Quinta-Feira 25/04/2024 01:26

Civismo: “Isso não te pertence mais”!

Estado - Opinião

Me perdoe a humorista por utilizar seu famoso jargão em uma constatação tão triste!

Ouso dizer que se as palavras obsoletas saíssem dos dicionários, esta seria uma das que estariam extintas há muito tempo em nosso país: civismo.

Por definição, civismo é dedicação à pátria, devoção ao interesse público, patriotismo (esta seria uma segunda palavra extinta). Se pedirmos a qualquer um na rua, independente da idade, para dizer pelo menos um dos símbolos nacionais (muito otimistamente) acredito que vão dizer: a Bandeira do Brasil, mas temo que digam “os cara-pintadas” da época do Collor.

De boa fé, a Bandeira ainda carrega a nossa marca e representa sem dúvida o nosso Brasil, mas o que fazem com ela, em nome de um pseudopatriotismo, esta longe de ser uma expressão coerente de civismo. Vejamos alguns exemplos:

1) Um projeto de praça pública: um símbolo nacional, no chão, para ser pisoteado por todos!

2) uma bandeira no chinelo: para ficar sob nossos pés e à venda, o que é contra a lei.

3) Chafariz da Praça Santos Andrade, em Curitiba-PR; foi pintado artisticamente, de forma a lembrar a bandeira do Brasil: para pisar e inundar.

4) Uma quadra de esportes para futebol de salão e basquete, pintada com a Bandeira do Brasil, e o que é pior, no interior de uma Unidade do Exército Brasileiro. (Essa eu realmente fico indignado e muito decepcionado). Não tive nem coragem de tirar a foto para mostrar, mas toda vez que passo por lá meu sangue ferve de tristeza por ver os legítimos defensores da pátria sendo os primeiros a pisoteá-la durante os seus momentos de esporte.

Sinceramente, eu até acredito que todas essas manifestações da Bandeira Nacional têm a boa intenção de lembrar o nosso glorioso Brasil, mas não pode ser assim, de qualquer jeito, até porque o uso dos Símbolos Nacionais é definido por lei, a de nº 5.700/1971, que em seus artigos de nº 30 a 33 regulam as condições de respeito à Bandeira e ao Hino Nacional, destacando ainda, em seu artigo de nº 35 que a violação de qualquer um de seus artigos “é considerada contravenção, sujeito o infrator à pena de multa de uma a quatro vezes o maior valor de referência vigente no País, elevada ao dobro nos casos de reincidência”.

E como fica o valor do artigo nº 12?

“A Bandeira Nacional estará permanentemente no topo de um mastro especial plantado na Praça dos Três Poderes de Brasília, no Distrito Federal, como símbolo perene da Pátria e sob a guarda do povo brasileiro;... § 2º: Na base do mastro especial estarão inscritos exclusivamente os seguintes dizeres: sob a guarda do povo brasileiro, nesta Praça dos Três Poderes, a Bandeira sempre no alto – visão permanente da Pátria!”...

O silêncio responde!

Aliás, o Hino Nacional é outra vítima dos pseudopatriotismos sendo executado com sons de pássaros, em ritmo afro, batucadas e o que é pior, executado em conjunto com a Bandeira Nacional (Lei 5.700/71: Art . 34. “É vedada a execução de quaisquer arranjos vocais do Hino Nacional, a não ser o de Alberto Nepomuceno; igualmente não será permitida a execução de arranjos artísticos instrumentais do Hino Nacional que não sejam autorizados pelo Presidente da República, ouvido o Ministério da Educação e Cultura”)...

Não se sabe mais o valor dos Símbolos Nacionais.

As pessoas não sabem nem mais se comportar civicamente diante da execução do Hino Nacional e na presença da Bandeira Nacional, como podemos ver na foto abaixo: (imagem: Deurico)

Observem: de 15 pessoas da mesa de honra, apenas 5 estão devidamente voltadas à Bandeira Nacional, em postura de respeito e honra, durante a execução do Hino Nacional.

Nossas repartições públicas, legítimas representantes da “coisa pública”, do interesse coletivo, não se importam mais com nossas bandeiras, como podemos ver na foto abaixo, onde as bandeiras, símbolos dos entes federados, estão ocultas na escuridão da noite, sujeitas às intempéries no mais absurdo descaso e desrespeito.(imagem: Danilo Fornazari)

 

Se nossos representantes não têm o cuidado com seus próprios símbolos quem dirá nossa população individualista que vive na base da “Lei de Gerson”, ou seja, buscando “levar vantagem em tudo, cérrto?!”(grafia intencional para destacar a pronuncia da expressão).

Se perguntarem quem sou eu, sou da Geração X (pois agora até esse tipo de definição existe) e cresci cantando o Hino Nacional na escola pública todas as quartas-feiras, (§ único, art. 39, Lei 5.700/1971, incluído pela Lei nº 12.031/2009: “Nos estabelecimentos públicos e privados de ensino fundamental, é obrigatória a execução do Hino Nacional uma vez por semana”... (Isso não te pertence mais!)

Alfabetizei-me, escrevendo em cadernos que traziam na capa e contracapa alguns outros hinos como o da Independência e até mesmo a própria Bandeira Nacional (Art. 39, Lei 5.700/1971: “É obrigatório o ensino do desenho e do significado da Bandeira Nacional, bem como do canto e da interpretação da letra do Hino Nacional em todos os estabelecimentos de ensino, públicos ou particulares, do primeiro e segundo graus”)... (Isso não te pertence mais!).

Apesar de não entender o porquê disso naquela época, depois de adulto, consciente de meus direitos e principalmente dos meus deveres de cidadão, compreendi o que estive fazendo todos aqueles anos na escola: aprendia a ser Cidadão Brasileiro desde a mais tenra idade, criava no meu ser o sentimento do bem comum, da luta pelos ideais do nosso país, em defesa de nosso espaço e do nosso povo. “Isso ninguém me tira”!

E é claro, não posso esquecer ainda do artigo nº 40 da Lei 5.700, o maior descaso público de toda nossa história: “Ninguém poderá ser admitido no serviço público sem que demonstre conhecimento do Hino Nacional.” Sem comentários!

É com grande tristeza e tenebrosa constatação que avalio que somos uma democracia com futuro anárquico, onde se legisla em causa própria, desavergonhosamente, sem pudor e o que é pior: todos parecem concordar e achar isso a coisa mais normal do mundo – errado é pensar no bem comum.

Em nosso atual estágio de patriotismo silencioso e em extinção, não ecoam mais as palavras de Olavo Bilac ao som de Francisco Braga: “Salve lindo pendão da esperança! Salve símbolo augusto da paz! Tua nobre presença à lembrança a grandeza da Pátria nos traz...Contemplando o teu vulto sagrado, compreendemos o nosso dever, e o Brasil por seus filhos amado, poderoso e feliz há de ser! Sobre a imensa Nação Brasileira, nos momentos de festa ou de dor, paira sempre, sagrada bandeira, Pavilhão da justiça e do amor!...”

Quem dirá as palavras e a melodia de Joaquim Osório Duque Estrada e Francisco Manuel da Silva: “...Ó PÁTRIA AMADA, IDOLATRADA, SALVE! SALVE! BRASIL, UM SONHO INTENSO, UM RAIO VÍVIDO DE AMOR E DE ESPERANÇA À TERRA DESCE, SE EM TEU FORMOSO CÉU, RISONHO E LÍMPIDO, A IMAGEM DO CRUZEIRO RESPLANDECE. GIGANTE PELA PRÓPRIA NATUREZA, ÉS BELO, ÉS FORTE, IMPÁVIDO COLOSSO, E O TEU FUTURO ESPELHA ESSA GRANDEZA. TERRA ADORADA, ENTRE OUTRAS MIL, ÉS TU, BRASIL, Ó PÁTRIA AMADA! DOS FILHOS DESTE SOLO ÉS MÃE GENTIL, PÁTRIA AMADA, BRASIL!... MAS, SE ERGUES DA JUSTIÇA A CLAVA FORTE, VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE À LUTA, NEM TEME, QUEM TE ADORA, A PRÓPRIA MORTE. TERRA ADORADA, ENTRE OUTRAS MIL, ÉS TU, BRASIL, Ó PÁTRIA AMADA! DOS FILHOS DESTE SOLO ÉS MÃE GENTIL, PÁTRIA AMADA, BRASIL!”

Eu sinceramente me pergunto: qual outro instrumento hoje em dia é capaz de evocar esses nobres sentimentos de patriotismo e amor pelo Brasil dentro de cada um de nós?! Que outro instrumento seria capaz de nos unir e lutar por liberdade e pelos nossos direitos de cidadão?!

Como se civismo e patriotismo nascessem espontaneamente em cada manhã de sol que banha nossas terras abençoadas por Deus e bonitas por natureza.

Estamos deixando de ser cidadãos e com isso perdemos nossa brasilidade, o amor pelo nosso país e por nossa gente... passamos a ser meros indivíduos em meio à multidão, cada vez mais dedicados ao próprio interesse e as necessidades de nossos próprios umbigos, buscando privilégios que são individualistas em lugar de benefícios que atendem a coletividade.

Não me assustaria ver a primeira pessoa do plural desaparecer das conjugações verbais da nossa bela lingua portuguesa, em um futuro bem próximo, tal qual estão sumindo o civismo e o patriotismo.

A falta de civismo é mais um caso de descaso com as nossas leis no sentido amplo de buscar a burla conveniente, ou seja, a vantagem pessoal em detrimento da coletividade.

Mesmo diante dessa pífia realidade que nos rodeia e do descarado sentimento anti-patriótico, insisto em encher o coração de alegria, comemorar a nossa independência e vibrar com as palavras: “Já podeis, da Pátria filhos, ver contente a mãe gentil; já raiou a liberdade no horizonte do Brasil. Brava gente brasileira! Longe vá... temor servil: ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil...”!

Canto até uma nova melodia: “eu, sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amooorrr.”...

Me desculpem por ter acordado saudoso dos bons tempos em que se exaltava a Pátria Amada, mas sou nascido e criado na Capital Cívica do Estado do Paraná e tive o gostinho de estudar Educação Moral e Cívica em escola pública, onde sempre estudei e conclui meu curso de graduação.

Sentencio: se continuarmos assim, sem civismo, jamais conheceremos a ordem e o progresso!

Danilo Fornazari

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