Na safra 2010/2011, os estrangeiros responderam por 5% da área que o Mato Grosso, um dos maiores estados agrícolas do Brasil, plantou com grãos.

A estimativa é do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e, de acordo com o gestor do organismo, Daniel Latorraca, a atração de investidores de fora pela agricultura do estado se explica por vários fatores, entre eles as terras de boa qualidade, o clima, que é um dos mais regulares do Brasil, e a alta mecanização das lavouras.

Segundo o gestor do Imea, juntamente com estas condições, está o cenário mundial, onde há expectativa de crescimento populacional, com conseqüente aumento da demanda por alimentos, e preço das commodities em alta. “Isso tem atraído investidores para o agronegócio e eles estão buscando onde alocar melhor os seus recursos”, afirma Latorraca.

De acordo com ele, os 5% de participação dos estrangeiros nas lavouras do estado se dão tanto em atuação direta, com empresários de fora tocando a própria produção, quanto apenas injeção do capital internacional em empresas brasileiras da área.

Latorraca acredita que a maior parte deste investimento está em lavouras de soja, commodity que tem se favorecido pelo cenário mundial de preços em elevação.

O Imea não sabe se houve aumento na presença estrangeira na agricultura do estado, já que é a primeira vez que faz estimativa assim.

Uma pesquisa do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), no entanto, confirma a alta presença dos estrangeiros na região.

Levantamento do instituto, de janeiro deste ano, mostra que há, no estado, 895,2 mil hectares de imóveis rurais de propriedade de pessoas físicas ou jurídicas estrangeiras.

É a maior área do país. No total são 1.214 imóveis rurais.

TERRA GRANDE

Dados do Incra apontam que os estrangeiros possuem áreas de grande porte no Mato Grosso, já que enquanto estado é o primeiro do País em extensão de terras nas mãos deles, é o oitavo em número de imóveis.

Em quantidade de terras, o campeão é São Paulo, com 12,2 mil imóveis, seguido do Paraná, com 5 mil, de Minas Gerais, com 2,6 mil, da Bahia, com 2,2 mil, do Rio de Janeiro, com 2,1 mil, do Rio Grande do Sul, com 1,8 mil, e de Santa Catarina, com 1,3 mil. Só depois vem o Mato Grosso, seguido do Pará, com 1,1 mil, e de Goiás, com 895.

Em extensão de terras, o estado que segue o Mato Grosso tem uma área bem menor com participação estrangeira: é São Paulo, com 537,1 mil hectares. Depois vem Minas Gerais, com 509,7 mil, Mato Grosso do Sul, com 487,3 mil, e então Bahia, com 375,6 mil. No total, segundo o Incra, o Brasil tem 34.300 imóveis rurais de estrangeiros, com 4,5 milhões de hectares.

TERRA FÉRTIL

O Mato Grosso, segundo dados do último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), plantou área com 9,6 milhões de hectares em grãos na safra 2010/2011. Ou seja, cruzando dados do Imea com a Conab, são 482,4 mil hectares nas mãos de estrangeiros.

A estimativa do Imea se refere apenas à agricultura, enquanto a pesquisa do Incra, que aponta 895,2 mil hectares, inclui todo tipo de imóvel, também para pecuária.

O Mato Grosso aumentou a sua área para grãos em 5,8% nesta safra sobre a anterior, segundo a pesquisa da Conab.

Em produção, o aumento deve ser de 7%, passando de 28,8 milhões de toneladas na colheita 2009/2010 para 30,8 milhões de toneladas na atual.

A maior parte das lavouras está plantada com soja.

Do total de 9,6 milhões de hectares cultivados, 6,3 milhões de hectares têm a commodity.

O estado deve colher 20,4 milhões de toneladas de soja neste ano.