Trânsito, hotéis lotados e 150 mil visitantes: conheça a pequena cidade do Chile que verá o eclipse solar total
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La Serena está dentro da região do planeta que irá assistir o fenômeno. Com uma orla agradável e bons pontos de observação, se tornou o principal lugar para assistir ao fenômeno no país.
Pôr do sol na orla de La Serena, no Chile. Na terça-feira, cidade vai ver a fase total do eclipse ocorrer cerca de uma hora antes do registro dessa foto e, por isso, o sol vai estar mais alto no céu. — Foto: Carolina Dantas/G1
La Serena, no Chile, é uma cidade com 250 mil habitantes. Nesta semana, está na rota do eclipse solar total e ganhou 150 mil pessoas extras. São jornalistas, astrônomos amadores e profissionais, fotógrafos de astronomia, apaixonados pelos fenômenos do céu. Gente do mundo todo.
A cidade tem uma avenida principal junto à orla da praia. Nesta época do ano, quando a temperatura chega perto de 0ºC, as coisas ficariam mais calmas – no verão, a região costuma receber visitantes do país todo. Com a chegada de todos os turistas fãs do eclipse, o cenário no inverno é outro: trânsito, trailers estacionados e vendedores ambulantes.
Em La Serena, o eclipse solar desta terça-feira entra em sua fase parcial, às 15h22 (16h22 no Brasil), e na total, às 16h39 (17h39 do Brasil). Será 1 minuto e 52 segundos de escuridão, um fenômeno curto, mas que é difícil de ver: o último no Brasil foi em 2006, visto no Rio Grande do Norte, e o próximo será em 2045. Na região de La Serena, o próximo será em 2075 e anterior foi em 1893.
Na estrada
Com essa muvuca astronômica, ouve-se principalmente três línguas principais na faixa de areia da praia de La Serena: espanhol, português e inglês.
Ivan Hemmers, de 25 anos, e Sofia Decarlini, de 23, são um casal de Córdoba, na Argentina. Estão na estrada há 5 meses e estacionaram seu carro amarelo na orla da cidade. Eles viajam sem tempo definido e, para tirar um dinheiro, decidiram vender pizzas caseiras na Avenida del Mar. Conheceram outros amigos, com um motorhome, e assim pretendem ver o eclipse. Passaram por La Rioja, San Juan, Mendonza, Santiago do Chile e, agora, La Serena.
“Nos conhecemos aqui e agora estamos juntos vendendo pizza. Vamos continuar estacionados e assistir ao eclipse da orla”, contou Ivan.
Sentadas na areia, poucos metros à frente de Ivan e Sofia, estão Paula Barros, de 56 anos, e Glória Barros, de 83. São mãe e filha, tomando um chá e um café no frio de 5ºC no final da tarde, mas com um belíssimo pôr do sol. Elas vieram de Santiago.
“Temos uns amigos por aqui e vamos sair para uma praia mais longe amanhã. É a primeira vez que vemos o eclipse juntas, gostamos de ir viajar em família”, contaram.
Sozinho, ali ao lado na areia, está o chileno Eduardo Aguillera, de 32 anos, fotógrafo amador. Ele está treinando para conseguir fazer suas primeiras imagens de um eclipse. Comprou lentes e filtro específicos.
“Vou até uma pequena vila de 200 habitantes para conseguir ver um pouco mais da sombra. Como é mais longe, vai durar 15 segundos a mais”, explica.
Segurança e liberdade
Uma rápida caminhada em La Serena conversamos com irlandeses, americanos, argentinos, poloneses, franceses e brasileiros.
A 150 quilômetros da cidade está o Observatório La Silla, no pé do deserto do Atacama. Lá, as chances de as nuvens atrapalharem a visualização são menores. No caminho, é possível ver uma infraestrutura recém montada, com letras turísticas: ATACAMA ECLIPSE 2019. Os jornais locais avisam: a internet pode cair durante o fenômeno devido à grande quantidade de usuários.
O G1 e a TV Globo irão assistir ao eclipse no observatório, junto com convidados. São 1 mil pessoas que receberam o convite no mundo. Os poucos ingressos para o público, vendidos a US$ 2 mil cada, esgotaram em 3 minutos.
Os amigos Ciaran McGrath, Desmond Barry e Paul Lobby, da Irlanda, conseguiram comprar os tíquetes depois de “muito F5”. Eles estarão a 2,5 mil metros de altitude com os convidados do La Silla, uma chance única: é raro que um eclipse ocorra na mesma região que um observatório. Nos últimos 50 anos, isso aconteceu apenas duas vezes: em 1961, no L'Observatoire de Haute-Provence, na França; e em 1991, no Mauna Kea, no Havaí.
Os irlandeses dizem que querem entender como ocorrem algumas das descobertas do La Silla. Destacaram o exoplaneta Proxima B, que orbita a estrela Proxima Centauri. Com a ajuda do espectógrafo HARPS, que está no observatório, foi possível chegar à conclusão de que é o planeta fora do Sistema Solar mais perto do Sol – e, também, o potencialmente mais habitável.
Lá, existem telescópios maiores. Os astrônomos aproveitarão para registrar a coroa do Sol durante o eclipse – excelente momento para conseguir fotografá-la.
O caminho até o La Silla é cercado por montanhas, pedras, cactos. Grupos começam a acampar na estrada, com barracas e trailers.
Do Rio de Janeiro, depois de ter a casa assaltada, os brasileiros Durval Menezes e Monica Bizzo se aposentaram e estão pelo mundo. Compraram um motorhome e traçaram uma linha branca sobre um quadrado azul: marcou o eixo norte-sul celeste, uma forma de guiar o telescópio com mais precisão.
Eles dizem que a mudança de vida ocorre na busca de duas coisas: liberdade e segurança. “Uma não anda sem a outra”, como diz Monica.
“Você pode viajar para onde você quiser. Sou astrônomo amador, estamos aqui para observar o eclipse. Seria impossível de assistir, com todo o equipamento que eu tenho, com o tempo que precisa para preparar, se eu não pudesse dormir do lado que eu hoje eu estou. Não dá para voltar no doa seguinte e arrumar tudo de uma vez”, explica Menezes.
G1
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