Imagem: G1 MS

Gestor acompanha equipe de reportagem da TV Morena.

Direção admite que enfrenta dificuldade com falta de profissionais.

Na semana passada, a TV Morena exibiu reportagens mostrando a situação da Santa Casa de Campo Grande.

Médicos e funcionários reclamavam da falta de equipamento e das condições de trabalho, e pacientes denunciavam precariedade de alguns serviços.

Uma semana depois, nessa quarta-feira (17), a equipe de reportagem teve permissão para mostrar os setores da instituição, com indicação da direção do hospital.

O diretor técnico Luiz Alberto Kanamura acompanhou a equipe e confirmou que o hospital continua sem um cardiologista para fazer o atendimento no pronto-socorro.

“Os profissionais não se interessam porque acham que o valor tem que ser a mais do que podemos pagar”, afirma.

A direção nega que o fio usado em cirurgias do coração arrebenta com facilidade como denunciou um médico do setor. “O fio a que ele se refere, a Santa Casa não usa mais”, diz Kanamura.

Funcionários da enfermaria disseram que estariam sobrecarregados, atendendo mais pacientes do que o ideal.

A gerente do setor de enfermagem, Cristiane Ost, diz que o quadro de funcionários é suficiente para atender os pacientes, mas reconhece que é preciso remanejar os profissionais quando há faltas.

“A gestão do quadro de enfermagem tem que ser feita diariamente. Posso me deparar com uma situação atípica, como uma falta não justificada de profissionais”, explica.

Segundo a gerente, a Santa Casa conta com 166 enfermeiros e 1.049 profissionais do nível médio distribuídos pela instituição.

O hospital está com 19 vagas abertas para o setor de enfermagem, por conta de demissões. Por falta de mão de obra qualificada, a ala de ginecologia foi fechada.

A previsão da direção é reabrir o setor assim que suprir a demanda de funcionários.

O produtor da TV Morena percorreu todo o hospital na semana passada e só encontrou dois desfibriladores nos corredores.

Nessa quarta-feira (17), a reportagem encontrou outro cenário.

Foram encontrados 12 equipamentos de uma lista que, segundo a direção, chega a 33.

Os gestores reconhecem que a quantidade é insuficiente.

“Precisamos de dez para cobrir todos os setores. Estamos pedindo dezesseis por conta de retirar os antigos e ter uma sobra pra manutenção”, diz Kanamura.

Funcionários do hospital também relataram a quantidade insuficiente de um equipamento chamado ambu, um respirador manual usado em atendimentos de emergência para restabelecer a respiração do paciente quando o organismo não consegue enviar ar para os pulmões.

A direção nega o problema e mostra ambus nos carrinhos junto com os desfibriladores e diz que o equipamento também está nas enfermarias, CTIs e pronto-socorro.

A quantidade de ventiladores mecânicos, que funcionam como respirador artificial, também seria insuficiente de acordo com funcionários.

A direção nega a falta do equipamento e mostra uma sala de reserva.

“Esses ventiladores de reserva não são exclusivos dela, mas se centralizam aqui justamente porque é onde tem pacientes mais graves”, diz o diretor.

O diretor do hospital só concordou em acompanhar a equipe de reportagem caso pudesse mostrar o que ele chamou de “parte boa” da Santa Casa.

Serviços que melhoraram nos últimos anos, incluindo investimentos em setores como a ortopedia. “Estamos fazendo até 22 cirurgias durante o período diurno.Temos quatro salas só para ortopedia no centro cirúrgico”, afirma Kanamura. Outra medida para melhorar a qualidade do serviço é um sistema de triagem para agilizar o atendimento.

“O paciente aguarda sua fez, é feita a classificação de risco e recebe uma cor, que é respeitada na sequência de atendimento. Tanto que não temos nenhum paciente no corredor. Estamos há mais de um ano sem um paciente no corredor”, afirmou.