Imagem: diarioliberdade.org
Cerca de cem índios da etnia kadiwéu tomaram duas fazendas no município de Corumbá (MS) na manhã de domingo (6).
Os funcionários das propriedades foram expulsos pelos índios, que chegaram por volta das 6h armados de facas e revólveres, segundo os fazendeiros. Não houve confronto.
As invasões tentam pressionar o STF (Supremo Tribunal Federal) a tomar posição favorável aos índios em uma ação que tramita na corte desde 1987.
O processo, iniciado por fazendeiros da região, tenta legitimar títulos de terras que se sobrepõem ao território da Terra Indígena Kadiwéu.
A reserva tem 538 mil hectares e foi uma das primeiras a ser regularizada no país. A área envolvida na disputa judicial corresponde a 30% do total.
A Funai (Fundação Nacional do Índio) afirma que os índios já ocupam cinco fazendas na região desde o último dia 27.
Eles tomaram posse da área para pressionar o STF a acelerar o julgamento e para evitar que os fazendeiros degradem o ambiente, segundo o órgão.
Nesta segunda-feira (7), o advogado Igor Vilela Pereira, que representa os donos de duas fazendas tomadas pelo índios, entrou com pedidos de reintegração de posse na Justiça Federal em Corumbá.
A Polícia Federal disse que só irá interferir no caso se houver determinação judicial ou conflito violento.
HISTÓRICO
Segundo artigo científico do historiador Giovani José da Silva, especialista no tema, a reserva indígena em Mato Grosso do Sul foi demarcada pela primeira vez entre 1899 e 1900.
Os pecuaristas começaram a chegar a partir da segunda metade do século 20 e ocuparam parte desse espaço com autorização do extinto SPI (Serviço de Proteção ao Índio), substituído pela Funai em 1967.
Os Kadiwéu e indigenistas afirmam que o território foi dado à etnia pelo imperador D. Pedro II, como forma de agradecimento por sua participação na Guerra do Paraguai (1864-1870) ao lado do Brasil.
Essa versão, no entanto, nunca foi comprovada por documentos, segundo o historiador.
A ofensiva dos Kadiwéu começou na mesma semana em que o STF concluiu o julgamento de uma ação que anulou títulos de terras de fazendeiros no sul da Bahia, determinando a saída dos ruralistas de área indígena que pertence à etnia pataxó hã hã hãe.
boainformacao.com/KF
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