A indústria automobilística chiou e o governo voltou atrás na ideia de reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) só em 2013. Com a decisão anunciada e publicada no Diário Oficial da União, a expectativa é que o consumidor engate a quinta marcha e corra até as concessionárias. Mas será que este momento é mesmo bom para todo mundo comprar um carro?

Renato Melo, gerente da America Ford, lembra que os carros também terão descontos adicionais das montadoras

Não. A resposta é simples assim. Economistas e especialistas em finanças pessoais dizem que a novidade do IPI reduzido deve ser aproveitada por quem já estava planejando comprar o primeiro carro ou trocar aquele já rodado por um novo em folha. Também alertam que é preciso ter uma reserva para fechar o negócio à vista ou um orçamento equilibrado para não faltar fôlego na hora do financiamento.

O economista Marcelo Barros, professor da Faculdade Boa Viagem (FBV), reconhece que o momento é propício para a compra. “As montadoras estão com um estoque muito alto. Antes mesmo do anúncio do governo, muitos fabricantes já estavam fazendo promoções. Agora o governo deu essa ajudinha com a redução de IPI. Mas o automóvel é um bem de consumo caro. É preciso analisar bem”, pondera.

Quem comprou um carro no ano passado, por exemplo, não tem nada de querer trocar o “possante”, diz o economista. Não é porque existe o desconto que ele precisa ser usado. “Não é uma roupa. Até porque há um processo de depreciação do veículo”, lembra Barros. Quando o carro tira o pneu da loja, ele perde entre 9,7% e 25,5% do valor, segundo um levantamento feito Agência AutoInforme/Molicar.

Marcelo Barros afirma que quem tiver uma boa reserva financeira deve procurar pagar o carro à vista para conseguir descontos ainda maiores. Para quem vai partir mesmo para um financiamento, a recomendação é analisar o contrato e ficar atento às pegadinhas. O Banco Central suspendeu a cobrança da Taxa de Abertura de Crédito (TAC). Mas as revendas continuam cobrando, com outro nome.

A taxa de emissão de boleto bancário também foi suspensa pelo Banco Central. O educador financeiro Reinaldo Domingos alerta para um erro muito comum cometido por motoristas de primeira viagem (ou de várias): esquecer que a compra do carro é só o começo. O novo membro da família vai se alimentar, tomar banho e ter plano de saúde. Igual ao dono.

É preciso reservar dinheiro para o combustível, a manutenção, o seguro, o pagamento do IPVA. Sem contar as situações do dia a dia (um pneu furado, uma multa). Um carro popular pode custar ao proprietário cerca de R$ 10 mil por ano. “O consumo de bens deve estar associado às necessidades reais e não a impulsos consumistas do momento”, lembra Reinaldo Domingos. #ficaadica.