Segunda-Feira 07/10/2024 20:38

A cada 2 dias, 1 criança com menos de 5 anos morre de Covid no Brasil; grupo está sem vacina da Pfizer e governo não tem previsão para imunização

Brasil - Saúde - Covid-19

Imagem de um frasco da vacina da Pfizer contra a Covid para crianças de 6 meses a 4 anos. — Foto: AP Photo/Mary Altaffer

Em média, uma criança com menos de 5 anos morre de Covid-19 a cada 2 dias no Brasil. Atualmente, os pequenos brasileiros desta faixa etária representam 9% do total de internações pela doença.

Os números foram levantados pelo grupo Observa Infância, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a pedido do g1, e desmentem declarações recentes do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). Na sexta-feira (14), em entrevista a um podcast, Bolsonaro voltou a mentir ao dizer que crianças não morrem de Covid-19. "A molecada não sofre com vírus. Você não viu moleque morrendo de vírus por aí", disse ele na ocasião.

Entre 4 de setembro e 1 º de outubro, 437 crianças foram hospitalizadas por complicações da Covid no Brasil. Nesse período, 17 mortes pela doença foram registradas entre menores de 5 anos.

Especialistas criticam a demora do Ministério da Saúde em liberar a vacina para crianças de até 5 anos, mesmo já tendo o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Em 2 anos, Covid mata 3 vezes mais crianças do que outras 14 doenças mataram em 10 anos
Brasil não atinge metas da vacinação infantil; entenda em 6 gráficos

De janeiro até o dia 3 de setembro, a proporção de internações de crianças por complicações do vírus era menor: em média, 6,3%.

Segundo os dados, a curva de hospitalizações e de mortes por Covid vem caindo em todas as faixas etárias desde junho. Mas, olhando apenas entre as crianças menores de 5 anos, a queda é mais lenta.

“Essas crianças continuam muito vulneráveis porque o vírus continua circulando. A vacina impede a manifestação das formas graves e boa parte dos óbitos, mas, ainda assim, o vírus circula. E a criança não vacinada tem sido, sim, impactada”, disse o pesquisador e coordenador do grupo, Cristiano Boccolini.

Parte do público infantil – entre 6 meses e 2 anos e 11 meses - segue sem nenhuma vacina contra a Covid disponível nos postos de saúde. O Brasil tem hoje doses da Coronavac para crianças a partir dos 3 anos e da Pfizer para a faixa etária de 5 a 11 anos.

Sem dizer quando recebe a vacina contra Covid, governo libera Pfizer só para crianças a partir de 6 meses com comorbidades

Após quase um mês da aprovação da Anvisa, o governo federal ainda não dá prazo para chegada das doses e para início da aplicação da vacina da Pfizer para crianças de 6 meses a 4 anos, mesmo com um contrato em vigor com a farmacêutica para fornecimento de vacinas até o final deste ano.

Desde o início da campanha de vacinação contra a Covid, em janeiro de 2021, o Ministério da Saúde nunca demorou tanto para tomar uma decisão sobre a incorporação e aplicação de uma vacina para o público infantil como acontece agora 

Falta vacina e falta incentivo

Boccolini explica que, em relação às mortes de crianças por Covid, o cenário já esteve pior. Entre 2020 e 2021, a média diária era de 2 óbitos entre menores de 5 anos. Em junho deste ano, também houve um pico por conta de subvariantes da ômicron.

“A média diária de mortes aumentou para cerca de 3 entre maio e junho deste ano e, agora, reduziu para 0,6 óbitos por dia. A gente tem vacina e as crianças continuam morrendo de Covid”, ressaltou.

O pesquisador ressaltou que, para reverter esse quadro, é preciso incentivo e promoção da vacinação infantil por parte dos governos.

“Recentemente teve a morte de um bebê em Betim por meningite e paralisou a cidade inteira, o estado de Minas, até mesmo há uma mobilização nacional. A cada dois dias uma criança morre de Covid e a gente não vê tanta mobilização e tanta sensibilização do que hoje já pode ser considerado uma morte prevenível. Isso é inaceitável em termos de saúde pública para a sociedade brasileira”, concluiu.

Processo travado

Nesta quinta-feira (13), o Ministério da Saúde autorizou o uso da vacina da Pfizer para crianças de 6 meses a 4 anos com comorbidades, apesar de a Anvisa e a fabricante não terem feito restrições ao uso do imunizante.

Para liberar a todas as crianças nessa faixa etária, a pasta deve acionar a Conitec, órgão responsável pela incorporação de tecnologias e medicamentos no SUS, e, com isso, adicionar uma nova e inédita etapa no processo de liberação de uma vacina contra a Covid.

Caso o tema seja mesmo levado ao órgão, será a primeira vez desde o início da campanha de vacinação que a Conitec vai avaliar o uso de uma vacina contra a Covid para menores de 18 anos.

Na semana passada, membros da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), que assessora o Ministério da Saúde em temas de vacinação, recomendaram a aplicação da vacina da Pfizer em crianças a partir dos 6 meses. Em outros momentos, a pasta aguardou apenas o parecer desse grupo para anunciar o início da imunização, sem enviar o assunto para a Conitec.

O ministério diz que o acionamento do órgão foi uma recomendação da área jurídica da pasta, por causa do fim da emergência em saúde pública.

Fontes ligadas ao ministério confirmaram ao g1 que a área jurídica da pasta vinha analisando o contrato com a Pfizer e afirmaram que a chegada das vacinas ainda vai levar “algumas semanas”, sem especificar quantas.

No caso da vacina para crianças de 6 meses a 4 anos, as doses precisam ser importadas por terem composição, dosagem e rótulos diferentes das outras da farmacêutica.

Até dezembro, a Pfizer precisa entregar um “saldo” de cerca de 35 milhões de doses da última negociação com o governo federal. Parte dessas doses – ou a totalidade – poderia ser destinada para o novo público infantil, já que o contrato prevê o fornecimento de vacinas adaptadas ou para diferentes faixas etárias.

Histórico da demora

Entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022, a pasta demorou 21 dias para aprovar a vacina da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos após o aval da Anvisa. À época, também não havia doses dessa vacina no Brasil – elas demoraram um mês para chegar e começarem a ser aplicadas nos postos de saúde.

Mais recentemente, em julho deste ano, o Ministério da Saúde liberou o uso da Coronavac na faixa etária de 3 a 5 anos cinco dias depois da aprovação pela Anvisa.

Quando a mesma Coronavac foi liberada para crianças e adolescentes de 6 anos a 17 anos em janeiro (com exceção de imunossuprimidos), o governo demorou somente um dia para recomendar a vacinação desse público.

No histórico da campanha, o maior atraso do Ministério da Saúde na incorporação de novas faixas etárias na vacinação aconteceu quando a Anvisa autorizou, em junho de 2021, o uso da Pfizer na faixa etária a partir dos 12 anos. A pasta se posicionou sobre o assunto apenas em setembro.

À época, o Ministério da Saúde chegou a suspender a recomendação de vacinação nos adolescentes sem comorbidades, mas voltou atrás dias depois e novamente liberou a aplicação das doses da Pfizer para todo o público.

Nenhuma das liberações citadas acima passou pela análise da Conitec.

Silêncio do ministro

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, é o responsável por dar a palavra final em relação à vacinação dos pequenos, passando ou não pela Conitec.

Em entrevistas e aparições públicas recentes, Queiroga tem silenciado ou limitado as respostas sobre o assunto, assim como outros integrantes da sua equipe, como secretários e assessores próximos.

No dia 23 de setembro, durante um evento em Brasília, Queiroga afirmou para jornalistas que o início da vacinação a partir dos 6 meses “não deve tardar” e que o tema estava em análise na área técnica.

Em sua conta oficial no Twitter, Queiroga não escreveu uma única vez, nos últimos 30 dias, sobre a possibilidade de liberação da vacina contra a Covid para a nova faixa etária.

O ministro tem usado seu perfil oficial para falar sobre a campanha de vacinação contra a poliomielite e, principalmente, mostrar atos do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), muitos deles sem relação com a área da saúde.

G1/KV

Compartilhar faz bem!

Eventos

  • 1º Encontro dos Amigos da Empaer

    1º Encontro dos Amigos da Empaer

    Cidade:Dourados
    Data:29/07/2017
    Local:Restaurante / Espaço Guarujá

  • Caravana da Saúde em Dourados II

    Caravana da Saúde em Dourados II

    Cidade:Dourados
    Data:16/04/2016
    Local:Complexo Esportivo Jorge Antonio Salomão

Veja Mais Eventos

Balcão de Oportunidades / Empregos(Utilidade Pública)

Não é cadastrado ainda? Clique aqui

Veja todas as ofertas de vagas

Cotações

Indisponível no momento

Universitários

Serviço Gratuito Classificados - Anúnicios para Universitários
Newsletter
Receba nossa Newsletter

Classificados

Gostaria de anunciar conosco? Clique aqui e cadastre-se gratuitamente.

  • Anúncios

Direitos do Cidadão

Escritório Baraúna-Mangeon Faça sua pergunta
  • Tem uma senhora dai de Campo Grande que é uma estelionatá...Tem uma senhora dai de Campo Grande que é uma estelionatária aqui em Cuiabá, levou muita grana nossa, e uma eco esporte. Ela se chama LEUNIR..., como faço pra denunciar ela aí nos jornais?Resp.
  • Boa tarde, minha sogra teve cancer nos seios e retirou um...Boa tarde, minha sogra teve cancer nos seios e retirou um eo outro parcial ja faz um bom tempo que nao trabalha e estava recebendo auxilio doença mas foi cancelada e ja passou por duas pericias e nao consegui mais , sera que tem como ela aposentar?Resp.
  • quanto porcento e o desconto para produtor rural hoje out...quanto porcento e o desconto para produtor rural hoje outbro de 2013Resp.
  • meu irmao cumpriu dois ano e meio de pena foi asolvido 7 ...meu irmao cumpriu dois ano e meio de pena foi asolvido 7 a zero caso ele tenha alguma condenacao esse 2 anos e meio pode ser descontadoResp.
  • gostaria de saber se ae em muno novo vai ter curso pilota...gostaria de saber se ae em muno novo vai ter curso pilotar maqunas agricolas?? se tiver como fasso pra me escreverResp.
+ Perguntas

Espaço do Leitor

Envie sua mensagem:
Sugestões, críticas, opinião.
  • iraci cesario da rocha rocha

    Procuro minha irmã Creusa Maria Cesario ela era de Dracena SP , minha mãe esta idosa 79 anos precisa ver ela se alguem souber nos avisa ..contato 018 996944659 falar com Iraci ..minha irmã foi vista nessa região

  • iraci cesario da rocha rocha

    Boa noite , estou a procura da minha irmã Creusa Maria Cesario desapareceu ha 30 anos , preciso encontrar porque minha mãe esta com 79 anos e quer ver , ela foi vista ai por essa região , quem souber nos avise moramos aqui em Dracena SP

  • maria de lourdes medeiros bruno

    Parabéns, pelo espaço criado. Muito bem trabalhado e notícias expostas com clareza exatidão. Moro na Cidade de Aquidauana e gostaria de enviar artigos. Maria de Lourdes Medeiros Bruno

  • cleidiane nogueira soares

    Procuro por Margarida Batista Barbosa e seu filho Vittorio Hugo Barbosa Câmara.moravam em Coração de Jesus MG nos anos 90 .fomos muito amigos e minha família toda procura por notícias suas.sabemos que voltaram para Aparecida do Taboado MS sua cidade natal

  • Simone Cristina Custódio Garcia

    Procuro meu pai Demerval Abolis, Por favor, me ajudem.Meu telefone (19) 32672152 a cobrar, Campinas SP.

+ Mensagens