Sábado 07/06/2025 22:42

'Meu objetivo não era matar, era não morrer', afirma em júri policial que matou empresário em briga de trânsito

Judiciário - Júri Popular

Foto: Jaqueline Naujorks/G1 MS

O júri popular do policial rodoviário federal Ricardo Su Moon, acusado de matar a tiros o empresário Adriano Correia do Nascimento em 31 de dezembro de 2016 em uma briga de trânsito começou às 8h desta quinta-feira (11), com 7 jurados. Duas testemunhas foram ouvidas, Agnaldo Spinosa da Silva e Vinicius Cauã Ortiz, pai e filho. Eles estavam junto com Adriano na caminhonete na ocasião do crime.

Moon responde por 3 crimes: homicídio doloso e duas tentativas de homicídio, contra Agnaldo e Vinícius. Após ser baleado, segundo as testemunhas, Adriano perdeu o controle da caminhonete que acelerou e bateu em um poste.

Questionado pela defesa, Agnaldo disse que naquela noite os três haviam bebido na boate da qual saíram de madrugada, pouco antes do incidente: “Nós bebemos todos a mesma quantidade, mas não estávamos embriagados”, declarou.

A testemunha afirmou que não sabia que Adriano fazia uso de ansiolíticos ou que usava drogas. O juiz Carlos Alberto Garcete exibiu o trecho de um vídeo gravado em audiência, em que Moon relata o momento em que atirou, dizendo que Adriano iria atropelá-lo.

Ele questionou Agnaldo sobre esse fato, ao que a testemunha afirmou que a posição em que Moon estava seria transversal, portanto, não estaria na direção do carro para ser atropelado. Moon alegou no vídeo que “o ronco da caminhonete somado ao movimento feito por Vinícius no banco de trás como se ele estivesse pegando algo no assoalho" lhe representou perigo de vida. Agnaldo afirmou em declaração que “Adriano acelerava e freava a caminhonete, fazendo barulho”.

Neste momento, o juiz dirigiu-se aos jurados:

“Peço que os senhores prestem muita atenção nisso porque essa será a questão sobre a qual irão decidir neste júri, a alegação do réu de que atirou em legítima defesa”.

Em seguida, Vinícius Cauã Ortiz, que à época tinha 17 anos, deu sua declaração. O rapaz é filho de Agnaldo, e disse que naquela noite consumiu bebida alcoólica em companhia do pai e da vítima. Questionado pelo advogado de defesa, o jovem afirmou que antes de irem à boate, beberam em uma lanchonete. "Eu bebi uns seis copos de vodca e duas cervejas de garrafa naquela noite", declarou.

Vinícius declarou que não viu a abordagem do PRF, que disse ter chegado com uma lanterna pedindo que ele mostrasse as mãos, porque dormia no banco de trás. Uma das juradas questionou o rapaz sobre como ele poderia descrever o momento da abordagem se estava dormindo. Vinícius afirmou que acordou na hora em que Moon aproximou-se do carro dirigindo-se a ele.

O que diz o réu

Ricardo Su Moon, de 49 anos, a pedido do juiz, contou sua versão dos fatos. Ele falou por mais tempo que as duas testemunhas, pelo menos 20 minutos. Moon afirmou que naquela madrugada a caminho do trabalho em torno de 5h30 da manhã, teria sido fechado no trânsito por Adriano, que em dado momento, em um sinal fechado, posicionou-se atrás do carro que ele dirigia.

"Estava escuro, deserto, com a via vazia, não havia motivo para ele entrar na faixa da direita e ficar atrás do meu carro, imaginei que pudesse ser uma abordagem criminosa" declarou.

O réu afirmou que, ao observar atitudes dos ocupantes do carro, percebeu que não se tratava de um atentado. "Vi que o Adriano estava embriagado e como já expliquei em audiência, eu não tinha carteirinha profissional, só uma folha de papel com meu termo de posse, dobrada na carteira". Conforme Moon fazia suas declarações, o juiz Garcete pedia que os jurados acompanhassem as imagens da reconstituição do crime que constam no processo.

Moon seguiu descrevendo sua versão: "Eu perguntei de novo, 'vocês beberam?', e liguei para a PM [Polícia Militar], me identifiquei como policial e avisei que eles tinham bebido, enquanto Agnaldo dizia que era eu quem tinha bebido, que eu era louco. A um certo ponto eles quiseram ir embora e eu pedi que ficassem, que eles seriam identificados de qualquer maneira se fossem embora porque a polícia os encontraria pela placa do veículo, foi quando percebi que não tinha anotado a placa e fui para a frente da caminhonete com o celular para fotografar".

Em seguida, descreveu o momento em que, segundo ele, foi o motivo de ter atirado no motorista:

"De repente, o Adriano avançou com a caminhonete contra mim, bateu na altura do meu joelho, eu já estava com a arma fora do coldre e atirei pulando. Aí a caminhonete avançou, passou por mim e foi em frente até bater em uma árvore. Pedi uma ambulância, fui até o carro, Agnaldo estava no chão e Vinícius saindo pela janela. A PM chegou, eu expliquei o que aconteceu e fui recolhido à viatura", declarou.

Moon afirmou que atirou em legítima defesa porque sentiu "perigo de vida" quando a caminhonete avançou. O juiz questionou sobre ele estar em posição transversal e o réu disse que estava à esquerda da caminhonete, porém ainda à frente.

"Aí você me pergunta 'Pôxa, mas precisava atirar?', mas naquela hora o perigo imediato para mim era o atropelamento. O Adriano estava armado com aquela caminhonete, estava armado com um objeto letal. Meu objetivo não era matar, era não morrer."

O juiz Garcete perguntou à Moon sobre sua habilidade com a arma, por ter condecorações em campeonatos de tiro. O réu afirmou que na hora foi movido por instinto. Foram disparados de 8 a 10 tiros, dois deles atingiram o peito da vítima. Moon afirmou ainda ter posse de três pistolas, um revólver, uma carabina de precisão e um rifle, mas que na ocasião estava com sua arma funcional.

Por fim, Garcete questionou a tese de legítima defesa em dois pontos: se Moon pensou que o comportamento de Adriano no trânsito pudesse ser uma abordagem criminosa, ou se defendeu-se do atropelamento.

O réu afirmou que, a princípio, pensou tratar-se de uma tentativa de atentado, por já ter recebido ameaças de traficantes e membros de facções criminosas enquanto atuava na Polícia Civil. Depois, ao perceber que não era, viu que os ocupantes do carro estavam embriagados e chamou a polícia: "Eu não poderia simplesmente deixar eles irem embora, correndo o risco de haver alguma morte no trânsito, tinha a obrigatoriedade legal de agir como agente de segurança pública", declarou.

O julgamento foi interrompido para um intervalo no fim da manhã e deveria ser retomado às 12h30, mas um dos jurados sentiu-se mal e o júri foi adiado. Um novo julgamento está marcado para o dia 30 de maio deste ano.

G1/KV

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