Concurso sob suspeição
Estado - Opinião
Quando o assunto é serviço público, uma das exigências que evoluiu com o tempo e que a sociedade moderna não abre mão está na qualidade dos serviços prestados.
Vivemos numa era em que cidadãos e cidadãs cientes dos seus direitos, do seu papel como elemento essencial na composição do Estado e, fundamentalmente, por serem os principais responsáveis pela manutenção da máquina pública em funcionamento através dos tributos que pagam, não toleram e abominam um Estado ineficiente prestando serviço ruim, de qualidade inferior. Razão pela qual no Brasil a Constituição Federal de 1988 passou a exigir que o ingresso no serviço público, excetuado os cargos em comissão, ocorresse através de aprovação em concurso público, com os candidatos atendendo as qualificações necessárias, de acordo com os quesitos exigidos ao cargo.
Na verdade, o estabelecido na CF/88 visou por fim no ingresso ao serviço público de pessoas despreparadas e sem qualificação que se tornavam funcionários públicos através do apadrinhamento político. Deu-se um basta na farra de grande parte dos cabos eleitorais que a cada eleição arranjavam uma boquinha no serviço público. E a partir de então, as administrações públicas passaram a realizar concursos a fim de se adequarem à nova realidade.
E hoje temos no país instituições que se tornaram referencias na realização de concursos públicos, como o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Fundação Universidade de Brasília CESPE/UnB, a Fundação Carlos Chagas, a Escola de Administração Fazendária – ESAF, dentre outras que atuando como bancas organizadoras de concursos gozam de credibilidade perante a sociedade brasileira.
Porém, há muito que se fazer em termos de melhorias na área dos concursos. Para quem assistiu no último domingo a matéria veiculada no programa Fantástico da Rede Globo que revelou golpe que transforma concursos públicos em cabides de emprego. Fraudes que têm favorecido parentes e assessores de políticos em todo o país. O Brasil tornou-se intolerante em mais esse tipo de maracutaia e clama por transparência e comportamento ético e moral na execução dos atos públicos.
Por falar em comportamento ético, moral e transparente, carece de profunda investigação o episódio inusitado ocorrido em Dourados no concurso realizado no dia dez (10) do mês em curso (domingo), pelo Centro de Seleção da Pró-Reitoria da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), quando da distribuição das provas aos candidatos presentes na sala H 117, Bloco U da Escola Loide Bonfim Andrade, a fiscal de sala constatou a falta de dois cadernos de provas, ou seja, duas candidatas ficaram sem os cadernos de prova, e passado algum tempo alguém trouxe dois cadernos que foram entregues às candidatas sem nenhum esclarecimento sobre a procedência dos mesmos.
Afinal, o que aconteceu? Foi uma falha na contagem dos cadernos de prova na ocasião do envelopamento e lacração, ou o concurso foi fraudado? Onde estavam tais cadernos? Ocorreu o acesso antecipado de algum candidato as questões desses cadernos? O procedimento de elaboração das questões de uma prova está revestido das cautelas que assegure o sigilo? Existe uma sala especial para elaboração das questões, ou os professores contratados elaboram as questões de acordo com suas conveniências? O Centro de Seleção da Pró-Reitoria da UFGD é uma entidade idônea, e qual o seu know-how como banca examinadora na realização de concursos? Seu corpo funcional foi capacitado através de cursos e treinamentos?
Veja leitor(a)! Quantas indagações podem surgir a partir de um erro inadmissível no processo seletivo de um concurso. Em mais de três décadas em que inúmeros concursos prestei, nunca vi acontecer algo semelhante! Esta falha além de colocar em xeque a lisura de todo o processo seletivo, faz revelar amadorismo por parte da entidade responsável e a falta dos cadernos de provas das duas candidatas levanta suspeita da possível ocorrência de vazamento do gabarito. Será que foi somente naquela sala que ocorreu essa falha absurda?
Seja lá o que for que tenha acontecido, não somente os candidatos diretamente envolvidos no processo seletivo, mas toda a sociedade merece explicações plausíveis sobre a falha ocorrida.
À sociedade é assegurado o direito de conhecer a verdade!
* Daniel Ferreira Barros - é Analista-Tributário da Receita Federal do Brasil, bacharel em Ciências Contábeis e Jurídicas. daniel.barros28@gmail.com
Daniel Ferreira Barros (*)
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