Lenín Moreno e Rafael Correa: de aliados políticos a arqui-inimigos no Equador
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O então presidente eleito do Equador, Lenin Moreno (dirieta) celebra o resultado da eleição ao lado do seu antecessor Rafael Correa, em 2017, quando ainda eram aliados — Foto: Mariana Bazo/Reuters
A convulsão deflagrada pela suspensão de subsídios nos combustíveis espelha duas forças políticas ambivalentes no Equador, protagonizadas por ex-aliados políticos: o atual presidente, Lenín Moreno, e seu antecessor, Rafael Correa. Um acusa o outro de manipular a grave crise que se instaurou há uma semana no país, obrigando o governo a transferir a sede do governo da capital Quito para a cidade portuária Guayaquil.
O presidente responsabiliza seu opositor pelos protestos violentos e orquestrar uma tentativa de golpe. De Bruxelas, onde se exilou há dois anos para fugir das acusações de corrupção, Correa faz campanha contra Moreno e defende novas eleições.
Nem sempre foi assim. Quando os dois ainda partilhavam a mesma linha política, o ex-presidente apoiou seu vice e o ajudou a se eleger em 2017. Ambos dividiram a chapa eleita em 2006 e reeleita em 2009.
Quatro anos depois, no pleito de 2013, Moreno -- paraplégico desde 1998 em uma tentativa de assalto -- deixou o governo e mudou-se para Genebra, para auxiliar o secretário-geral da ONU em questões de acessibilidade. O cargo de vice foi então ocupado por Jorge Glas, que seria, em 2017, a primeira opção de Correa a candidato presidencial.
Como Glas não emplacava nas pesquisas de opinião, o então presidente se voltou para seu vice anterior e inverteu a chapa. Eleito, Moreno tomou distância de Correa, passando a buscar identificar os funcionários envolvidos no escândalo de corrupção protagonizado pelo governo anterior e a empresa Odebrecht.
O vice Jorge Glas foi afastado do cargo e teve a prisão preventiva decretada. Condenado em dezembro de 2017, ele cumpre sentença de seis anos de prisão por receber US$ 13,5 milhões em propinas. Moreno cortou definitivamente os vínculos entre seu governo e a Odebrecht.
Revogou também, após um plebiscito vitorioso, a lei que estabelecia a reeleição indefinida, adotada em dezembro de 2015 por seu antecessor, que permaneceu uma década no poder. O presidente determinou o fim do asilo político a Julian Assange, fundador do WikiLeaks, refugiado desde 2012 na sede da embaixada do país em Londres. E virou as costas para a Venezuela de Nicolás Maduro.
Correa não perdoou seu herdeiro político e rotulou-o de traidor. O atual presidente chegou a ter 70% de popularidade ao pôr em prática o que chamou de cirurgia contra corruptos.
Mas a fatura chegou na forma de um empréstimo de US$ 4,2 bilhões do FMI e, como consequência, de um pacote de austeridade que elimina subsídios de combustíveis e restringe os gastos sociais. As medidas representam um aumento de 123% nos preços da gasolina e do diesel e fizeram despencar para menos de 30% a popularidade de Moreno.
“Não creio que haja uma maneira simpática de dizer à população que os combustíveis vão aumentar. Mas vivemos a consequência da farra dos últimos 12 anos”, analisa Guillermo Lasso, que disputou as últimas eleições com Moreno.
O país está mergulhado no caos, com protestos violentos, saques e invasões, capitaneados por lideranças indígenas. Com estado de emergência decretado por dois meses e toque de recolher em repartições públicas, equatorianos assistem a uma espécie de déjà vu da instabilidade nos anos pré-Correa, quando chegou a ter oito presidentes em dez anos.
Três deles -- Abdalá Bucaram, Jamil Mahuad e Lucio Gutiérrez -- foram derrubados por protestos semelhantes ao que presenciamos há uma semana. Moreno, que ainda tem o apoio de empresários e das Forças Armadas, descarta a renúncia. Mas precisa de uma estratégia melhor do que a de apenas acusar seu antecessor de golpista.
G1/KV
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