Perdoe-me o nosso Pároco, Marek Kempski, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Eldorado por usar seu chavão, pois não pretendo ser “escomungado direto”.

Apesar do tom jocoso dessas palavras é com muita tristeza que venho relatar um incidente muito desagradável ocorrido na Casa Paroquial no último dia 17: durante o horário da missa, celebrada pelo Padre Marek Kempski, a Casa Paroquial foi assaltada e alguns pertences e bens pessoais dos dois padres residentes foram levados pelo bandido (ou bandidos) que sorrateira e silenciosamente invadiram a residência e com uma ferramenta tipo pé-de-cabra arrombaram a porta lateral da cozinha e depois a porta dos quartos dos padres.

Imagens: Danilo Fornazari (porta arrombada)

Entre os bens materiais levaram: uma máquina digital, celulares e ainda o dinheiro da coleta de algumas missas que estavam na secretaria paroquial, mas nada de grandes valores.

Ficou apenas o rastro da bagunça feita durante a procura de algo de valor.

Graças ao bom Deus ninguém ficou ferido mas resta uma sensação muito ruim que nos envolve diante de um fato inesperado como este.

Só quem já viveu a situação de chegar em casa e sobressaltado encontrar a porta do imóvel arrombada pode imaginar como ficou abalado o nosso Padre.

Mais preocupado ainda ficou quando percebeu que dentre seus pertences tinham levado sua bolsa de mão com todos os seus documentos de estrangeiro.

Imagens: Danilo Fornazari (quarto revirado)

Sim, esqueci de mencionar, nosso Padre é Polonês, de onde ele atribui vir o seu lado exigente, sistemático e pragmático.

Só de pensar nas muitas dificuldades a enfrentar para refazer os documentos o Pároco ficou muito abalado e até manifestou o descontentamento com a situação avisando em plena missa que sem os documentos teria que ir embora, não poderia mais ficar aqui em Eldorado.

Mas não nos alarmemos pois, seja pela fé, seja pelas muitas pessoas que oraram desde sábado, hoje, 19, fiquemos sabendo que seus documentos foram encontrados na vizinha cidade de Mundo Novo.

Mas diante do acontecido, devemos tirar pelo menos uma reflexão importante que é a de ficarmos preparados para situações difíceis já que o Padre Marek é conhecido por falar o que pensa, sem esconder nada e de lembrar aos ditos cristãos quais são os grandes pecados da humanidade e seus respectivos castigos perante a Igreja, pois bem, a “concorrência”, digamos assim, manifestou-se pela primeira vez de frente ao Padre, colocando em xeque a sua firmeza de propósito e por que não dizer, de fé na comunidade.

Imagens: Danilo Fornazari (secretaria revirada)

Só ele sabe o que se passa em seu coração e o impacto desse triste acontecimento em sua alma, mas queremos ajudá-lo e para fazer isso vamos lembrar que este foi o primeiro incidente em quatro anos e mais importante que isso, temos mais de duas mil almas católicas que precisam dele por aqui sendo que muitas delas ainda precisam ser resgatadas do mal.

Precisamos lembrar que o Padre esta cercado de pessoas que querem o seu bem: catequistas, os “insuportáveis” coroinhas, os inúmeros Cursilhistas, Campistas que ele mesmo direciona espiritualmente, os membros dos Conselhos que são seus verdadeiros braços direitos.

E principalmente lembrá-lo de que se ele sair dessa paróquia por conta desse incidente estará sem dúvida deixando registrado na sua passagem por aqui que desistiu, abandonou a luta na primeira batalha que perdeu e isso não parece nem um pouco com o seu perfil guerreiro e Polonês, porém a guerra continua, e estamos todos à postos para o bom combate, ombro a ombro, desde que ele nos guie espiritualmente enquanto pecadores imperfeitos que somos.

Longe de mim querer ensinar o Padre a rezar a missa, mas encontrei algumas palavras no Livro dos Livros que vêm ao encontro desse momento:

“O forno prova os vasos do oleiro, assim a adversidade comprova os justos” (Ecl 27, 6);
“Senhor, Pai e Dono de minha vida, não me abandoneis à vontade deles nem me deixes cair por causa deles” (Ecl 23, 1);
”Seja qual for a ofensa não guarde ressentimentos quanto ao próximo e não se deixe mover pela raiva”. (Ecl 10,6)

Enfim, gostaria de terminar, respondendo, humildemente, a pergunta feita na abertura dessa matéria: Padre, o Senhor não tem o direito de deixar esta paróquia por conta desse incidente pois seu trabalho é muito maior do que isso e ainda não acabou! A realidade ésta Padre! Lembre-se: “Existem homens que lutam um dia e são bons; existem outros que lutam um ano e são melhores; existem aqueles que lutam muitos anos e são muito bons. Porém, existem os que lutam toda a vida. Estes são os imprescindíveis.” Bertolt Brechet. Amém!