso, a mesmice: fecho minha casa com mil ferrolhos e me tranco dentro dela, e peço a Deus e a todos os santos que não me permitam morrer antes de chegar a Dourados, Cascavel ou Maringá, e rogo que a educação deixe de ser tão inútil pelo pouco que oferece.
Ah, é incrível como as pessoas se tornam tão agradáveis quando precisam de você!
Seria bom se o interesse da gente fosse outro bem melhor: aquele que faz o coração acelerar quando alguém nos diz, sem interesse: “Te amo!”
Prof. Dr. Estácio Valentim Carlos - Psicanalista
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