Domingo 16/06/2024 10:44

Embrapa Agropecuária Oeste oferece tecnologias para a conservação do solo

Estado - Agropecuária - Pesquisa e Tecnologias

(Entre as práticas para a conservação do solo, estão a manutenção da vegetação nativa, o combate à erosão, o reflorestamento e a rotação de culturas)

Foto: Milton Padovan (SAF_Gloria_de_Dourados_Milton_Padovan.jpg) - Sistemas Agroflorestais

Com o objetivo de contribuir para a preservação e recuperação dos solos brasileiros, a Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados/MS), empresa vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), desenvolve diversas pesquisas e colabora na difusão do programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), instituído pelo MAPA em junho de 2010.

A meta do programa ABC é a produção de alimentos e bionergia com redução dos gases de efeito estufa, com balanço positivo entre sequestro e emissão de dióxido de carbono (CO2). Para isso, a Embrapa Agropecuária Oeste, assim como outras Unidades da empresa, desenvolve e transfere tecnologias para que os produtores rurais adotem práticas agrícolas sustentáveis.

Foto: Júlio César Salton (SPD_Julio_Salton.jpg) - Sistema Plantio Direto 

Entre as técnicas que podem ser implementadas pelos produtores é o Sistema Plantio Direto (SPD), que já é adotada pela Embrapa Agropecuária Oeste desde sua criação em 1975 e, especialmente, a partir da década de 1980.

Esse é um trabalho de pesquisa que já possui resultados. Os três fundamentos desses sistemas são o não revolvimento do solo, a manutenção do solo coberto permanentemente e a rotação de culturas.

Em Mato Grosso do Sul, existem áreas cultivadas com esse sistema há mais de 30 anos, como no município de Douradina. “Essas condições vêm ao encontro das metas estabelecidas pelo Programa ABC, decorrentes de compromisso firmado pelo governo brasileiro para redução da emissão de gases do efeito estufa”, explica o Chefe-Geral da Embrapa Agropecuária Oeste, Fernando Mendes Lamas.

Os experimentos com Sistema Plantio Direto da Embrapa Agropecuária Oeste estão em Dourados, Ponta Porã, Três Lagoas e já aconteceu em São Gabriel do Oeste. “A conservação do solo sempre foi uma preocupação da Embrapa. Atualmente, estamos em um estágio muito bom de conhecimento e tecnologia ofertados para a região de Mato Grosso do Sul”, diz o pesquisador Júlio César Salton, da área de Manejo e Conservação do Solo.

Além dos três fundamentos do SPD, devem ser mantidos os terraços em propriedades que precisam ter a erosão contida. “O Sistema Plantio Direto reduz bastante a erosão, mas os terraços são práticas fundamentais”, ressalta Salton.

Segundo dados da Embrapa Agropecuária Oeste, o uso do SPD em Mato Grosso do Sul, de 1978 a 2008, resultou em uma economia de R$ 700 milhões no custeio da soja, que rendeu mais de 6 milhões de toneladas de grãos – o equivalente a R$ 4,2 bilhões. Nesse período, o estado deixou de perder 90 milhões de toneladas de solo – o equivalente a 43 mil hectares de terra –, assim como deixou de perder 1,3 milhões de m³ de água, 620 mil toneladas de calcário, 140 mil toneladas de super fosfato e 225 mil toneladas de KCI.

Tecnologias a favor

Há outras tecnologias tão importantes quanto o SPD, entre elas estão a Integração Lavoura-Pecuária (ILP), a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), os Sistemas Agroflorestais, Manejo Integrado de Pragas (MPI), o uso de adubação verde, a utilização de resíduos orgânicos, a redução de resíduos tóxicos no solo e a fixação de nitrogênio.

ILP e iLPF

A ILP é uma alternativa economicamente interessante, porque a agricultura, através da soja, pode conviver com o gado de corte, assim como a iLPF, que acrescenta a floresta nesse convívio.

No experimento de ILP, já vem sendo medido o sequestro de carbono do solo pelo sistema e, mais recentemente, está sendo medida a emissão de gases que causam o efeito estufa. “Essas informações foram úteis para subsidiar o Programa ABC”, afirma Salton.

Ao usar tecnologias mais modernas, é possível aumentar a produtividade da pecuária sem a necessidade de expandir a área. Segundo dados do pesquisador Armindo Kichel, da área de Sistemas Integrados de Produção Agropecuária da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande/MS), a estimativa de produção de carne em Mato Grosso do Sul sem a Integração Lavoura-Pecuária é de 40 kg/ha/ano em 188 milhões de ha. Com ILP,  em sistema completo cria, recria e engorda, a produtividade média é de 250  kg/ha/ano em 2 milhões de ha.

Resíduos orgânicos

Resíduos de frigoríficos e de dejetos de suínos podem ser usados como fertilizantes em compostos orgânicos, aumentando os teores de matéria orgânica do solo e fornecendo nutrientes. “Sem contar os aspectos ambientais, porque evita poluição e recicla nutrientes. Mas é importante enfatizar que outras técnicas devem ser associadas para a conservação do solo”, diz o pesquisador Walder A. G. de Albuquerque Nunes, da área de Gênese, Física e Morfologia do Solo da Embrapa Agropecuária Oeste.

Em Ponta Porã, os experimentos com resíduos da suinocultura, realizados pela Unidade da Embrapa em Dourados, são realizados em culturas de milho e soja.

A vantagem desse resíduo, mais usado na forma líquida, é a substituição parcial ou total do fertilizante mineral, porém a quantidade de 50 m³ por hectare por ano precisa ser respeitada. Acima disso, os teores de cobre e zinco são elevados, o que causa problemas às plantas.

A avaliação de dejetos de frigoríficos como compostos orgânicos está sendo realizado em culturas de mandioca, soja e milho. A grande vantagem desse método é adicionar matéria orgânica ao solo, podendo ser utilizado em doses elevadas, entre 10 e 12 toneladas por hectare nas primeiras aplicações, sem riscos ambientais.

Adubação verde e sistemas agroflorestais

 

O pré-cultivo de adubo verde a culturas de interesse econômico mantém o solo coberto o maior tempo possível durante o ano inteiro e incrementa a produtividade em torno de 10% a 20%.

 

Por isso, a Embrapa Agropecuária Oeste tem trabalhado com a adubação verde, identificando o potencial de produção de massa e de ciclagem de nutrientes de algumas espécies para entrar com o cultivo posterior de culturas de interesse econômico, como milho, feijão comum, feijão caupi e mandioca.

“Já temos resultados consolidados, de três anos de pesquisa, para a região da Grande Dourados, Cone sul do estado e para região mais central, como Nova Alvorada do Sul”, afirma o pesquisador Milton Padovan, da área de Agricultura com base ecológica da Embrapa Agropecuária Oeste.

O uso de adubos verdes contribui para a supressão de plantas infestantes durante o cultivo da cultura de interesse econômico. Essa prática diminui o uso de insumos sintéticos, reduzindo os custos e a liberação de carbono e outros gases prejudiciais para a atmosfera.

No caso da formação de Sistemas Agroflorestais, são inseridas espécies arbóreas diversificadas no ambiente agrícola, prioritariamente espécies nativas. Esse sistema possui um componente forte: sequestro do carbono pelo solo e pela biomassa vegetal, evitando a emissão de CO2 para a atmosfera.

Análise de persistência de agrotóxico

Com o objetivo de subsidiar a atividade agrícola, o pesquisador Rômulo Penna Scorza Júnior, da área de Modelagem Matemática e Simulação de Sistemas, da Embrapa Agropecuária Oeste, avalia a persistência de agrotóxicos no solo para contribuir para a conservação do solo e diminuição da contaminação de recursos hídricos. Atualmente, os trabalhos estão direcionados ao plantio da cana-de-açúcar.

Nos laboratórios da Unidade, há cerca de sete meses, são analisados os solos da região da Grande Dourados que mais recebem agrotóxicos e monitora-se quanto tempo levará desaparecer. Informações como a persistência do agrotóxico no solo e a maior probabilidade de contaminação da água são importantes para que opções de produtos semelhantes, com mesma eficiência e com menos persistência, sejam utilizadas.  

Além disso, a exemplo de instituições de diversos países, o pesquisador desenvolveu um programa de computador, denominado Avaliação da Contaminação Hídrica por Agrotóxico (ACHA), que simula o comportamento de agrotóxicos em solo brasileiro, de acordo com a temperatura, a umidade e a atividade microbiana do solo.

O ACHA foi financiado pela Embrapa (Programa Agrofuturo/BID) e CNPq (CT-HIDRO), em parceria com o curso de Ciência da Computação da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul). Em um primeiro momento, o programa será disponibilizado para órgãos governamentais que lidam com a avaliação da periculosidade ambiental de agrotóxicos.

Manejo Integrado de Pragas (MPI)

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) faz o controle dos insetos nocivos às culturas através da utilização de processos naturais e do uso racional de insumos externos. Existem diferentes métodos de controle e os mais utilizados são o químico e o biológico.

Uma das principais vantagens do controle biológico é ser mais específico no controle e não deixar resíduo no ambiente. A utilização dessa técnica pode proporcionar uma redução do número de aplicações de inseticidas químicos no ambiente e da contaminação dos recursos naturais como a água e o solo.


“Avaliamos uma série de produtos que são utilizados na cultura da cana-de-açúcar, buscando identificar quais conseguem atingir seu alvo, causando o mínimo impacto sobre inimigos naturais.”, explica o pesquisador Harley Nonato de Oliveira, da área de Sanidade Vegetal e Controle Biológico da Embrapa Agropecuária Oeste.


Fixação de nitrogênio

A Embrapa Agropecuária Oeste trabalha com pesquisas de inoculação de bactérias fixadoras de nitrogênio em culturas de feijoeiro, soja, feijão caupi e em espécies usadas para adubação verde. Essa é uma tecnologia limpa, porque substitui o fertilizante nitrogenado mineral por um processo de simbiose, em que a planta e a bactéria são beneficiadas. Dessa forma, evita-se a contaminação do solo e de recursos hídricos.

Quando se usa o nitrogênio químico em quantidades excessivas, o nitrogênio em forma de nitrato é lixiviado para o lenço freático e é altamente poluente. “Isso causa contaminação enorme do ambiente e afeta a saúde do homem”, diz o pesquisador Fábio Martins Mercante, área de Microbiologia do Solo da Embrapa Agropecuária Oeste. 

 


Sílvia Zoche Borges, Jornalista, MTb 08223JP 
Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados (MS)

 

Embrapa

preservação e recuperação dos solos, Embrapa Agropecuária Oeste - Dourados/MS

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