Domingo 22/06/2025 17:46

Venezuela: da reeleição de Maduro à tentativa de tirá-lo do governo

Mundo - Política - Crise na Venezuela

Veja os principais fatos que levaram a Venezuela à beira do colapso.

 

Protestos se multiplicaram na Venezuela por causa de interrupções nos serviços de água e luz — Foto: Federico Parra/AFP

 

A tentativa de derrubar o regime de Nicolás Maduro é o mais recente capítulo na profunda crise política da Venezuela. O autoproclamado presidente do país, Juan Guaidó, afirmou na manhã desta terça-feira (30) que recebeu apoio das principais unidades das Forças Armadas e que deu início à fase final do que ele chama de "Operação Liberdade".

Há mais de 15 anos, a Venezuela enfrenta uma crescente crise política, econômica e social e chega agora à beira de um colapso, com inflação acima de 1.000.000% e milhares de venezuelanos fugindo do país. Neste mês, diversas interrupções no fornecimento de energia e água ameaçaram uma catástrofe sanitária. A ONG norte-americana Human Rights Watch disse que a saúde do país está sob "emergência humanitária complexa".

O presidente Nicolás Maduro continuou alegando que os problemas nos serviços públicos eram fruto de boicote. Em janeiro, a situação se agravou quando ele fechou as fronteiras e impediu a entrada de caminhões com alimentos e medicamentos.

Isso ocorreu depois que alguns países, incluindo o Brasil, atenderam ao pedido de Guaidó para auxiliar o povo venezuelano. Nicolás Maduro recusou as doações, acusando um plano de invasão disfarçada e alegando que poderia "comprar" os itens de Brasil e Colômbia.

Guaidó, membro fundador do partido Vontade Popular, teve sua declaração reconhecida por uma série de países – incluindo o Brasil e os EUA –, mas Maduro contava até então com o apoio dos militares, que denunciaram um "golpe de estado", e de aliados como Rússia, China, Cuba, Bolívia e México.

O tortuoso caminho da democracia do país já havia sido abalado antes, com a posse de Nicolás Maduro para seu segundo mandato como presidente, em 10 de janeiro, já que a reeleição do chavista teve sua legitimidade questionada por diversos países e órgãos internacionais.

Veja a seguir os principais fatos que contribuíram para que a situação na Venezuela chegasse ao nível atual:

Em 2002, Hugo Chávez sofre tentativa de golpe e endurece discurso contra oposição
Chávez amplia o número de juízes da Corte Suprema e assume controle do Judiciário
Manifestações ganham as ruas e são duramente reprimidas; líderes de oposição são presos
Sem referendo prévio, Maduro convoca uma Assembleia Constituinte que assume o Poder Legislativo
Eleições são adiadas e antecipadas repetidamente e oposicionistas são proibidos de disputar pleitos
Maduro é reeleito em uma votação acusada de fraude e com resultado não reconhecido por parte da comunidade internacional
Presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó se declara presidente interino e é reconhecido por diversos países
Países atendem pedido de Guaidó para distribuir ajuda humanitária, mas Maduro proíbe entrada de doações no país e fecha fronteiras com Brasil e Colômbia
Guaidó anuncia que se reuniu com os principais membros das Forças Armadas e diz que irá terminar a "usurpação".

Reeleição de Maduro

No poder desde 2013, após a morte de Hugo Chávez, Maduro foi reeleito em 20 de maio de 2018 para mais seis anos. Questionadas pela comunidade internacional, as eleições tiveram horário ampliado, denúncias de fraude, tentativa de boicote da oposição e abstenção de 54%. Imediatamente, diversos países e órgãos internacionais se recusaram a reconhecer a legitimidade de sua vitória.

A posse aconteceu quase oito meses depois, em 10 de janeiro, e Maduro prestou juramento perante o Tribunal Supremo de Justiça, já que o governo considerava que a Assembleia Nacional estava em desacato desde 2016, e esta, por sua vez, não reconheceu o resultado das eleições.

Em seu discurso, o presidente reeleito disse que a Venezuela está no "centro de uma guerra mundial", conflito que, nas palavras dele, é travado por "governos satélites dos Estados Unidos".

A oposição política venezuelana e diversos países – entre eles, os Estados Unidos, o Canadá e os membros do Grupo de Lima, do qual o Brasil faz parte – não reconheceram a legitimidade do novo mandato de Maduro. A Organização dos Estados Americanos (OEA) também declarou que não iria reconhecer o governo do socialista.

A maioria dos países latino-americanos, incluindo o Brasil, além de Estados Unidos e nações da União Europeia, não enviaram nenhum representante para a posse. No dia da cerimônia, o Paraguai rompeu relações com a Venezuela.

Presidência interina de Juan Guaidó

Após mais de um ano sem grandes manifestações, a oposição, agora sob liderança do presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, convocou um grande ato nacional para o dia 23 de janeiro, dia em que celebravam 61 anos da queda do regime militar de Marcos Pérez Jiménez.

Pela primeira vez em muitos meses, milhares de pessoas voltaram às ruas e, ao final do protesto, Guaidó se declarou "presidente interino" da Venezuela, já que, para o Congresso, Maduro é um "usurpador do cargo".

Em minutos, os Estados Unidos anunciaram que reconheciam a declaração do oposicionista, e o mesmo foi feito por diversos outros países, entre eles Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Peru e Reino Unido, entre outros. A União Europeia divulgou uma nota na qual não menciona a iniciativa de Guaidó, mas faz um apelo pela organização de “eleições livres e credíveis” no país.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, fala da sacada do Palácio Miraflores, em Caracas, ao lado de sua mulher, Cilia Flores, e do presidente da Assembleia Constituinte, Diosdado Cabello, em 23 de janeiro — Foto: Luis Robayo/AFP

Maduro, porém, rejeitou a declaração do adversário. Em um discurso na sacada do Palácio Miraflores no mesmo dia, ele disse que "Aqui não se rende ninguém, aqui não foge ninguém. Aqui vamos à carga. Aqui vamos ao combate. E aqui vamos à vitória da paz, da vida, da democracia".

Ele acusou ainda os EUA de dirigirem uma operação para impor um golpe de estado e anunciou o rompimento de relações diplomáticas e políticas com os Estados Unidos, estipulando um prazo de 72 horas para que os diplomatas norte-americanos deixassem a Venezuela.

Ajuda humanitária e fechamento de fronteiras

Países que apoiam Juan Guaidó atenderam ao pedido do autoproclamado presidente e organizaram planos de doação de alimentos e medicamentos para a população venezuelana. Nicolás Maduro, no entanto, afirmou que não permitiria a entrada de qualquer tipo de ajuda humanitária no país. O presidente afirmou que os venezuelanos “não são mendigos” e também acusou os EUA e outros países de usarem a suposta ajuda para encobrir um plano de invasão à Venezuela.

Na noite de dia 21 de fevereiro, o governo venezuelano determinou o fechamento da fronteira com o Brasil por tempo indeterminadopara impedir a passagem de caminhões com carregamento de doações. Dias antes ele já tinha mandado fechar uma ponte que ligava seu país à Colômbia e na mesma semana fechou a fronteira marítima e proibiu voos entre o território venezuelano e as ilhas holandesas de Aruba, Bonaire e Curaçao – esta última também definida por Guaidó e pelo governo local como ponto de coleta da ajuda humanitária.

A oposição determinou que 23 de fevereiro seria o Dia D em que tentaria fazer com que as doações chegassem aos venezuelanos, contando para isso com o auxílio de milhares de voluntários. Os principais pontos de armazenamento seriam em Cúcuta, na Colômbia, e em cidades de Roraima, no Brasil.

No final de semana, Maduro chamou aqueles que tentavam entrar com a ajuda humanitária de traidores e rompeu relações diplomáticas com a Colômbia.

Na fronteira com o Brasil, caminhonetes saíram de Boa Vista e foram até a fronteira com a Venezuela com ajuda humanitária, mas voltaram para o lado brasileiro no fim do dia. Venezuelanos protestaram e atacaram uma base do exército de seu país. Em Santa Elena, cidade venezuelana a 15 km da fronteira, três pessoas morreram e ao menos 15 ficaram feridas em confrontos com militares.

Do lado colombiano, mais de 60 militares venezuelanos abandonaram seus postos e pediram asilo no país vizinho, 285 pessoas ficaram feridas e dois caminhões que transportavam ajuda humanitária foram incendiados.

Caravana diplomática

Proibido de deixar a Venezuela por determinação do Tribunal Supremo, Guaidó partiu em 22 de fevereiro em uma caravana por vários países. O primeiro foi a Colômbia, onde assistiu ao show humanitário Venezuela Aid Live ao lado dos presidentes de Colômbia, Chile e Paraguai. Depois, participou de uma reunião do Grupo de Lima em Bogotá, na qual a Venezuela foi aceita tendo ele como representante.

Em 28 de fevereiro, Maduro chegou ao Brasil e se encontrou com o presidente Jair Bolsonaro. O brasileiro disse que não pouparia esforços para restabelecer a democracia no país vizinho.

Pouco antes da fala de Bolsonaro, Guaidó também fez um pronunciamento, no qual afirmou que a "luta" dele por democracia e liberdade na Venezuela é constitucional.

O opositor de Maduro também se reuniu com os presidentes do Paraguai, Argentina e Equador.

Retorno de Guaidó

Em 4 de março, o presidente autoproclamado retornou à Venezuelaconvocando novas mobilizações nas ruas. Naquele momento, ele dizia que 80% dos militares apoiavam a saída de Maduro.

"Vamos com tudo até conseguir a liberdade do nosso país."

O governo venezuelano havia ameaçado prender o opositor caso ele saísse do país, mas isso não ocorreu no seu retorno. Provavelmente por receio de uma forte reação internacional. Mais de 50 países, nesse momento, reconheciam Guaidó como presidente interino.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse na ocasião que o retorno seguro do opositor de Maduro à Venezuela era da "mais alta importância" para os EUA e ameaçou com "rápida resposta" se houver qualquer tipo de ameaça ou intimidação contra ele.

Apoio russo

No final de março, dois aviões russos com equipes e equipamentos aterrissaram no aeroporto internacional de Caracas. Segundo a imprensa local, chegaram 99 militares e 35 toneladas de material.

Em resposta, o presidente americano, Donald Trump, disse que os soldados russos precisavam deixar a Venezuela. O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, também disse esperar que os russos saíssem do país.

"Se a ideia deles é manter Maduro no poder por mais tempo, isso significa mais pessoas passando fome e fugindo do país, mais tragédia humana na Venezuela", disse o ministro.

A presença militar da Rússia em um país latino-americano, principalmente um no qual os EUA pressionam por uma mudança de governo, foi visto por especialistas ouvidos pela BBC como algo excepcional, mesmo para os antigos parâmetros da Guerra Fria.

G1/PH

Nicolas Maduro, Política, Crise na Venezuela, Governo

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