De 5 a 23 de outubro, uma das principais companhias de teatro do mundo, a francesa Théâtre du Soleil apresenta em São Paulo o espetáculo “Os Náufragos da Louca Esperança”. Depois, o grupo segue para Rio de Janeiro e Porto Alegre.

A megaprodução vem ao país após quatro anos desde a última visita, com o espetáculo Os Efêmeros. Nas duas passagens por São Paulo, o grupo utilizou o espaço do SESC Belenzinho para montar uma tenda especialmente para as apresentações.

Os Náufragos da Louca Esperança é livremente inspirada no romance póstumo de Júlio Verne “Os Náufragos do Jonathan”.

A história se passa nas vésperas da Primeira Guerra Mundial. Nesse período, um grupo de cineastas monta um set de filmagem improvisado em um cabaré. Lá, filmam a viagem de emigrantes que saem do País de Gales e acabam naufragando na Patagônia.

Os náufragos têm a louca esperança de construir no lugar onde foram parar uma sociedade mais justa. Os lemas da Revolução Francesa de liberdade, igualdade e fraternidade são discutidos na peça. “A liberdade é a base, a igualdade, o meio, e a fraternidade, a finalidade”, diz Ariane Mnouchkine, diretora da companhia.

Filha do produtor de cinema Alexandre Mnouchkine, Ariane afirma que as peças de sua companhia, muito embora tenham cenas grandiosas, nada têm a ver com cinema enquanto estão no palco. “É uma encenação de como fazer cinema, mas é teatro”, afirma.

A estrutura do espetáculo, construída especialmente para as apresentações tem 1500m² e recebe, desde o início de setembro, 15 contêineres diretamente da França. A produção conta com mais de 65 pessoas entre atores e equipe técnica.

Apesar dos números estrondosos, os ingressos custaram entre 12 e 50 reais. Não por acaso, os 585 lugares para cada dia de espetáculo esgotaram em menos de duas horas após a abertura da bilheteria.

Um jantar feito pelos cozinheiros da companhia será oferecido ao público antes e depois da peça por um custo adicional de 19 reais. “Quando alguém chega ao teatro, ele venceu o engarrafamento, talvez não tenha tido um bom dia no trabalho e nós estamos empenhados em oferecer uma experiência de como deveria ser o mundo e a gastronomia tem a ver com isso”, diz a diretora.

Companhia

Fundado em 1964, o Théâtre du Soleil não tem ligação o Cirque du Soleil. Na verdade, segundo afirma Ariane, a companhia acrobática canadense decidiu-se pelo nome du Soleil como forma de homenagear o grupo de teatro.

Ariane faz parte da tríade dos grandes nomes do teatro mundial contemporâneo (ao lado de Bob Wilson e Peter Brook). Mesmo assim, faz questão de contar com a colaboração de todos os membros da equipe em cada detalhe do espetáculo. Segundo ela, todo o elenco recebe a mesma remuneração.