Terça-Feira 02/09/2025 11:26

Ora, o povo que vá se catar!

Brasil - Política - voto

 O brasileiro sabe votar? Vem eleição, vai eleição, e toda vez esta pergunta é feita por jornalistas, políticos, cientistas políticos, marqueteiros e pelo povo de maneira geral em cada campanha eleitoral. Nunca ninguém tem uma resposta irrefutável. As afirmativas favoráveis e contrárias são sempre questionadas.

Em 1989, restaurada a democracia no Brasil, depois da anistia, foram realizadas as primeiras eleições diretas pra a Presidência da República depois de 29 anos de governo autoritário. São fatos historicamente recentes: tem apenas 22 anos que Fernando Collor se elegeu presidente da República. Verificou-se, com o uso da mídia, impressa e eletrônica, dos programas eleitorais, das habilidades dos profissionais de marketing habituados a vender pasta-de-dente e fraldas descartáveis, que o último round, como nas artes marciais, é decisivo: leva a coroa o melhor em termos de imagem e performance.

Planos, programas, ideias, currículo pessoal —nada resiste ao charme do traje elegante, da postura adequada, do penteado, do sorriso alvo, do penteado bem-arrumado, das criancinhas abraçadas e beijadas, da exaltação ou da moderação produzidas por uma mise-em-scène planejada por especialistas em marketing e propaganda.

Quem combatia Fernando Collor em 1989, partidos e políticos, não se deram ao elementar trabalho de estudar e pesquisar quem era aquele moço que tanto falava em moralidade, em modernidade, em probidade, mas que se aconselhava politicamente com o tarólogo Marcos Bordallo, mais conhecido como Professor Namur —responsável pelo primeiro baralho de tarô criado e produzido no Brasil.

Enfim, o brasileiro sabe votar? Simples: sabe sim; vota corretamente nos candidatos que preparam e produzem para ele. Tudo é montado não para informar e conquistar o eleitor, mas para criar uma atmosfera de magia. É a arte e a ciência baseada na crença de ser possível influenciar o curso dos acontecimentos valendo-se da intervenção de seres fantásticos e da manipulação de princípios ocultos, supostamente presentes na natureza. No marketing eleitoral brasileiro logo os profissionais brasileiros da área aprenderam que a emoção é fundamental. E o uso do engodo é livre.

O uso dessa magia e da emoção é um dos instrumentos mais comuns nas campanhas eleitorais desde o advento Collor. Quanto menos informado é o universo de eleitores, mais a emoção é eficaz para conseguir votos. Embora isso seja pouco ou nada divulgado, no Brasil a tentativa de envolver as emoções no turbilhão eleitoral é, provavelmente, a ferramenta mais importante de uma campanha.

Cerca de 70% dos eleitores brasileiros não têm o primeiro grau completo. E não têm acesso à informação qualificada —o veiculo de comunicação mais usado é a televisão, que está mais pra entretenimento do que pra informação. Na visão dos políticos e dos marqueteiros que dirigem campanhas eleitorais, é bem mais prático influenciar essas pessoas usando a emoção do que a razão. Mostrar as dificuldades reais do país através de estudos técnicos, discutir opções teóricas de caminhos a serem seguidos e propor planos de governo reais, tudo isso é considerado totalmente sem efeito, inútil, por aqueles que dirigem campanhas eleitorais.

Qual foi, então, a solução encontrada para as campanhas? A emoção, o apelo aos sentimentos humanos. Para isso nada mais apropriado que o uso da televisão. Um discurso flamejante, teatral, humano, fraternal, igual, salvador, música envolvente com letra heroica e uma sequência estudada de imagens cinematográficas que mexem com a alma. Essa é a fórmula básica da conquista de votos no Brasil.

Mas não é só a emoção. No Brasil ela funciona junto com alguma coisa que pode parecer racional ao eleitor. Na maioria das campanhas para presidente, governador e prefeito, são feitas pesquisas entre os eleitores, verificando quais são seus principais anseios e desejos. Por exemplo: um candidato a prefeito verifica que seus possíveis eleitores têm como prioridade a habitação.

A partir dessa constatação toda a parte aparentemente racional da campanha será dirigida basicamente para esse tema. Se na pesquisa os eleitores demonstram que querem eleger um candidato que combata a corrupção, dá-lhe discurso contra a corrupção. A técnica é trabalhar com as emoções e com os anseios. A verdade pouco importa.

Como os orçamentos públicos são sempre menores do que o eleitor quer, os candidatos são aconselhados a prometer, sem tocar na questão dos recursos. Não há pudor: se promete tudo. E num pacote de emoção e promessas, evidentemente acompanhadas de críticas à atual situação, se arrancam os votos. Com a certeza de que, depois, ninguém vai cobrar as promessas. Há até quem diga que promessa eleitoral não deve ser cobrada porque não é para valer. É claro que nisso tudo há exceções. Mas são poucas.

Se todos os brasileiros votassem com mais razão e menos emoção, procurando ver o que representam e quem são realmente os candidatos, o que eles fizeram e falaram no passado, certamente haveria um Brasil melhor. Uma das maneiras de superar esse obstáculo será informar mais e melhor o eleitor. Mas a própria legislação eleitoral não permite que isso aconteça. Pelo contrário, os Poderes Legislativo e Judiciário são cada vez mais restritivos no que se refere à comunicação.

Um exemplo: não faz muitos dias a Justiça Eleitoral proibiu os políticos pré-candidatos às eleições municipais de 2012 de utilizarem as mídias sociais para pedir votos antes do período oficial da campanha, que começa em 5 de julho. Somente a partir dessa data, quando a propaganda eleitoral passa a ser permitida, é que os candidatos estarão autorizados a postar comentários para fins de promover suas candidaturas.

A lei autoriza a propaganda eleitoral na Internet após 5 de julho do ano das eleições e permite o uso de “blogs, redes sociais e sítios de mensagens instantâneas” para esse fim. Ou seja, a própria legislação já garantia a possibilidade do uso das redes sociais para fins de pedir voto, desde que no período oficial da campanha.

É a institucionalização da hipocrisia. Todo mundo sabe quem é ou não candidato nas próximas eleições. Mas os doutores criaram mais e mais rules and regulations restritivas, que só têm um objetivo: deixar o povo na ignorância e trazer para a política a gente rastaquera e escrota de sempre. Quando um se ferra, tipo Demóstenes Torres, já tem uma enorme caterva no banco de reservas pronta pra assumir o posto de quem é mandado pro chuveiro antes do tempo. E o povo? Ora, o povo que vá se catar!

 

campograndenews

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