Foto: Tatiane Queiroz

A Polícia Federal em Campo Grande investiga a suspeita de crimes de fraude em licitações em obras, formação de quadrilha, corrupção passiva e peculato no Hospital Universitário e desvio de recursos públicos pelo Hospital do Câncer, ambos na capital.

No início da manhã, os policiais cumpriram 19 mandados de busca e apreensão na investigação de possíveis irregularidades nas instituições.

Em entrevista coletiva nesta terça-feira (19), o superintendente da PF em Campo Grande, Edgar Paulo Marcon, disse que oito pessoas foram chamadas para prestar esclarecimentos e, destas, cinco já estão prestando depoimento à polícia.

Marcon explicou que a investigação começou em abril de 2012, com base em dados levantados pelo Ministério Público Estadual (MPE), que apurava irregularidades no Hospital do Câncer, e do Ministério Público Federal (MPF), que investigava o Hospital Universitário, além de auditoria da Controladoria Geral da União (CGU).

A delegada Cecília Silva Franco, que coordenou as operações, disse que foram apreendidos R$ 200 mil em montante encontrado em quatro residências, além de documentos, notebooks e HDs nas casas dos investigados e nos hospitais do Câncer e o Universitário.

Segundo a PF, as investigações revelaram a existência de um esquema envolvendo o HU e algumas empresas com a finalidade de direcionar licitações e contratações, superfaturar serviços e pagar propinas. Edgar Marcon disse que quatro servidores investigados foram afastados das funções, conforme determinação judicial.

Em nota já divulgada, a Polícia Federal informou que, em relação ao Hospital do Câncer, mantido em grande parte por recursos públicos, dentre outros fatos, as investigações apuram os altos valores dos pagamentos realizados a empresas ligadas à própria diretoria do hospital.

A promotora Paula Volpe, do MPE, em entrevista na segunda-feira e no Bom Dia MS, citou ainda a contratação de empresas de Adalberto Siufi para prestação de serviços no HC. (Veja o vídeo)

Segundo a coordenadora da CGU em Campo Grande, Janaína Faria, 15 servidores do órgão participaram auditoria que encontrou irregularidades nos dois hospitais. Janaína cita que, no HU, por exemplo, há indícios de manipulação de licitação de obras em contratos avaliados em R$ 3 milhões.

Flagrante

Segundo a PF, três pessoas foram detidas em flagrante, pelo porte ilegal de arma, entre elas, o médico e diretor-geral da Fundação Carmen Prudente, mantenedora do Hospital do Câncer, Adalberto Siufi, um dos investigados na operação.

O advogado René Siufi, primo do médico disse que ele prestou esclarecimentos sobre a investigação e pagou fiança em relação ao crime de porte ilegal, sendo liberado.

No fim da manhã, ao deixar a sede da PF, Adalberto Siufi não quis falar com a imprensa. Em coletiva realizada nesta segunda-feira (18), Siufi negou as acusações do MPE e informou que os contratos firmados com as empresas prestadoras de serviços não possuem irregularidades.

O G1 entrou em contato com a assessoria da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e a informação é que, nem a instituição, nem o Hospital Universitário, vão se pronunciar sobre a investigação.

Prefeitura

Em nota, a prefeitura de Campo Grande informou que o Conselho Municipal de Saúde irá notificar a Fundação Carmen Prudente, mantenedora do Hospital do Câncer, para que regularize a situação e evite que os repasses para o hospital sejam suspensos.