O choque do etanol (parte I)
Brasil - Economia - Açucar e Biocombustivel
O que os brasileiros devem esperar do biocombustível após a alta recorde na entressafra da cana – que também surpreendeu o governo federal, os usineiros e até os americanos
Foto ilustrativa: exame.abril.com.br (Usina da Cosam em Caarapó-MS)
Desde meados de março deste ano, o advogado e professor universitário Márcio Manoel Maidame usa gasolina para abastecer seu veículo flex.
O motivo é o mesmo que fez com que, nos últimos meses, milhões de brasileiros trocassem o etanol pela gasolina: o preço, que atingiu patamares tão altos que forçou o Brasil a importar o combustível dos Estados Unidos, justamente no mês em que o presidente Barack Obama visitou o país.
Convém lembrar que há vários anos o Brasil tenta abrir o mercado americano para seu etanol de cana, considerado menos poluente que o álcool de milho produzido no Meio-Oeste, mas esbarra em uma tarifa de 16 centavos de dólar por litro que inviabiliza as exportações. Durante a visita de Obama, a presidenta Dilma Rousseff chegou a pedir ao mandatário americano o fim dessa barreira. Porém, se não estamos produzindo etanol nem para o gasto, como podemos pensar em exportação? O fato é que a alta dos preços assustou não apenas os consumidores brasileiros, mas também o governo federal, que ameaça intervir no setor. Já a indústria garante que a crise é passageira e pode até acelerar os investimentos na produção.
Entre dezembro e abril, as cotações do combustível dispararam, acumulando alta recorde no país, e esfriaram a demanda pelo etanol. A pressão sobre a gasolina foi tamanha que a Petrobras não descarta um aumento no preço do combustível ainda no primeiro semestre deste ano. No mercado interno, o consumo de derivados de petróleo já ultrapassa a produção e deve gerar um deficit de US$ 18 bilhões na balança comercial de derivados neste ano, segundo a RC Consultores. Em 2010, as compras ultrapassaram as vendas em US$ 13 bilhões, volume que era da ordem de US$ 3,2 bilhões em 2000.
Usineiros explicam que a seca registrada no segundo semestre do ano passado prejudicou o desenvolvimento dos canaviais brasileiros, que renderão uma safra menos volumosa em 2011. O governo, diante do susto, estuda possíveis intervenções nesse mercado, a fim de evitar futuros imbróglios como o atual. Enquanto isso, os consumidores brasileiros – os únicos do mundo que podem decidir na bomba qual combustível vão usar – se perguntam se é possível confiar no etanol.
Apesar do tropeço atual, ao que tudo indica, sim. Para muitos, os problemas do abastecimento no mercado interno refletiram uma conjunção de fatores atípicos: a crise financeira internacional, que a partir de 2008 provocou a desaceleração do crescimento do setor; uma forte valorização do açúcar ao longo dos últimos dois anos, que somou 72%; e o registro de clima excessivamente seco no último semestre de 2010, que afetou o desenvolvimento dos canaviais. Com isso, a safra 2011/2012 somará 568,5 milhões de toneladas na região centro-sul do Brasil, segundo projeções feitas pela União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica).
Se comparada à safra passada, a produção atual será 2% maior, o que pode ser considerado um crescimento ínfimo para um segmento que dobrou de tamanho em apenas uma década e registrou aumento da ordem de 10% ao ano entre 2000 e 2008. A redução da taxa de crescimento por si só já seria um problema, uma vez que o consumo de açúcar é impulsionado pelo crescimento vegetativo da população e a demanda de etanol no Brasil está consolidada e, em geral, cresce no ritmo das vendas de carros flex.
Mas neste ano um outro fator pesou na balança contra o etanol: os preços internacionais do açúcar alcançaram cotações excelentes, o que está fazendo os usineiros aumentar a produção nesta safra. Uma decisão que gerou polêmica nos primeiros meses do ano, quando os produtores foram acusados de deixar o etanol de lado para investir na produção de açúcar. “Existe uma pequena migração para o açúcar, porque isso faz parte das regras do jogo, mas dizer que os usineiros abandonaram o etanol é um grande erro”, avisa Marcos Jank, presidente da Unica.
Segundo ele, a flexibilidade das usinas para optar por açúcar ou etanol se restringe a apenas 6% da produção de cana. Além disso, explica, desde 2008 é o açúcar que está sustentando a atividade sucroalcooleira. E, com a migração de cerca de 30 milhões de pessoas das classes D e E para a classe C, o consumo desse produto cresceu sensivelmente no mercado interno, o que elevou os preços em 7% em 2010.
Com isso, a projeção é que a produção deste ano seja 3,2% maior, somando 34,58 milhões de toneladas de açúcar, enquanto o aumento da industrialização de etanol será de apenas 0,52%, para 25,51 bilhões de litros, o suficiente, segundo a Unica, para garantir o abastecimento de 45% da frota de veículos flex que circula no país. No ano passado, foi possível atender a 50% da frota. Mas, se mantido o ritmo de crescimento atual da produção e da demanda, o combustível será suficiente apenas para abastecer 37% da frota em 2020.
Globo Rural / MShoje.com
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