Foto: Jaqueline de Freitas

O réveillon vai ser especial para a sul-mato-grossense Jaqueline Aparecida de Freitas, 30 anos. Será o primeiro que irá passar com a mãe biológica, a aposentada Aparecida Barbosa, 65 anos.

As duas se reencontraram em novembro, depois de 29 anos de separação. A reaproximação foi possível depois de uma pesquisa feita pela família de Aparecida no Facebook.

Jaqueline nasceu em Dourados, a 225 km de Campo Grande e sabia que tinha sido adotada. A mãe de criação contava que ela foi deixada por uma amiga, que não tinha condições de criar a menina. Depois do aniversário de um ano, a família adotiva se mudou para a capital.

Aos 16 anos, Jaqueline começou a investigar, mas só tinha uma referência: “Cida, de São Paulo”. Tentou com vizinhos e amigos dos pais adotivos em Dourados, mas ninguém sabia de nada.

No dia 22 de julho deste ano foi surpreendida. “Um homem me adicionou no Facebook, disse que estava procurando a irmã biológica desaparecida. Depois falou que eu parecia com a mãe dele e que tinha certeza que nós éramos irmãos”, lembra Jaqueline. “Demorei para responder por medo de não ser verdade e mexer em um assunto tão delicado”.

Jaqueline respondeu, mas somente em novembro. No mesmo período, recebeu uma mensagem da mãe biológica. Ela já havia adicionado Aparecida na rede social, sem saber quem era.

Por mensagens, a idosa ficou sabendo que Jaqueline tinha sido adotada. Somente depois de algumas informações, resolveu se identificar.

A jovem viajou até Bauru (SP) no dia 15 de novembro e conheceu irmãos, tios e sobrinhos. “Eu tentava entender o porquê deles terem me deixado, e sem resposta, acabava julgando minha mãe. Mas estou muito feliz de ter encontrá-la, ver meus irmãos, saber o que aconteceu na época. Agora só quero recuperar o tempo perdido”.

A busca

Em Bauru, Aparecida nunca perdeu as esperanças de reencontrar a filha. Ela disse ao G1 que nunca teve a intenção de abandonar a menina, mas que tinha pedido para a amiga cuidar da criança até que ela tivesse condições financeiras.

Chegou a ir até Dourados, para a festa de um ano da filha. Depois disso, perdeu contato: a amiga havia se mudado e não deixou qualquer contato.

Aparecida disse ao G1 que sabia o nome e sobrenome da filha. Em 2010 resolveu comprar um notebook para acessar a internet e procurar Jaqueline.

Esta iniciativa partiu depois de várias tentativas frustadas de busca feita em emissoras de rádio e televisão. “Uma amiga minha conversando comigo falou que hoje estava muito fácil procurar as pessoas pela internet e eu acreditei que poderia dar certo”, lembra.

A idosa criou uma conta no Facebook somente este ano, com ajuda de uma sobrinha. Aparecida teve sorte porque a filha usou o nome completo para cadastrar um perfil na rede social, onde geralmente os usuários optam por usar apenas um dos sobrenomes.

Em junho, pediu para a neta de 14 anos buscar o nome de Jaqueline na rede social. “Quando eu vi a foto dela no Facebook, tive certeza que era a minha filha. Meu coração de mãe me disse isso”, disse. O contato inicial foi feito por Cícero Hora, filho de Aparecida.

A dona de casa faz planos mais concretos, além da comemoração de fim de ano. “Eu quero que ela venha morar comigo, minha casa já tem até um quarto disponível para ela; estamos de braços abertos”.