Imagem: Mônica Alves/AE (presidente da ANP, Haroldo Lima)

Presidente do banco defende aumento da produção do álcool e diz que instituição tem condições de ampliar financiamento para o setor sucroalcooleiro do País.

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou ontem que o banco tem condições de financiar entre R$ 30 bilhões e R$ 35 bilhões, de 2011 a 2014, para projetos do setor sucroalcooleiro. Ele destacou, na saída da cerimônia de abertura do Ethanol Summit, em São Paulo, evento que termina hoje, que há maior necessidade de ampliar a produção de cana-de-açúcar para moagem e também incrementar a capacidade produtiva das usinas. “Existe demanda e pouca oferta de cana, portanto, é necessário renovação e ampliação dos canaviais, o que não ocorreu recentemente em função da redução dos investimentos no setor com a crise financeira mundial (de 2008)”, comentou Coutinho.

“Também é importante aumentar a capacidade produtiva das usinas, sua estocagem, bem como fazer investimentos em desenvolvimento tecnológico, que dispõem de uma linha de financiamento especial da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep),” disse.

Coutinho destacou que os financiamentos que estão sendo concedidos às empresas dão atenção especial a algumas cláusulas importantes para a melhoria da produtividade, relacionadas com a mecanização da colheita. “Isso é importante porque, de um lado, elimina a jornada de trabalho excessiva (dos trabalhadores) e, por outro, visa reduzir a queima da cana”, disse. Ele afirmou que os financiamentos do banco para o setor devem ficar, em 2011, próximos aos R$ 7,6 bilhões concedidos pela instituição ao segmento em 2010.

Coutinho disse ainda que, devido à elevada demanda de álcool no mercado interno, o principal alvo dos investimentos deve ser atender o consumo doméstico do combustível e não a exportação. Ele ressaltou que, dos R$ 7,6 bilhões emprestados em 2010, R$ 4 bilhões foram destinados à aquisição de máquinas e equipamentos.

ANP – A primeira resolução da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) como reguladora do mercado de etanol será sobre garantia de abastecimento e deverá ser levada à consulta pública em cerca de 15 dias.

A informação é do presidente da ANP, Haroldo Lima.

Ao sair da cerimônia de abertura do Ethanol Summit, Lima afirmou que esta resolução terá uma regulação de toda a cadeia, da produção à distribuição. “Não iremos regular apenas uma parte da cadeia, mas toda ela. Só assim conseguiremos garantir o abastecimento”, afirmou o executivo.

Lima afirmou que a ANP está trabalhando intensamente com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) para se inteirar do mercado de etanol. “Dominamos os mercados de gás e petróleo, mas etanol é novidade e precisamos aprender com quem sabe”, relatou.

Bioenergia – O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse no evento que o governo não está planejando alterar o preço da gasolina, apesar da estabilidade do preço do combustível, que é uma das queixas do setor sucroalcooleiro.

O ministro comentou que, neste momento, o governo conversa com os representantes das usinas para estudar formas de garantir o abastecimento com etanol. Ele ressaltou que, se for necessário, o governo irá reduzir o percentual de álcool anidro na gasolina, que hoje está entre 18% e 25%.

Lobão salientou que a medida não deverá ser implementada agora, quando a safra de cana está entrando no mercado, mas que a iniciativa pode ser tomada na época de entressafra do produto.

O ministro Lobão afirmou que o governo vai apoiar o setor sucroenergético a alcançar uma capacidade instalada de 17 mil megawatts (MW) de bioeletricidade a partir de bagaço de cana-de-açúcar, ante os atuais 6 mil MW, até 2019. Segundo o ministro, a exploração de petróleo do pré-sal não irá reduzir o apoio do governo ao setor de bioenergia, que oferece uma energia limpa.

“Tudo isso é que garantirá suprimento energético para o Brasil nas próximas décadas”, afirmou Lobão.