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Grupo filiado ao PP (Partido Progressista) está tentando ingressar nas fileiras do PTB via cúpula nacional, ou seja, sem primeiro discutir a questão com o presidente do partido em Mato Grosso do Sul, Ivan Louzada. Na prática, o desejo destas lideranças de ingressar no PTB chegou até as mãos do senador e ex-presidente da República, Fernando Collor de Melo (AL), por meio de um e-mail.

O documento é assinado pelo vereador Lídio Lopes, pelo diretor-presidente da Emha (Empresa Municipal de Habitação), Paulo Matos, por Luiz Pedro Guimarães, Paulo Nonato de Carvalho e o ex-deputado Jorge do Amaral. Eles garantiram a Collor que o PP tem 30 mil votos em Mato Grosso do Sul e que, se forem mesmo para o PTB, “levariam” boa parte de seus filiados para o PTB, entre os quais, presidentes de diretórios municipais, prefeitos, vices e vereadores.

Alguns membros deste grupo são ligados politicamente ao ex-deputado federal Antônio Cruz, que presidiu o diretório regional do PP e perdeu o comando da sigla após ser derrotado na disputa pela reeleição. A presidência do partido foi parar nas mãos do deputado estadual Alcides Bernal. Cruz, que hoje está filiado ao PMDB, também já foi presidente regional do PTB e deixou uma dívida milionária para o partido quitar, entre outras pendências jurídicas e financeiras. Até hoje, briga na Justiça com o atual comando petebista de Mato Grosso do Sul.

Em junho do ano passado, o PTB foi condenado a pagar dívida de R$ 1,4 milhões com a ZN Makenting, Publicidade e Promoções Ltda., pelo trabalho feito na campanha de 2004, quando Antonio Cruz foi candidato a prefeito de Campo Grande.

A ZN ingressou com a ação contra o PTB, o ex-presidente Antonio Cruz, e o então candidato a vice-prefeito Luiz Pedro Gomes Guimarães, mas a juíza Sueli Garcia Saldanha, da 10ª Vara Cível, entendeu que, segundo o Código Eleitoral, “toda propaganda eleitoral será realizada sob a responsabilidade dos partidos e por eles paga”. Com isso, a condenação ao pagamento da dívida recaiu apenas sobre o partido herdado por Louzada.

Na ação, que tramita desde 2006, a ZN afirma que foi contratada por “serviços de publicidade e marketing eleitoral em benefício das candidaturas do partido nas eleições de 2004, especialmente para os cargos de prefeito e vice-prefeito”. O acordo ainda teria incluído o compromisso de pagamento de quatro duplicatas, que somariam R$ 1,2 milhão. Todas teriam sido assinadas por Luiz Pedro.

Apesar de não dizerem claramente a Collor que a intenção do grupo é tomar o comando do partido de Louzada, a manobra ficou clara para o comando nacional da legenda.

Após tomar conhecimento do e-mail, o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, encaminhou o documento a Louzada, detalhando a intenção dos progressistas em aterrissar no partido em que Antonio Cruz deixou um enorme rombo em suas finanças.

O dirigente regional disse que as portas do PTB “estão abertas” para todos os integrantes deste grupo político, e que só não faria o convite oficial ao vereador Lídio Lopes, por defender a fidelidade partidária, sobretudo de quem detém mandato eletivo.

“Conheço todos eles, são meus amigos, e abro as portas do partido para eles, basta virem conversar comigo”, declarou Louzada, ao minimizar o assédio dos progressistas sul-mato-grossenses.

FORÇA POLÍTICA

Depois de “segurar as pontas” do partido em um momento em que o PTB foi destroçado política e financeiramente por seus ex-comandantes, Ivan Louzada ganhou pontos com a direção nacional, que acha improvável tirar-lhe a presidência do partido.

Hoje, inclusive, ele é vice-presidente nacional da FIGV (Fundação Instituto Getúlio Vargas), instituto de estudos e pesquisas da legenda.