Commodities são mau negócio, diz fundo de US$ 270 bi
Brasil - Economia - Inflação
Fundos de previdência são tradicionais investidores de longo prazo. Como captam dinheiro que não deverá ser resgatado durante vários anos, esses fundos podem comprar ativos e segurá-los em carteira até mesmo por décadas, até que os resultados apareçam. Quem cultiva essa mesma mentalidade de investimentos ao tratar com o próprio dinheiro tem razões de sobra para ouvir o que diz Robert Baur, economista-chefe global da Principal Global Investors, uma instituição responsável pela gestão de 270 bilhões de dólares de clientes de previdência privada e institucionais.
Em entrevista a EXAME.com, Baur mostrou algum otimismo com a economia americana e certo pessimismo com a bolsa brasileira. Ele acredita que a inflação deve continuar a atrapalhar quem compra ações em países emergentes por mais um ano e diz que os papéis de companhias americanas parecem mais atrativos neste momento. O economista também não diz que os preços de commodities como o ouro, o petróleo e os produtos agrícolas não devem continuar em alta no longo prazo. Leia a seguir os principais trechos da entrevista:
EXAME.com – Vivemos momentos turbulentos nas bolsas mundiais. Onde é interessante investir?
Baur – Considerando nosso cenário-base de expansão gradual do ritmo de crescimento americano, acredito que é hora de rebalancear o portfólio e comprar mais ações. Se você tem algum dinheiro parado, é uma boa hora para botá-lo na bolsa. Nós preferimos ações de empresas americanas a papéis da maioria dos outros países. Gostamos dos mercados emergentes porque é onde está o crescimento no longo prazo, mas achamos que as altas das taxas de juros em muitos desses países devem ser um limitador dos ganhos bolsas. No longo prazo, conter a inflação na China, no Brasil e na Índia vai ser mais difícil do que as pessoas imaginam. É por isso que achamos que as bolsas dos EUA devem apresentar melhores resultados que a média dos emergentes. Isso já aconteceu nos últimos seis ou nove meses.
EXAME.com – Por quanto tempo a inflação deve prejudicar as bolsas do Brasil ou a China?
Baur – É difícil dizer, mas provavelmente por mais um ano. Se o mundo entrar em uma nova recessão, isso deve desaquecer os preços. O problema é que a origem da inflação nos países emergentes está nas taxas de câmbio praticadas nos últimos 20 anos. Nesse período, os governos de países em desenvolvimento buscaram manter a cotação de suas moedas atada ao dólar. A China é o grande exemplo, mas não é o único. Cingapura, Malásia, Tailândia, Hong Kong, Brasil, Argentina e Coreia do Sul atrelaram a taxa de câmbio ao dólar em algum momento. A maioria desses países tentou impor um câmbio subvalorizado para elevar a competitiva da produção interna. Mas para manter a credibilidade do câmbio, o Banco Central desses países precisou comprar dólares, colocando reais, por exemplo, no mercado. Em 15 anos, houve uma grande expansão monetária que gerou a inflação atual.
EXAME.com – Isso foi bom para os EUA?
Baur – Isso criou outros problemas. Os bancos centrais de todo o mundo usaram os dólares das reservas para comprar títulos do Tesouro americano, o que aumentou o valor desses papéis e reduziu a remuneração ao investidor. Os juros exageradamente baixos pagos pelos títulos americanos são uma distorção, e os investidores iniciaram uma grande busca por remunerações maiores. Houve então um aumento da especulação, das bolhas e das apostas nos mercados. A bolha imobiliária americana certamente tem esse fenômeno em sua origem. Provavelmente a especulação do momento seja com os preços das commodities.
EXAME.com – Existe uma bolha das commodities prestes a explodir?
Baur – Não acho que haja uma bolha ainda. Os preços das commodities certamente eram exagerados em 2008, mas não vejo uma bolha agora. Com exceção do ouro e do cobre, os preços estão bem mais baixos que há três anos. Mas não acho que há motivos para os preços das commodities continuarem em alta. Os preços atuais são altos o suficiente para motivar muitas empresas a elevar os investimentos na produção de commodities, o que contribuirá para equilibrar a oferta e a demanda.
EXAME.com – O que você acha especificamente sobre os preços do ouro?
Baur – Eu tenho errado tanto com o ouro [risos]. A verdade é que o ouro não me parece um investimento de longo prazo. É uma especulação. Há propagandas sobre ouro nos intervalos da CNN, CNBC ou Fox em horário nobre. Qualquer coisa que seja tão divulgada e anunciada na TV não me parece um bom investimento. É verdade que as cotações estão subindo. A propaganda diz que o ouro é “o único investimento que subiu em todos os anos desde 2001”. O que eles não dizem é que entre 1980 e 2000 a cotação caiu 85%. O ouro funciona como investimento quando o dólar está enfraquecendo. É isso que explica a alta da última década. Agora sinto que já haja uma bolha.
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