Terra do Incra vira churrascaria no Mato Grosso do Sul
Estado - Ações Judiciais - Empreendimento
Foto: O Globo (Paulo Yafusso)
O juiz federal Moisés Anderson Costa da Silva determinou o bloqueio dos bens e de contas bancárias de cinco pessoas, entre elas o ex-superintendente do Incra em Mato Grosso do Sul Luiz Carlos Bonelli e de Valdir Périus, que era o adjunto do órgão, além do presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri), Geraldo Teixeira de Almeida. Eles são acusados pelo Ministério Público Federal de improbidade administrativa, por terem cedido área em assentamento onde foi erguida uma churrascaria particular. Segundo o MP, o empreendimento teria custado R$ 1 milhão.
De acordo com a decisão, o bloqueio é para garantir que sejam retidos, de cada um dos acusados, o montante de R$ 296 mil. O juiz determinou que o Detran e os cartórios de Campo Grande e Nova Andradina informem os bens que constam nos nomes dos envolvidos. O mesmo pedido foi enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Pela decisão, caso a quantia existente nas contas não atinja o valor estipulado, serão confiscados bens até que se atinja esse montante.
Na ação de improbidade administrativa movida pelo procurador da República em Dourados, Marco Antonio Delfino de Almeida, consta que o Incra, em 2007, repassou à Fetagri, para uso provisório, uma área de 30 mil metros quadrados no assentamento Teijin, em Nova Andradina, a 280 quilômetros de Campo Grande. A Fetagri cedeu metade da área a Ari Inéia. Depois, Cleito e André Bender passaram a ter a posse do local, onde foi erguida uma churrascaria, às margens da BR-267, um dos principais acessos para a Região Sudeste. Segundo o MP, a transferência foi ilegal.
O presidente da Fetagri negou irregularidades. Disse que a Fetagri cedeu o imóvel a Ari, que morreu num acidente. Por isso, a área ficou com Cleito e André. Teixeira disse que Bonelli não tem envolvimento na transferência da área para os donos da churrascaria e assumiu a responsabilidade.
- Não tem nada de errado, o Incra destinou a área para o núcleo urbano do assentamento. É assim que se formaram vários municípios do estado, como Bodoquena e Novo Horizonte do Sul - disse.
Bonelli e o seu então adjunto, Valdir Périus, não foram encontrados. O MP pede a demolição da churrascaria, multa de R$ 592 mil e a perda da função pública e dos direitos políticos por até dez anos dos acusados. Teixeira preside a Fetagri desde os anos 90. Bonelli e Périus ocuparam cargos no Incra quando o PT governava Mato Grosso do Sul.
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