Eles são empreendedores e empregados ao mesmo tempo
Brasil - Negócios - Dupla Jornada de Trabalho
Imagem: Boletim do Empreendedor
Ter uma dupla jornada de trabalho pode ser desgastante.
No entanto, a configuração muda quando uma das tarefas é administrar o seu próprio negócio.
Aí, o que poderia ser considerado exaustivo torna-se agradável e até com perspectivas de bons lucros.
Há alguns anos, esta realidade começou a se espalhar no Brasil.
Até então, ser empreendedor e empregado ao mesmo tempo era algo mais comum entre norte-americanos e europeus – mais avançados em relação a esta tendência.
O empurrãozinho para a mudança no cenário deve-se, em boa parte, à tecnologia, que permite uma mobilidade maior e não exige a presença física dos profissionais em tempo integral em seus locais de trabalho. “No passado, era mais difícil administrar um negócio enquanto se mantém um emprego. Hoje é mais fácil, os meios remotos ajudam nesse controle”, afirma Reinaldo Messias, consultor do Sebrae.
Foco no planejamento
Manter dois trabalhos ao mesmo tempo exige, no mínimo, uma clareza muito grande do passo que se está dando.
De acordo com Messias, para ser bem sucedido nos negócios e não perder o controle da quantidade de tarefas a serem administradas, é necessário adotar um formato de gestão eficiente para minimizar a necessidade da presença do dono na empresa. “O segredo é administrar bem o negócio, para que ele exija o mínimo da presença do empresário. O papel estratégico continua sendo do empreendedor, mas a parte operacional pode ser feita por pessoas contratadas”, diz o consultor.
A teoria defendida por Messias é seguida à risca por Fernanda Cirino, 24 anos, dona da Maria Bombom, uma pequena fábrica de chocolates. Gerente de logística da multinacional Procter & Gamble, empresa na qual trabalha há quatro anos, ela montou o primeiro negócio com uma amiga quando cursava hotelaria, com apenas 18 anos.
A sociedade acabou, mas Fernanda continua tocando a empresa sozinha. “O segredo é o planejamento”, revela. Para dar conta das nove horas de trabalho na P&G e ainda acompanhar cada passo de sua empresa ela conta com a ajuda da família, duas funcionárias e dois vendedores comissionados. A “fabriquinha”, como ela chama o espaço onde são feitos os chocolates, as trufas e os pães de mel, é visitada, no mínimo, uma vez por semana, à noite, depois de cumprir suas obrigações no emprego.
Sábados e domingos também são destinados ao empreendimento, que ainda não possui uma loja própria. “Tudo é feito com muita organização e planejamento. Em três anos pretendo abrir meu primeiro ponto de venda, que será gerenciado por minha mãe”, conta.
A jovem nem pensa em abandonar o seu emprego na multinacional. Mesmo com propostas de investidores em tornar a Maria Bombom maior, ela segue firme na decisão de manter os dois trabalhos. “Gosto muito do que eu faço e dentro de uma empresa grande, como a que eu trabalho, consigo ficar por dentro de tendências de mercado e novidades”, ressalta.
Orquestrar a dupla função, defende Messias, depende basicamente de organização, transparência e, claro, disposição para enfrentar os desafios diários do emprego e do negócio. “Manter os dois tem um custo. Fica mais caro administrar a empresa. Você tem que contratar pessoas de confiança para tocar o negócio e realizar a gestão remota dos recursos humanos”, explica Messias.
Além disso, ressalta o consultor, as parcerias com fornecedores e clientes são importantes e ambos devem entender que você não estará sempre presente.
Evite os conflitos éticos
Para que a vida de empresário e empregado não se torne um pesadelo é fundamental evitar conflitos entre a gestão da empresa e a conduta de funcionário.
Segundo Reinado Messias, o inconveniente pode acontecer quando um profissional resolve abrir um negócio próprio na mesma área de atuação da companhia da qual é contratado como funcionário. “Notificar a empresa em que você trabalha é importante. Fale qual é o seu propósito abrindo uma empresa. Um empregado pode abrir a sua empresa, não há problema nenhum nisso, desde que as atividades não sejam conflitantes”, recomenda.
Perder a eficiência como funcionário ou perceber que o negócio próprio poderia ser melhor conduzido com o acompanhamento direto das atividades são indicadores de que talvez seja hora de seguir com apenas um dos trabalhos.
Fazer uma escolha é arriscado, mas é o que Silvia Pires, produtora de mel, pretende fazer no futuro. Dona do Apiário Chalé, em Vargem, interior São Paulo, ela mantém uma rotina atribulada, trabalhando também em um escritório de representação de máquinas e suprimentos para indústria textil durante a semana.
Silvia conta com ajuda do pai para manter a manutenção dos negócios. “Neste ano, a produção foi recorde, quase uma tonelada de mel”, comemora. Com o respaldo da Associação dos Produtores Apícolas de Piracaia e Região (APAP), ela precisa se desdobrar para dar conta de tudo. “A atividade do mel exige muito do meu tempo. A boa produção é reflexo do trabalho que fizemos no ano passado de revitalização e melhor organização das colmeias, seguindo as orientações do Sebrae”, conta.
A difícil decisão de tornar-se empresária em tempo integral ainda não foi consumada. Como muitos empreendedores que mantêm um emprego formal, Silvia ainda depende da renda proporcionada por seu trabalho no escritório. ”O principal motivo para eu não ter deixado o meu emprego é o baixo rendimento que a atividade apícola proporciona devido à nossa pequena produção”, diz. Mas, a médio prazo, ela enfatiza, se dedicará a apenas uma tarefa: a produção do mel.
Satisfação garantida
Tornar-se empresário e manter o emprego é possível.
No entanto, para a conciliação dar certo, um pilar deve ser preservado. O prazer. Sem este elemento, diz Reinaldo Messias, um empreendimento não alcança o sucesso e, na pior das hipóteses, há chances de provocar um desastre, que pode culminar na perda do emprego ou na morte prematura de um empreendimento. “Se você não estiver gostando da nova vida em dupla função, só vai ter prejuízo. E no final, perdem os dois, o emprego e o negócio”, alerta o consultor.
A insatisfação e a sobrecarga de trabalho minam as chances de sucesso. Sempre atenta a esses sinais, a empresária Cida Blaz consegue gerir duas carreiras distintas. Formada em história, Cida dá aulas na rede pública e mantém um atelier que leva seu nome e comercializa doces finos, feitos para bufês. Como sempre teve a culinária como um hobby, ela cursou gastronomia.
No entanto, a professora ficou atenta aos sinais e viu que seria exaustivo demais manter as aulas nas redes pública e privada e ainda administrar a confeitaria. Por isso, abriu mão dos alunos da escola particular para se dedicar ao negócio. “Sempre gostei de história e do meu trabalho como professora, mas também sempre gostei de culinária. Fiz o meu primeiro bolo com seis anos”.
O Ateliê Cida Blaz está em seu primeiro ano. Com ajuda do filho, a empresária pretende abrir um quiosque em um shopping em breve e quando isso acontecer, ela diz, continuará dando aulas de história.
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