Parte da história da Independência está na família de morador de MS há 100 anos
Estado - Geral - 7 de Setembro
O relógio em comemoração ao centenário da Independência do Brasil está na família de Josélio Silveira de Barros há quase 100 anos, a joia histórica foi um presente de Getúlio Vargas ao seu pai, Vicente - Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado
Forjado em aço e ouro e com as insígnias da República Federativa do Brasil, um relógio de bolso destinado ao Brasil, em 1922, durante a comemoração do centenário da Independência, pertence à família do advogado Josélio Silveira de Barros há quase 100 anos.
Ao Correio do Estado, Barros explicou que o artefato histórico foi um presente de Getúlio Vargas a seu pai, Vicente de Barros Leite, que nasceu no Rio Grande do Sul e posteriormente mudou-se para o interior do Estado, ainda no antigo Mato Grosso.
Amigo de longa data do político, Vargas presenteou Vicente com a relíquia depois de assumir a Presidência do Brasil, em 1930.
A história do relógio centenário é complexa e divergente.
Alguns locais relatam que o item foi confeccionado pelo artesão europeu A. Huijbers. Teoria que se comprova com a presença da assinatura do artista na parte traseira do relógio.
Entretanto, não há vestígios a respeito do artesão, tampouco histórico da relação do mesmo com a peça.
Outra discrepância é em relação ao número de exemplares feitos e a origem.
Em alguns sites de leilões, a descrição da peça indica que os relógios foram feitos na Bélgica ou na Suíça.
Já em relação à quantidade destinada ao Brasil há divergência, de 100 relógios comemorativos à 10 mil peças, sendo 5 mil de ouro.
LIGAÇÃO ANTIGA
Josélio Silveira de Barros explicou que o pai conheceu o antigo presidente ainda na infância, durante o colégio, e foram amigos próximos por longos anos.
Na vida adulta, Vicente e Getúlio se interessavam por política, trabalhavam juntos e trocavam correspondências com regularidade.
O advogado aposentado não soube dizer com certeza em que ano Vargas presenteou o pai com o relógio. A relíquia ficou com o progenitor da família Barros até outubro de 1953, quando faleceu.
HERANÇA
Após a morte, Josélio e mais os seis irmãos resolveram sortear os bens do pai. Na ocasião, o relógio ficou com o filho mais novo, Adyr Silveira de Barros.
“Papai usava o relógio e tínhamos muita admiração, então, quando faleceu, ficava em um cofre em casa. Aí resolvemos fazer um sorteio. A gente admirava muito o pai, ele era um gaúcho muito legal”, comentou Barros.
No sorteio, Josélio herdou um revólver calibre 32. Entre os bens também estavam uma espada, outro revólver e um cavalo de raça. “Eu ganhei um revólver na caixa, novinho. Naquele tempo, usava muita arma. Ele tinha um outro, com cabo de madrepérola, lindo, que saiu para outro irmão”, acrescentou.
Dos sete filhos de Vicente de Barros Leite, apenas Josélio e uma das irmãs, de 93 anos, estão vivos.
O caçula faleceu em 2017, e a herança do relógio da Independência foi passada para a filha. “A minha sobrinha me emprestou para mostrar, e eu prometi que não deixaria ninguém pegar”, pontuou.
Para Josélio, ter o relógio na família significa a existência de mais uma memória viva do pai.
Quando perguntado se venderia a joia, caso fosse de posse do mesmo, Josélio afirmou que não há quantia que compre o simbolismo da peça.
“Eu não vendo de jeito nenhum. Eu sempre falava pro meu irmão me dar o relógio, porque queria ele, mas acabou que fiquei com outra coisa. Ele significa uma herança do meu pai, que recebeu uma joia histórica e que representa um marco na história do Brasil”, salientou.
O advogado evidenciou que o exemplar foi fabricado em aço negro, mas que o irmão mais novo, ingenuamente, mandou polir o relógio, “descaracterizou um pouco”, adicionou.
O RELÓGIO
O exemplar não está funcionando, entretanto, Josélio assegurou que o problema é fácil de ser resolvido, e que, até pouco tempo, a peça funcionava perfeitamente.
Acoplado à corrente que suspende a peça consta uma moeda de 20 cruzeiros, com o mapa do Brasil em alto-relevo.
De acordo com o filho de Vicente de Barros Leite, uma das características que torna o relógio especial, além da lembrança do pai, são os detalhes.
O relógio em comemoração ao centenário da Independência do Brasil está na família de Josélio Silveira de Barros há quase 100 anos, a joia histórica foi um presente de Getúlio Vargas ao seu pai, Vicente - Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado
No corpo, na parte traseira está o busto de José Bonifácio de Andrada e Silva, o patriarca da Independência. Na parte da frente, existe a estampa do emblema da República.
No botão de corda, a palavra “fico”, em referência ao dia, da famosa frase dita por Dom Pedro: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto. Diga ao povo que fico”, em 9 de janeiro de 1822.
Na parte lateral da joia, as datas comemorativas: 1825, primeira Constituição do Brasil (aqui considera-se um erro do artista A. Huijbers); 1888, data da assinatura da Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil; 1889, Proclamação da República Brasileira; e 1891, promulgação da primeira Constituição republicana do Brasil.
Por último, e não menos importante, na parte posterior da caixa do relógio, que possui duas tampas, a tampa externa traz em alto-relevo a imagem de D. Pedro I na cena do Grito do Ipiranga, com a inscrição “independência ou morte”.
“Meu interesse no mundo nunca foi dinheiro. Eu acho que tudo que é arte tem de ser mostrada. Eu detesto biblioteca. Toda a vida os milhões de livros que eu tive eu doei. Eu acho que ele tem de circular”, finalizou Josélio.
Conforme apurado, o relógio de comemoração do centenário da Independência foi feito no governo do 11° presidente da República Brasileira, Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa. Ele esteve à frente do País de 28 de julho de 1919 a 15 de novembro de 1922.
200 ANOS
Este ano, em comemoração ao bicentenário da Independência do Brasil, não serão entregues relógios de bolso, mas comercializadas moedas.
O Banco Central (BC) lançou em julho duas moedas comemorativas alusivas a 7 de Setembro, dia da Proclamação da Independência. Uma delas é de prata e a outra é de cuproníquel (liga de cobre e de níquel).
As moedas foram produzidas pela Casa da Moeda, sendo destinadas a colecionadores.
Conforme o site autorizado pela venda exclusiva dos itens, Clube da Medalha, a moeda de prata custa R$ 420,00 e a de cuproníquel, R$ 34.
INDEPENDÊNCIA
O processo histórico de separação entre Brasil e Portugal aconteceu em 7 de setembro de 1822.
Após proclamação, feita por Dom Pedro I, às margens do Rio Ipiranga, com os dizeres: “Independência ou morte”. As palavras ficaram conhecidas como grito da independência.
O episódio é considerado um dos mais importantes da história do País, por colocar fim ao domínio econômico e político de Portugal sob o Brasil.
Correio do Estado/KV
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