A sina da classe média brasileira
Estado - Opinião
Já não é de hoje que a classe média brasileira se sente cada vez mais sufocada, mais espremida por um governo corrupto, despreparado e glutão, que não mede esforços para tomar o dinheiro do brasileiro que dá duro de segunda à segunda para tentar levar uma vida com o mínimo de conforto.
Muita gente defende a atual gestão dizendo que “a situação do pobre melhorou muito desde 2002”, que “o governo Lula e seu atual legado tiraram milhões de brasileiros da miséria” e, de fato, eu não discordo disso, acredito que seja um dos (poucos) pontos positivos dos mandatos do ilustríssimo senhor Luiz Inácio da Silva.
A questão principal é: se o pobre melhorou de vida, por que a classe média, que é quem sustenta este país viu sua situação se estagnar, ou até mesmo piorar?
Voltemos ao agora longínquo ano de 2002, quando o salário mínimo decretado pelo mesmo Lula através da MP35/2002 foi estabelecido em R$ 200,00 (duzentos reais). Tomemos na mesma época o salário de um professor da rede pública no Mato Grosso do Sul que era de aproximadamente R$ 800,00 (oitocentos reais) por período, ou seja, até R$ 1.600,00 para o período integral. Uma conta rápida nos permite dizer que o professor em 2002 recebia o equivalente a 8 (oito) salários mínimos caso trabalhasse 8h por dia.
Nessa mesma época, uma cesta básica custava em torno de R$ 100,00 (cem reais) (fonte: DIEESE). Pensando no trabalhador que ganhava R$ 200,00, comprava-se uma cesta básica e sobrava R$ 100,00 para as outras despesas. O brasileiro, desde sempre malabarista, tinha que dar seu jeito. Enquanto isso, o professor não levava uma vida de luxos, mas conseguia sobreviver com um mínimo de conforto.
Cá estamos no ano de 2011 e o legado de Lula nos trouxe ao quadro atual, onde o salário mínimo nacional encontra-se em R$ 545,00 (quinhentos e quarenta e cinco reais). Comparado com o ano de 2002, tivemos uma alta de 172,5%, ou seja, o salário mínimo quase triplicou em 9 anos.
Analisando agora o caso do professor, o estado de Mato Grosso do Sul ocupa hoje uma posição de destaque no cenário nacional ocupando a 4ª posição no ranking de melhor remuneração aos professores da rede pública, atrás somente do Distrito Federal, Maranhão e Roraima. O professor recebe hoje por uma jornada de 40h semanais a quantia de R$ 2.394,00. Comparado com os R$ 1.600,00 que o mesmo recebia em 2002, temos um aumento de 49,625%, ou seja, um aumento 3,5 vezes menor que o salário mínimo. Para quem recebia 8 salários mínimos, hoje são pagos apenas 4.
Enquanto isso, no lanterninha Pernambuco, o professor recebe irrisórios R$ 1.016 pela mesma jornada, ou seja, menos de 2 mínimos.
A gestão do PT reduziu sim a pobreza, a miséria do Brasil, mas nivelando por baixo, esmagando a classe média, cobrando pesados impostos, que chegam a 41,6% segundo o IBPT, sufocando a indústria, que se vê de mãos atadas contra essa carga tributária, a burocracia, ao alto custo da energia, a falta de mão-de-obra qualificada, entre muitas outras razões.
O brasileiro trabalha o ano inteiro para chegar no final e deixar de 25 a 37,5% de mão beijada para o governo pagando apenas o Imposto de Renda, fora os impostos do dia-a-dia, como IPI, PIS, INSS, IPTU, IPVA, etc, etc, etc. Existe até uma página na Wikipédia dedicada à listagem de todas as contribuições que eu, você e todo brasileiro paga.
Muito se fala atualmente sobre o combate a pirataria. É uma hipocrisia descarada um governo que cobra altas taxas de importação, que faz um produto custar até 6 vezes mais aqui do que no exterior, fazer discurso contra a pirataria.
O brasileiro até gostaria de comprar o último lançamento do cinema em blue-ray com alta definição e qualidade, mas quem em sã consciência pagaria R$ 80,00 (oitenta reais) em um único filme? É aí que reina o famoso “3 por 10” que tanto vemos com vendedores ambulantes e barracas de camelô. Lá fora, o mesmo filme sai por R$ 26,00 (vinte e seis reais), já convertido em real.
O tão comentado iPad da Apple custa em torno de R$ 900,00 (novecentos reais) nos EUA. Por aqui, custa a bagatela de R$ 2.400,00 (dois mil e quatrocentos reais), quase o triplo do valor. E a lista vai longe.
Vocês podem conferir melhor sobre esse assunto neste link.
Enquanto isso, a corja de vagabundos a quem chamamos de Congresso Nacional aprova um projeto de lei para aumentar em 68,4% o salário dos deputados federais, que passaram a ganhar mais de R$ 24.000,00 por mês ao invés dos já estratosféricos R$ 16.500,00 que já ganhavam.
É incrível como eles não se cansam de sugar até a alma do trabalhador brasileiro, que paga seus impostos e suas contas em dia e não recebe nem educação e saúde pública de qualidade. Trabalha como um camelo para sustentar o luxo dos que detêm o poder.
Dizem que cada povo tem o governo que merece. Será mesmo que merecemos tudo isso?
* Henrique Barcelos é douradense, atualmente mora em São Carlos - SP, onde é graduando em Engenharia da Computação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
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