Imagem: bonitonoticias.com

Nas vésperas da entrega dos títulos definitivos para as 132 famílias do Projeto de Assentamento Campanário, marcada para o dia (21) deste mês, a expectativa é grande.

Situado a 10 quilômetros do centro da cidade de São Gabriel do Oeste, região norte de Mato Grosso do Sul e a 150 quilômetros de Campo Grande, é considerado o assentamento que deu certo. Meio ambiente revigorado com fauna exuberante, fartura de alimentos, educação, saúde e habitação. Algumas famílias capricharam nas moradias, tornando-as bucólicas com plantas ornamentais.

“Aqui agora é uma maravilha, tem bicho de todas as espécies, tatu, gamba, capivara, anta, macaco, quati e uma passarada que encanta a gente. É aquela alvorada de periquito, papagaio, maritaca, arara, pássaro preto. Olha lá no pasto que maravilha. Uma ema rodeada por oito filhotinhos. Cheguei aqui o lote estava liso, pelado não havia nenhuma arvorezinha sequer, para eu amarrar o cachorro. Quando eu queria um pouco de sombra, deitava no capim alto”.

O comentário é de João Ferreira dos Santos, 64 anos, e a esposa Cleusa Maria Oliveira dos Santos, 58 anos. Em 1998 o casal chegou no lote, quando todos os habitantes do acampamento de lona plástica, montado na cidade de Jaraguari, na região de São Gabriel do Oeste, foram transferidos para Campanário, armou uma barraca e começou a trabalhar. Criou os filhos e atualmente desfruta da tranquilidade, com rendimento mínimo de R$ 6 mil reais por mês, apenas vendendo leite e o excedente da produção destinada ao consumo doméstico.

Santos afirma ser um dos mais humildes produtores ali, explicando que os faturamentos são bastante diversificados e acrescenta: “Tem gente aqui que eu considero bem rica”.

O maior exemplo do gênero é o ex-sem-terra e técnico agrícola Flávio Sordi, 40 anos. Ele emprega 46 moradores do assentamento onde construiu durante os 15 anos de trabalho, um frigorífico de suínos e uma leiteria. Abate 80 animais por dia, produz 450 litros de leite diarimente e tem um faturamento bruto superior a R$ 600 mil reais mensais.

Juntamente com a esposa Silene Ferreira do Carmo, 38 anos, começaram a produzir em acanhadas instalações, defumados de carnes suínas e embutidos como linguiça e outros, na chamada produção caseira. Atualmente são comercializadas por mês, 45 toneladas de linguiça frescal, 5 toneladas de cortes especiais, como picanha por exemplo., 40 toneladas de carcaças (o suíno in natura, inteiro para ser cortado no local de venda), 1,5 tonelada de pertences para feijoada, 3 toneladas de pernil, 2,3 toneladas de costelas e 4 toneladas de carré (lombo com osso, ou bisteca).

Para Roque Luiz Gusamello, 50 anos, um dos bem sucedidos assentados e também produtor que luta pela comunidade, “O assentamento deu mais que certo”. Ele explica que o lugar tem área de 2.851 hectares onde circulam anualmente cerca de R$ 27 milhões somente com a engorda de quase 24 mil suínos que ficam prontos a cada 120 dias no máximo.

Mais de 90% dessa produção está sob os cuidados de 13 famílias e as demais têm 1.600 hectares de lavouras onde colhem 80 mil sacas de soja, 36 mil sacas de milho por safra, além de 3 mil litros por dia de leite, bem como ovos, frango caipira e culturas para consumo próprio.

As 13 famílias de suinicultores, recebem orientações técnicas da Cooperativa Agropecuária de São Gabriel do Oeste (Coasgo), integrando do projeto Embrapa-Coasgo.

O trabalho das duas organizações resultou na economia de 30% dos gastos com eletricidade e adubos e ainda gera crédito carbono para os assentados. A água usada na engorda dos suínos e nos estábulos das vacas leiteiras, junto com os excrementos dos animais produz gás metano que alimenta geradores de energia elétrica, para pulverizar lavouras com o material retirado dos biodigestores. O assentamento inteiro acumula estercos para a produção de adubo. Quem não conta com o gás metano para gerar eletricidade, consome força hidrelétrica para espalhar e adubar pastos e plantações.