Polícia Militar do RJ tem em média 1 psicólogo responsável por 577 policiais da ativa
Brasil - Ações Policiais - Segurança Pública
Tropa conta com cerca de 44,5 mil PMs e quadro médico tem 77 psicólogos que fazem atendimento. Sobrecarga de trabalho e equipamentos são principais reclamações dos policiais nas consultas.
— Foto: Gabriela Caesar/ G1
A Polícia Militar do Rio de Janeiro deixa a disposição de sua tropa 77 psicólogos, que cuidam da saúde mental dos agentes e servidores da corporação. Com o efetivo de aproximadamente 44,5 mil PMs, cada psicólogo é responsável por fazer o atendimento de uma média de 577 policiais.
Um oficial que supervisiona o atendimento aos policiais falou ao G1sobre os principais desafios dos psicólogos da tropa: ele compara o trauma sofrido por PMs no Rio aos vivenciados por soldados americanos que voltam das guerras.
Levando em conta PMs que não estão mais na ativa, a proporção de psicólogos por agentes pode ser ainda pior. A psicologia da Polícia Militar dá assistência ainda para policiais inativos, da reserva e dependentes dos PMs. Com a inclusão dessas categorias, o número de beneficiados sobe para cerca de 200 mil. A média, então, atingiria 2.597 pessoas para cada psicólogo.
O quadro da psicologia conta com 93 profissionais ao todo, mas nem todos desempenham a mesma função. A PM informou que são 69 funcionários fazendo atendimento, oito que se dividem entre funções diversas e atendimento e 16 que realizam atividades administrativas e “seleção de pessoal”.
O chefe do Núcleo Central de Psicologia da Polícia Militar, coronel Fernando Derenusson, afirmou que milhares de consultas são feitas anualmente. Apenas nos cinco primeiros meses de 2019, cerca de 11 mil atendimentos foram realizados pela equipe. O objetivo do núcleo é diminuir os riscos psicológicos para os PMs e, consequentemente, para a sociedade.
“Cada psicólogo nosso é responsável por salvaguardar a vida de diversos outros policiais que poderiam estar sendo afastados do trabalho, poderiam cometer tentativas de suicídio, poderiam estar oferecendo risco para si próprio e um risco aumentado para a sociedade”, disse Derenusson.
Os policiais da ativa representam 44% dos atendimentos feitos pelos psicólogos. Eles podem chegar ao departamento por dois caminhos: de forma espontânea e por indicação do superior. As três reclamações dos PMs mais recorrentes para procurar atendimento são:
Sobrecarga de trabalho
Equipamentos insuficientes
Trauma por perda de amigo de trabalho
“A gente percebe reclamações de sobrecarga de trabalho, dificuldade com equipamento, os equipamentos às vezes não são suficientes para o trabalho deles e a gente também percebe que quando um policial perde um colega ou vê um colega ser ferido, aquela capa de proteção psicológica é quebrada. A gente recebe muitos policiais que tiveram colegas feridos ou falecidos. Isso são coisas que vão minando a capa psicológica de proteção”, explicou Derenusson.
Tema foi mencionado em documentário da PM
A importância do tema para a corporação levou o assunto a ser abordado pelo documentário “Heróis do Rio de Janeiro”, lançado pela Polícia Militar em maio. A importância da saúde mental e dos esforços da equipe de psicologia foi retratada no longa-metragem da PM. Para Derenusson, os policiais do Rio de Janeiro vivem em “estado de guerra” diariamente.
“Esse cenário de guerra traz transtornos mentais típicos daqueles experimentados pelos veteranos de guerra americanos. A diferença aqui é que o policial reside na área da guerra. O policial não está em um país e depois retorna para a tranquilidade do seu lar. Durante a sua folga, o policial continua no cenário de guerra”, disse o coronel.
Sonho interrompido e transtornos mentais após confronto
Aguinaldo Silva é cabo da Polícia Militar e teve que cancelar o objetivo de participar de um batalhão de operações táticas. Ele foi atingido por um tiro no seu dedo indicador, o mesmo que usava para efetuar disparos.
“Qualquer policial baleado com uma lesão permanente vai adquirir, automaticamente, problemas psicológicos. Eu sonhava em fazer parte de um batalhão operacional como o Bope. Eu trabalhava em uma equipe tática e do nada eu acordo e o médico fala para mim que aquilo acabou e eu tenho que me reavaliar na polícia porque operacionalmente você não tem mais valor”, disse Aguinaldo.
Ele contou ainda que, atualmente, desempenha funções administrativas na corporação. Apesar de já ter passado 5 anos do seu acidente, Aguinaldo ainda sofre com alguns traumas psicológicos.
“Os danos psicológicos que a gente vive são inúmeros. No meu caso, que estava numa viatura e vi um grupo de meliantes [antes de ser atacado]. Hoje, quando estou dirigindo e passa um grupo de pessoas, bate um susto. Isso porque já se passaram 4 ou 5 anos”, disse.
“Até hoje me dói muito ver minha mãe, ela sofre até hoje e diz 'Eu não te dei para a polícia assim'. É uma situação horrível. A gente tem que se reinventar, a gente está aqui e temos que viver assim”, completou.
G1
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