Gás é 231% mais caro que nos EUA
Brasil - Mercados - Gás Natural para a Indústria
Imagem: alerj.rj.gov.br
Estudo da Firjan considera valor cobrado das indústrias brasileiras
Um estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) apontou que o preço do gás natural no Brasil para o setor industrial é maior que em diversos países, muitos deles rivais internacionais diretos.
A tarifa do gás no Brasil (US$16,84 por milhão de BTU - medida internacional para gás) é 25% mais cara que na China (US$13,52), 222% a mais que na Índia (US$13,52), 231% a mais que nos EUA (US$5,09) e 464% a mais que na Rússia (US$2,99).
A Firjan aponta que o gás chega a representar 50% dos custos de alguns setores, como indústrias que produzem vidros.
Esse problema cresce com outros fatores macroeconômicos, como o real valorizado, altos juros e falta de infraestrutura.
“O alto preço do gás no Brasil é perda de competitividade na veia” afirma o gerente de Competitividade Industrial e Investimentos da Firjan e responsável pelo estudo, Cristiano Prado.
O estudo comparou o preço do gás do Brasil com outros 22 países.
O custo para a indústria só é menor que em Hungria, Eslovênia, Eslováquia, Alemanha, República Tcheca e Estônia.
Há ainda uma grande diferença do gás entre 15 estados brasileiros: a tarifa no Ceará (US$19,97 por milhão de BTU) é 30,8% maior que a registrada no Mato Grosso do Sul (US$15,27).
A tarifa no Rio, de US$17,98, é a maior do Sudeste e a sétima do país.
Assim, uma pequena padaria brasileira, por exemplo, gasta R$2.500 por mês com gás, enquanto na França gastaria o equivalente a R$1.400.
Uma empresa de biscoitos, com 60 funcionários, gasta cerca de R$68 mil por mês com gás no Brasil, R$25 mil a mais do que pagaria se o empreendimento fosse na China.
Além do alto custo de produção do gás natural brasileiro, maior que o de outros países, outros itens contribuem para o preço elevado.
Na verdade, segundo o estudo, o custo da commodity - o gás em si - equivale a 43,3% do total da tarifa. Impostos significam 22,1% da tarifa, seguidos da margem de distribuição (18,8%) e da parcela referente ao transporte (15,8%).
“Nessa conta vemos alguns problemas, pois a tributação efetiva no Brasil é de 28,4%, a maior na lista de países, muito acima dos 6% cobrados no México ou dos 5% de Canadá e China” diz Prado, ressaltando que o estudo sugere dez pontos que resolveriam essa questão, como a elaboração de uma política nacional de gás e maior poder regulatório à Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Henrique Gomes Batista/O Globo/DF
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