Sexta-Feira 26/04/2024 09:33

A Natividade da Bem-Aventurada Virgem Maria que se comemora em oito de setembro

Estado - Opinião

Imagem: redemptionis-sacramentum.com

Durante muito tempo, a data do nascimento da Virgem esteve escondida dos fiéis.

João Beleth conta da seguinte maneira como ela foi descoberta: certo homem santo, constante na contemplação, ouvia todos os anos, no dia 8 de setembro, uma alegríssima celebração por parte da comunidade dos anjos.

Com muita devoção, ele pedia que lhe fosse revelado por que ouvia aquilo naquele dia do ano e não em outro, e recebeu a resposta divina: aquele era o dia em que gloriosa Virgem Maria havia nascido no mundo, e ele deveria divulgar o fato aos filhos da Santa Igreja a fim de que se reunissem à corte celeste neste celebração.

Ele comunicou isso ao sumo pontífice e outros prelados, que por meio de orações e jejuns descobriram a verdade nas Escrituras e em antigas tradições, dedicando em todo o mundo este dia para a celebração da natividade da Virgem.

Antigamente, a oitava da natividade da beata Maria não era celebrada, mas o senhor Inocêncio IV, de origem genovesa, instituiu tal celebração.

A causa disto foi que com a morte de Gregório IX todos os cardeais fecharam-se em conclave para rapidamente escolherem um novo chefe da Igreja.

Mas como por vários dias não puderam chegar a um acordo e eram muito pressionados pelos romanos, prometeram à Rainha do Céu que se pelos méritos dela eles viessem a concordar e pudessem sair dali livremente, estabeleceriam a celebração da oitava de sua natividade negligenciada por tanto tempo. Eles concordaram em escolher o Senhor Celestino e foram libertados.

No entanto Celestino viveu pouco tempo e por isso não pode cumprir a promessa, o que foi feito por Inocêncio IV.

Note-se que a Igreja celebra três natividades, a saber, a de Cristo, a de Santa Maria e a de João Batista, que designam três natividades espirituais: renascemos com João pela água, com Maria pela penitência e com Cristo na glória.

Em relação aos adultos, convém que a natividade da contrição preceda a natividade do batismo e da glória.

Por isso estas duas festas merecem ter vigílias, mas com a natividade da Virgem é penitência, e portanto toda orientada para a vigília, na precisa ter vigília.

Todas têm oitava porque na verdade todas anseiam pela oitava da Ressurreição.

A gloriosa Virgem Maria nasceu da estirpe régia de Davi, na tribo de Judá.

Mateus e Lucas não descrevem a genealogia de Maria, e sim de José, que nada teve com a concepção de Cristo, devido ao costume da Escritura de mostrar o encadeamento das gerações não a partir de mulheres, mas de homens.

É verdade, contudo, que a beata Virgem descende de Davi, o que fica patente na Escritura quanto atesta muitas vezes que Cristo originou-se da semente de Davi. Logo, como Cristo nasceu apenas da Virgem, é claro que a própria Virgem nasceu de Davi, do ramo de Natã.

Davi teve, entre outros, dois filhos, Natã e Salomão. Como certifica João Dmasceno, Levi – do ramo de Natã, filho de Davi – gerou Melque e Pantar, Pantar gerou Barpantar e Barpantar gerou Joaquim e Natã com o qual gerou Jacó.

Falecido Natã, um membro da sua tribo, de Jacó, e dela gerou Eli.

Assim, Jacó e Eli são irmãos uterinos, mas Jacó sendo da tribo de Salomão e Eli da de Natã.

Falecido Eli, da tribo de Natã, sem filhos e filhas, Jacó seu irmão, que era da tribo de Salomão, tomou sua mulher e ressuscitou a semente de seu irmão, gerando José.

Portanto, José é segundo a natureza filho de Jacó, descendente de Salomão, e segundo a lei filho de Eli, descendente de Natã.

De fato, o filho nascido dessa forma era daquele que o gerava segundo a natureza e do defunto segundo a lei. Até aqui, falou o Damasceno.

Diz a História Eclesiástica e atesta Beda em sua crônica que, como todas as genealogias dos hebreus e dos estrangeiros estavam secretamente guardadas nos arquivos do templo, Herodes mandou queimá-las pensando que com falta de provas poderia fazer acreditar que sua ascendência era de Israel e que ele era nobre.

Contudo, aqueles nazarenos, chamados “senhoriais” por seu parentesco com Cristo, restabeleceram a genealogia de Cristo, em parte seguindo o que diziam os antepassados e em parte seguindo os livros que tinham em casa.

Joaquim tomou uma mulher de nome Ana, que tinha uma irmã chamada Isméria.

Esta Isméria gerou Isabel e Eliúde, e Isabel gerou João Batista.

De Eliúde nasceu Eminem, de Eminem nasceu São Servácio, cujo corpo está em Maastricht, fortaleza à margem do Mosa, no episcopado de Liège.

Conta-se que Ana teve três maridos, quer dizer, Joaquim, teve uma filha, Maria, mãe e progenitora do Senhor, que deu em casamento a José e que gerou e pariu o Senhor Cristo.

Falecido Joaquim, Ana aceitou Cleofas, irmão de José, e dele gerou outra filha, chamada pelo mesmo nome de Maria e que uniu em casamento a Alfeu.

Esta Maria gerou de seu marido Alfeu quatro filhos, a saber, Tiago, o Menor, José, o Justo, conhecido por Barsabás, Simão e Judas.

Falecido seu segundo marido, Ana aceitou um terceiro, Salomé, do qual gerou outra filha, chamada mais uma vez de Maria e deu-a em casamento a Zebedeu.

Esta Maria gerou dois filhos de seu marido Zebedeu, a saber, Tiago, o Maior, e João Evangelista.

Mas o admirável é como a bem-aventurada Maria pôde ser prima de Isabel. Sabe-se que Isabel foi mulher de Zacarias, da tribo de Levi, pois segundo a lei todos deveriam ter esposa de sua tribo e família, e foi atestado por Lucas que Isabel estava entre as filhas de Aarão.

Ana, segundo Jerônimo, era de Belém e da tribo de Judá.

Mas sabe-se que Aarão e seu irmão, o sumo sacerdote Joiada, tomaram ambos esposas da tribo de Judá, de forma que a tribo real e a tribo sacerdotal passaram a estar ligadas pelo sangue.

Pode ser, como afirma Beda, que este tipo de relação com a troca de mulheres entre as tribos fosse recente.

De toda forma, a beata Maria, descendente da tribo régia, tinha relações consanguíneas com a tribo sacerdotal, e deste modo pertencia a ambas as tribos.

Quis o Senhor que estas tribos privilegiadas se miscigenassem, porque no seu mistério esta para nascer delas aquele que verdadeiramente foi rei e sacerdote, que se sacrificou por nós e que dirige seus fiéis em meio à malícia das lutas desta vida, para coroá-los após a vitória.

Daí sacerdotes, reis e profetas eram ungidos, e por isso nós somos chamados “cristãos”, “povo eleito” e “povo do sacerdócio real”.

Quando se diz que as mulheres uniam-se com os homens de sua tribo, era para que a distribuição das terras não fosse alterada, mas como a tribo, era para que a distribuição das terras não fosse alterada, mas como a tribo dos levitas, ao contrário das outras, não tinha terra, as mulheres desta tribo podiam casar-se com quem quisessem.

No prólogo da História da Natividade da Virgem, o bem-aventurado Jerônimo conta o que ainda adolescente leu em um opúsculo, mas que só muito tempo depois releu e a pedido transcreveu. Joaquim era da Galileia, da cidade de Nazaré, e tomou como esposa Santa Ana, de Belém.

Ambos eram justos e seguiam irrepreensivelmente todos os mandamentos do Senhor, dividindo em três partes todos os seus bens, uma destinada ao templo, e seus servidores, outra aos peregrinos e pobres, a terceira reservada para eles e sua família.

Como por vinte anos não tiveram filhos, fizeram uma promessa ao Senhor, que se este lhes concedesse descendência eles a entregariam a Seu serviço.

A fim de obterem a graça do Rei, iam todos os anos às três principais festas me Jerusalém.

Na festa da Dedicação, Joaquim foi com outros de sua tribo até Jerusalém e ao chegar ao altar quis oferecer sua oblação junto com os demais.

Vendo isso cheio de indignação, o sacerdote agarrou-o, afastou-o e repreendeu sua presunção de se aproximar do altar, porque não era conveniente, sob pena de maldição da lei, que oferecesse oblações ao Senhor quem não tivesse feito crescer o povo de Deus, quem era infecundo entre os fecundos.

Confuso e envergonhado, Joaquim não quis voltar para casa a fim de não ouvir ofensas.

Ele afastou-se, foi para junto de sues pastores e ficou com eles por algum tempo, até que um dia, estando sozinho, um anjo apareceu com tão forte luminosidade que deixou sua visão turva.

O anjo avisou para não ter medo, dizendo: Eu sou o anjo do Senhor enviado para anunciar que suas preces foram ouvidas e que suas esmolas subiram até o Senhor. Vi a sua vergonha e ouvi o opróbrio de esterilidade que foi injustamente imputado a você. Deus vinga o pecado, mas não a natureza, por isso se Ele fecha um útero o faz para abri-lo novamente de maneira maravilhosa, para que se saiba que o nascido não é produto libidinoso, mas presente divino. Não é verdade que Sara, a primeira mão de seu povo, suportou a injúria da esterilidade até os noventa anos de idade e ainda assim gerou Isaac, ao qual foi prometida a benção de todas as nações? Não é verdade que Raquel foi estéril por muito tempo, e, contudo gerou José, que teve domínio sobre todo o Egito? Há alguém mais forte do que Sansão ou mais santo do que Samuel? Todavia ambos nasceram de mães estéreis. Creia em minhas considerações e exemplos. As concepções adiadas por muito tempo e os partos de quem parecia estéril, são os mais admiráveis. Também sua esposa Ana parirá uma filha e você lhe dará o nome de Maria. De acordo com a promessa que fizeram, ela será consagrada ao Senhor desde a infância. Desde o útero de sua mãe será cheia de Espírito Santo. A fim de que não haja qualquer suspeita que lhe seja desfavorável, não terá contato com o mundo, ficará sempre morando no templo do Senhor. Ela própria, nascida de mãe estéril, gerará maravilhosamente um filho altíssimo, cujo nome será Jesus e por meio do qual todos os povos serão salvos. Dou a você uma prova: quando chegar à porta dourada de Jerusalém, sua esposa Ana virá ao seu encontro, e de inquieta com sua demora ela passará a demonstrar alegria! Dito isso, o anjo retirou-se.

Ana chorava amargamente por ignorar aonde seu marido tinha ido, quando o mesmo anjo lhe apareceu e anunciou a mesma coisa, acrescentando como prova que fosse à porta dourada de Jerusalém onde encontraria o marido indo em sua direção.

Logo, seguindo o preceito do anjo, um foi ao encontro do outro, felizes com a visão mútua e certos da prole prometida. Voltaram para casa, depois de adorar o Senhor, esperando alegremente a promessa divina.

Então Ana concebeu e deu à luz uma filha, à qual chamou Maria.

Completados os três anos de amamentação, levaram a Virgem com oferendas ao templo do Senhor.

O templo fora construído em um monte, com o altar do holocausto sendo externo e só podendo ser atingido depois de se subir quinze degraus, correspondentes aos quinze salmos graduais.

Quando a jovenzíssima Virgem foi colocada junto com os outros, subiu sem a ajuda de ninguém, como se já fosse adulta.

Concluído o ofertório, Joaquim e Ana voltaram para casa deixando sua filha com outras virgens no templo.

A Virgem, por seu lado, progredia cotidianamente em todo tipo de santidade.

Cotidianamente era visitada por anjos e desfrutava de visões divinas.

Jerônimo diz em uma carta a Cromácio e até a terça, oração; da terça até a nona, trabalho manual de tecelã; da nona até aparecer o anjo que lhe dava alimento, novamente orações.

Quando ela fez quatorze anos, o pontífice proclamou publicamente que as virgens que eram instruídas no templo e haviam atingido aquela idade deveriam voltar para suas casas a fim de serem legitimamente casadas.

Diante dessa ordem todas partiram, apenas a bem-aventurada Virgem Maria respondeu que não podia fazê-lo, pois seus pais haviam-na entregue ao serviço do Senhor e prometido a Ele a virgindade dela.

O pontífice ficou angustiado, porque não queria ir contra a Escritura que diz “Prometa e cumpra o prometido”, nem ousava introduzir novidade nos costumes do povo.

Ao aproximar-se uma festividade dos judeus, convocou todos os anciãos e a sentença unânime foi que em assunto tão duvidoso deveria ser buscado o conselho do Senhor.

Eles permaneceram em oração, e quando o pontífice dirigiu-se ao oratório para consultar o Senhor, todos ouviram vindo dali uma voz dizer: “Todos os homens da casa de Davi que não estão convenientemente unidos em casamento devem levar um ramo ao altar, e aquele cujo ramo germinar e em cuja ponta o Espírito Santo pousar em forma de pomba, conforme profetizou Isaías, deve sem qualquer dúvida desposar a Virgem”.

Entre os membros da casa de Davi esta José, ao qual pareceu inconvenientemente que um homem de idade tão avançada tomasse como esposa uma virgem tão jovem.

Assim, enquanto os demais levavam seus ramos, ele escondeu o seu.

Como não aconteceu nada de acordo com o que a voz divina anunciara o pontífice mais uma vez decidiu consultar o Senhor, que respondeu que somente aquele que não levara sua vara deveria desposar a Virgem.

Diante disso José levou sua vara, que floresceu e em cujo topo pousou uma pomba vinda do Céu.

Ficou evidente para todos que ele deveria desposar a Virgem.

Combinado portanto o casamento com a Virgem, José voltou para sua casa na cidade de Belém para tomar as providências necessárias para as núpcias.

Quanto à Virgem Maria, voltou para a casa de seus pais em Nazaré acompanhada, por determinação do sacerdote, como testemunho do milagre, por sete colegas, virgens da mesma idade que ela. Por aqueles dias o anjo Gabriel apareceu a ela enquanto orava e anunciou que dela nasceria o filho de Deus.

Do Livro: Legenda Áurea de Jacopo de Varazze - Companhia das Letras - 2003.

Danilo Fornazari

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