Projeto ajuda detentas da Capital a se afastar das drogas e criminalidade
Desenvolvimento Social - Reeducação
A construção de uma nova realidade, trabalhando conceitos fundamentais como família, dignidade, saúde, autoestima e amor ao ser humano. Com esse objetivo, está sendo desenvolvido no Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”, em Campo Grande, um trabalho de terapia em grupo que está ajudando as reeducandas a pensarem em um novo sentido para vida, longe das drogas e da criminalidade.
Iniciado em novembro do ano passado, o projeto recebeu o nome de “Esperança”, título escolhido pelas próprias custodiadas. Durante os encontros semanais são realizadas palestras socioeducativas, discussões de temas propostos, apresentação de filmes, dinâmicas em grupo e atividades de lazer, entre outras ações.
Segundo a coordenadora do “Esperança”, Rosana Costa, psicóloga da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), a ideia do projeto surgiu em conjunto com a chefe de Promoção Social da Agepen, Ângela Moreira, devido à preocupação com o grande índice de reincidência criminal entre as internas. “Buscamos pensar em iniciativas para recuperá-las, antes de se tornarem definitivamente criminosas em alto potencial”, explica.
A psicóloga destaca que as participantes precisam seguir doze normas para continuarem no projeto, entre elas não se envolverem em atos de indisciplina na unidade penal e poderem faltar, no máximo, a três encontros. “Eu, a chefia de disciplina e a direção do presídio somos bem rígidas quanto a isso; como não é uma ação obrigatória, elas precisam demonstrar que estão realmente interessadas e querem realmente melhorias”, comenta.
Para o desenvolvimento do projeto, foram selecionadas inicialmente 35 reeducandas, com base em históricos de uso de drogas e no perfil psicológico traçado durante os atendimentos. Atualmente participam 24 custodiadas, pois algumas atingiram o benefício de progressão de regime e outras foram desligadas do grupo por não cumprirem as normas e procedimentos.
Conforme Rosana, é um grupo fechado. “Não é permitida a entrada de outras reeducandas, para que a interação entre as participantes seja totalmente coesa”, explica. “O trabalho com esse grupo prossegue até maio, e já temos uma lista de espera para a formação dos próximos grupos”, complementa.
Transformação
A terapia em grupo que está sendo desenvolvida no presídio feminino da Capital baseia-se na reafirmação constante de valores e da superação. O combate ao vício de drogas e ao alcoolismo é um dos maiores desafios, mas com técnicas de valorização da autoestima e na responsabilização pelas atitudes tomadas – e suas conseqüências – já está conseguindo alguns avanços.
A reeducanda Nívea Cristina Pereira, 35 anos, é um exemplo disso. Com um histórico de oito passagens pela polícia por crimes como roubo, homicídio e tráfico de drogas [motivo de sua última prisão] – e vários atos de indisciplina e agressividade no EPFIIZ – hoje demonstra uma verdadeira transformação de comportamento; inclusive conquistou o posto de secretária do projeto, sendo a responsável pelas chamadas, distribuição de materiais e organização da sala.
As marcas deixadas pelos vários anos de uso de drogas ainda são visíveis no jeito de Nívea se expressar, mas são amenizadas pela alegria contagiante com a qual afirma estar vivendo uma nova fase. “Agora me sinto importante, sei que posso ter uma vida diferente, estou até levando o estudo a sério”, garante, informando que está cursando a 4ª fase do EJA [Educação de Jovens e Adultos] no estabelecimento penal.
No mês passado, a interna teve uma grande alegria, ao participar de uma atividade levada pela escola de samba “Mocidade Independente do Jockey”, ela conquistou o título de rainha da bateria após demonstrar ter samba no pé, com direito a ganhar camiseta e faixa da escola. “Nunca imaginei isso, me senti muito orgulhosa e capaz”, comemora.
Outra atividade que Nívea destaca durante os encontros são as dinâmicas em grupo desenvolvidas pela psicóloga Maria de Lourdes Delgado Alves, especialista em tratamento penal e chefe da Divisão de Saúde da Agepen. A dinâmica de autoestima realizada pela terapeuta ocupacional Walkíria Veiga também marcou a reeducanda. “Ela entregou pra gente uma caixa onde estava escrito que dentro dela estava a coisa mais importante do mundo, quando a gente abria tinha um espelho dentro, ou seja, a coisa mais importante é a gente mesmo”, conta.
As experiências vivenciadas no projeto "Esperança", segundo a detenta, serão um estímulo para uma vida diferente quando conquistar a liberdade. “Hoje, depois de tantas cabeçadas que eu dei, só penso em quando sair daqui, quero cumprir meu semiaberto direitinho, arrumar um trabalho e cuidar dos meus filhos”, assegura, referindo-se a um casal de gêmeos, de oito anos, que está sendo criado pela sua ex-sogra.
Interação com a sociedade
Um dos pontos fortes do “Esperança” é a interação com a sociedade. Vários grupos são parceiros, contribuindo com a apresentação de palestras, realização de atividades e distribuição de brindes. Integrantes do “Jacaré Triciclo Clube” e “Motoclube Feras do Pantanal” são padrinhos do projeto e ajudam com doações de lanches para os encontros, entre outras colaborações.
O Centro de Valorização à Vida (CVV) também está entre os parceiros. Na semana passada, as internas assistiram palestra com a terapeuta ocupacional do centro, Sandra Alcântara (foto principal), que falou sobre autoestima. Conforme a coordenadora do CVV no Estado, Lacy Ávila, a instituição vê na iniciativa uma ajuda para despertar nas detentas participantes o valor próprio de cada uma, dando mais sentido à vida delas. “Cada vida que a gente conseguir salvar, já é uma grande conquista”, afirma.
A iniciativa conta, ainda, com o apoio do Grupo Amor Exigente, do Rotary Clube Cidade Morena, instituições religiosas, profissionais liberais e voluntários, que somam para a boa realização e sucesso do projeto.
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