Carvão vegetal gera progresso limpo e legal no Estado
Estado - Ações Ambientais - Entrevista com Marcos Brito
Foto: evolucaosustentavel.blogspot.com
No ano passado Marcos José Brito recebeu o título de Mérito Legislativo, homenageado pela Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul.
Seu principal objetivo atualmente é trazer para Mato Grosso do Sul no ano de 2013, a terceira edição do Fórum Nacional de Carvão Vegetal.
A Crítica – Qual a situação atual da indústria de carvão vegetal em Mato Grosso do Sul e no Brasil?
Marcos Brito – O quadro atual no Estado é diferente do restante do Brasil. Isso, tendo em vista os investimentos que foram feitos no MS, por empresas sérias que vieram para cá.
Tendo em vista, também, a existência da reserva de minério de ferro, em Corumbá, que é considerada a segunda maior do Brasil. E a produção de carvão vegetal.
O nosso Estado produz hoje carvão vegetal, com grande preocupação com o meio ambiente, com as questões trabalhistas de segurança do trabalho.
E isso foi muito bem visto pelas grandes aciarias do Brasil como, por exemplo, a Gerdau, uma das maiores.
Esses nossos parceiros, que são as siderúrgicas instaladas aqui no Estado, foram privilegiadas, assim como nós também, toda a cadeia, porque quando se fala em carvão vegetal se fala também em ferro gusa e aço.
Hoje não dá mais para olhar o setor individualmente, e sim, toda a cadeia.
E essas aciarias deram grande oportunidade a essas empresas que investiram no maciço florestal, na produção de carvão aqui no Estado, e hoje essas empresas usufruem de uma grande fatia desse mercado do ferro gusa.
Com isso, outros Estados, perderam uma boa parcela de fornecimento para essas grandes empresas.
Nesse sentido então, é que Mato Grosso do Sul se destaca, hoje, como um dos maiores produtores de ferro gusa (somos considerados hoje o 4º produtor de ferro gusa) e de carvão vegetal, que somos o segundo maior produtor do Brasil.
E o importante, é que estamos ainda em fase de crescimento, de evolução nesse segmento.
No início do mês de junho vai ser ligado o quinto auto-forno nas siderúrgicas do Estado, e vai ficar faltando apenas um forno.
Ou seja, 83% da capacidade já ativa, faltando apenas 17% da capacidade total, representado por um forno instalado em siderúrgica localizada no município de Campo Grande.
A Crítica – O setor industrial do carvão sempre foi visto como depredador da natureza e também acusado de promover o trabalho escravo. Essas acusações procedem? O que mudou nesse sentido?
Marcos Brito – A grande verdade é que, não apenas no setor do carvão vegetal, mas em todo os setores, nos últimos anos as coisas avançaram muito em questões trabalhistas, em questões de segurança do trabalho e questões ambientais.
Em passado recente, no nosso Estado, se queimava muito material lenhoso, pelo fato de ser um Estado novo, com grande e acelerada expansão agrícola.
E nesse tempo, não se tinha uma destinação econômica para esse material lenhoso, oriundo desses desmatamentos, dessa supressão vegetal, áreas q se tornaram agrícolas, pecuárias.
Quando se iniciou o processo de produção de carvão vegetal, pela dificuldade de logística do Estado, estradas e tudo mais, essa produção de carvão acontecia muito por famílias que vinham de outros Estados para cá e fugia muito das questões da CLT.
Hoje, com o crescimento da produção, as facilidades da modernidade, houve uma mudança de conceito: hoje não se tem mais famílias, crianças nas áreas de produção, apenas trabalhadores e trabalhadoras que foram capacitados para as funções.
Aí entra muito o trabalho desenvolvido pela instituição Sindicarv-MS, o sindicato das industrias produtoras.
O setor foi institucionalizado e passou-se a ter uma preocupação muito maior com essas questões todas.
Então passou-se a investir muito mais nesses setores, não só trabalhistas, com formação profissional, garantias de segurança ao trabalhador, cumprimento das regras, como também nos tratos ambientais, exigidos pela legislação.
No ambiental, houve sempre um desconhecimento da sociedade – e o Sindicarv-MS fez esse papel de trazer as informações corretas – que em verdade era um grande equívoco.
A indústria de produção de carvão veio para cumprir um papel que deveria ser do produtor rural, que nunca se preocupou com isso, até por não ter uma destinação econômica para o material lenhoso resultando das aberturas de áreas para projetos agrícolas e pecuários.
O material era deixado na propriedade, tomando áreas que inclusive poderiam ser aproveitadas para produção, ou outras se degradando, sujeitas ao fogo, acidental ou feito de forma programada.
E o segmento do carvão veio para dar uma destinação a esse material e inclusive cumprir com a legislação ambiental: existe obrigação legal que o fazendeiro de um destino a esse material lenhoso.
E a sociedade, por desconhecimento, achava que a indústria do carvão desmatava as florestas e era responsável pelo desmatamento.
E é o contrário na verdade. Nós damos destino a um material oriundo da atividade dos agropecuaristas.
E quando nós realizamos algum desmatamento, ele é feito a partir de uma licença emitida pelos órgãos responsáveis.
A Crítica – Houve avanços tecnológicos que, no caso do trabalhador da indústria, minimizam os problemas e melhoram as condições desse trabalhador?
Marcos Brito – Houve grande avanço. Além da evolução tecnológica da indústria, hoje esse trabalhador está muito melhor qualificado.
Partindo do próprio empregador, hoje ele está orientado, está conhecendo muito mais suas obrigações trabalhistas.
Neste contexto entra também o Sindicarv-MS preparando, com equipes técnicas, médicas, de segurança do trabalho, fazendo visitas periódicas as indústrias, levantando e diagnosticando os problemas, orientando, cobrando soluções dos empregadores e contribuindo para que essas soluções venham mais rapidamente.
Temos feitos cursos formando também os trabalhadores, capacitando-os, instruindo-os quanto ao uso de equipamentos de segurança, alertando-os sobre os riscos de cada função ou de cada operação.
Então o setor hoje está muito mais qualificado e cumprindo as legislações pertinentes.
Os problemas foram minimizados com essas ações do Sindicarv-MS, com a conscientização do produtor de carvão.
A Crítica – Qual a capacidade de produção de carvão do Estado e onde essa produção é consumida?
Marcos Brito – A produção de carvão do Estado já foi muito maior nas décadas de 90 e 2000.
E agora, nessa nova década, nós estamos em fase de recuperação. Em 2008, no período pré-crise, nós estávamos produzindo 300 mil metros de carvão/mês.
Essa produção chegou a cair para 50 mil metros de carvão/mês. Hoje estamos produzindo entre 150 mil a 180 mil metros de carvão/mês.
Com isso estamos suprindo a necessidade do mercado local, das siderúrgicas.
Tem saído muito pouco, ou quase nada de carvão para outros Estados.
A pedido do próprio Governo estadual nós estamos dando prioridade para as indústrias locais.
Creio que muito em breve estaremos com nosso parque siderúrgico produzindo a pleno, e nesse momento estaremos produzindo em torno de 200 a 220 metros de carvão/mês.
A indústria siderúrgica tem capacidade de produção de 1 milhão de toneladas/ano de ferro gusa.
E esse é o objetivo, com a produção a pleno não só do carvão vegetal mas também do ferro gusa.
Almejando, ainda, uma verticalização do aço. É o nosso sonho.
Já que temos o minério de ferro, temos o carvão vegetal e temos o ferro gusa e já com produção suficiente para abastecer uma acearia de pequeno porte aqui no Estado.
Aí estaremos conquistando uma agregação de valor do ferro gusa para o aço de 5 para 10. Então todos nós temos que torcer para isso. Será muito importante para Mato Grosso do Sul.
A Crítica – O que o setor representa para a economia estadual?
Marcos Brito – Para se ter uma ideia da importância desse setor para a economia do Estado, é só ver todos os setores afins elencados, iniciando com a silvicultura, passando pela produção do carvão, do ferro gusa, setor interligados.
Esse segmento tem sido um dos grandes responsáveis pelo crescimento do PIB estadual.
Se somar um a um os elos dessa cadeia, se chegará a aproximadamente 10% do PIB do Estado.
Imagina quando colocarmos mais o elo da indústria de aço, aí chegaremos a 20,3% do PIB.
Importância muito grande, pela geração de emprego, geração de impostos, o fato de estar se dando um aproveitamento econômico para esse material lenhoso, assunto tão polêmico, mas hoje devidamente esclarecido, é só querer entender.
Matéria prima nobre que dá origem ao aço. Madeira, carvão, ferro guza e aço.
E todos nós sabemos que o aço está contido em todo o nosso cotidiano.
Então, temos que ter essa visão, um conceito diferente, valorizando esse setor que tá convergindo a madeira, seja ela de material lenhoso ou de florestas plantadas.
E vamos chegar a um momento que estaremos produzindo praticamente 100% de carvão a partir de florestas plantadas, muito embora a legislação permita até 20% de florestas nativas, após o cumprimento do PSS que é o Plano de Suprimento Sustentável.
Por isso, a importância da madeira é muito grande, e quando se dá uma destinação correta a ela, gerando emprego, gerando renda, impostos e um produto tão nobre para a economia, esse setor tem que ser muito bem visto pela sociedade sul-mato-grossense.
Redação/A Crítica de Campo Grande/JE
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