As dezenas de lançamentos de shoppings nos últimos anos fizeram com que hoje praticamente todos os municípios do Brasil com mais de 300 mil habitantes já tenham seu próprio shopping, estima o Ibope Inteligência.

Neste cenário, resta investir em cidades menores, que têm, em média, 200 mil habitantes, como Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul, e Rio Grande, no Rio Grande do Sul.

O problema é que cidades com menos de 100 mil habitantes podem não comportar um shopping. E uma cidade com 200 mil habitantes pode não ter espaço para dois. Como consequência, em algumas delas há uma corrida de “quem chegar primeiro, leva”.

Em Rio Grande, que tem cerca de 200 mil habitantes, o índice de competitividade (que faz uma relação entre oferta e demanda e é calculado pela Ibope) da cidade, sem nenhum empreendimento em operação, é de 182 (índices menores do que 100 indicam um mercado muito competitivo para novos empreendimentos).

Caso os dois empreendimentos previstos para serem lançados na cidade saiam do papel, este índice cairia para 33, o que indicaria uma sobreoferta.

O mesmo impasse acontece em Boa Vista, em Roraima, que tem cerca de 260 mil habitantes. Na cidade, também estão previstos dois empreendimentos.

O índice de competitividade da cidade é de 271. Caso os dois empreendimentos sejam lançados, cairá para 50. “A cidade pode até comportar ambos, mas é bem difícil que mais alguém irá olhar para ela com a intenção de novos lançamentos”, diz Fabio Caldas, analista de pesquisa do Ibope.

Mas o caso mais problemático parece ser o de Três Lagoas. A cidade tem cerca de 100 mil moradores e, como consequência, seu índice de competitividade é mais limitado, soma 89. Caso um shopping seja inaugurado, ele já cairá para 30. O problema é que a cidade pode ter dois empreendimentos.

Conflito

A North já anunciou o projeto Shopping Center Nações Três Lagoas, cuja previsão é que seja inaugurado no final de 2014. O problema é que a incorporadora Landis não pretende desistir de seu próprio projeto na cidade, conta o presidente Dorival Regini de Andrade.

A incorporadora conta que avaliava a região há três anos e esperava a conclusão de alguns projetos que teriam impacto na cidade, como a expansão de uma empresa de celulose. “Sabíamos que haveria espaço para um empreendimento na cidade apenas em 2015”.

Quando soube do projeto concorrente, negociou uma parceria com a Vértico, da WTorre, responsável pelo projeto, para viabilizar apenas um deles. Ambos não chegaram a um denominador comum. “Só há espaço para um. Se ambos lançarem, os dois vão ter prejuízos”. Ele conta que, diante deste cenário, prefere lançar apenas um e ter um lucro dividido.

Com a North, grupo que se ligou ao projeto posteriormente, o empreendedor nunca negociou. Andrade acusa o concorrente de anunciar o que “pode não sair do papel”. “Iremos lançar o nosso apenas quando puder ser viabilizado”.

A estratégia será buscar os principais lojistas. “Quem tiver as âncoras e principais lojas fechadas vai conseguir lançar o projeto. Quem tiver competência, vai sobreviver”, conclui.

No portfólio da Landis, estão quatro empreendimentos construídos em praças menores, com cerca de 250 mil habitantes, considerando também o entorno das cidades. Um em Betim (MG), construído há 13 anos; outro em Mossoró, no Rio Grande do Norte, construído há cinco, e um em Rio Branco, concluído há um ano e meio. Um empreendimento em Macaé, na Bahia, foi vendido.

Procurada, a North Empreendimentos informou, em nota, que seu comitê empreendedor divulgará, no final deste mês, informações a respeito do empreendimento em Três Lagoas. “Nesse momento, estamos finalizando alguns procedimentos formais e somente quando concluirmos, poderemos divulgar as informações solicitadas”.

A North também tem na carteira quatro empreendimentos concluídos no Ceará e Pernanbuco, e anuncia mais dois projetos no Ceará e três no interior de São Paulo além do lançamento em Três Lagoas.