Todos na tentativa de salvar o Brexit
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Ao acenar ao rival trabalhista, a premiê britânica quer evitar a caótica saída da UE sem acordo no final da semana que vem – mas cria um racha irremediável no próprio partido
Manifestantes anti-Brexit protestam em frente ao Parlamento britânico, em Londres, na segunda-feira (1º/4) — Foto: Reuters/Alkis Konstantinidis
Derrotada em três tentativas de aprovar seu acordo para o Brexit no Parlamento – por 230, 149 e 58 votos de diferença –, a primeira-ministra Theresa May decidiu recorrer ao diálogo com o rival trabalhista, Jeremy Corbyn, para evitar a saída da União Europeia (UE) sem acordo.
Foi um movimento político inesperado, mas compreensível ante o impasse em que ela está. Seu partido sofreu defecções importantes depois que nenhuma opção alternativa de Brexit obteve maioria em votações indicativas realizadas na última segunda-feira.
A que chegou mais perto da vitória propõe manter o Reino Unido numa união aduaneira permanente com a UE – derrotada por 6 votos de diferença na semana passada, perdeu por apenas 3 nesta semana. A união aduaneira é justamente a proposta defendida por Corbyn. O aceno aos trabalhistas revela que May prefere aderir a uma versão mais branda do Brexit a arriscar sair da UE sem acordo.
Tal cenário provocaria, de acordo com alertas do próprio governo, o caos interno no país, pelo menos no curto prazo. Haveria o restabelecimento imediato de controles fronteiriços, alfandegários, cobrança de tarifas e exclusão do Reino Unido de sistemas europeus que regulam do roaming de celular ao transplante de órgãos.
A união aduaneira já está prevista no acordo de May, pelo período transitório em que o Reino Unido negociaria o status definitivo de sua relação com os europeus, previsto para durar até o final de 2020. Corbyn defende que ela seja permanente e garanta aos britânicos as proteções trabalhistas e ambientais previstas na lei europeia.
Para os conservadores do partido de May, em especial os eurocéticos mais empedernidos reunidos no European Research Group (ERG), falar em união aduaneira é um anátema, pois violaria um dos principais pilares do Brexit: a liberdade britânica para negociar acordos comerciais com qualquer país, de modo independente da UE.
Por definição, uma união aduaneira estabelece tarifas externas e políticas comerciais comuns a todos os seus integrantes. Acordos de livre-comércio só podem ser negociados por todo o bloco, como a UE já fez com Canadá e outros países. Em compensação, a união aduaneira permitiria manter aberta a fronteira entre as Irlandas, condição imposta pela UE para qualquer acordo.
Outra proposta derrotada, formulada pelo ex-conservador Nick Boles, é conhecida como “Noruega plus”. Inspirada na relação da Noruega com a UE, prevê a àdesão à Associação de Livre Comércio Europeia (EFTA) e à Área Econômica Europeia (EEA), que formam o esqueleto do mercado comum onde circulam livremente mercadorias, serviços, pessoas e capitais. Para manter aberta a fronteira na ilha irlandesa, Boles propõe uma união aduaneira específica com a UE (daí o “plus” no nome).
Esse arranjo viola outra motivação cardeal do Brexit: controles migratórios mais rígidos. Como a circulação de pessoas seria livre no mercado comum, os eurocéticos consideram-no uma traição equivalente a permanecer na UE. Depois que sua proposta foi derrotada pela segunda vez na segunda-feira, Boles saiu do Partido Conservador em protesto contra May.
Ao acenar para a oposição, May sugere estar disposta a adotar alguma forma mais branda de Brexit. Sua condição, previsivelmente, é que seu acordo provisório receba os votos trabalhistas se levado novamente a votação. Isso evitaria a crise imediata, em que o Reino Unido despenca da UE sem acordo ao fim da semana que vem. Mas não resolveria os conflitos insolúveis que cercam o Brexit.
Os eurocéticos jamais aceitariam uma das soluções brandas. Os norte-irlandeses que sustentam a maioria de May no Parlamento exigem uma resposta que preserve o elo entre a ilha irlandesa e o Reino Unido sob quaisquer circunstâncias, ao contrário do que prevê o acordo firmado com May, cujo controverso mecanismo de segurança (“backstop”) poderia resultar em controles internos.
Na conversa com Corbyn, May pode decidir levar a uma votação para valer (não apenas indicativa) alguma das soluções brandas – seja a união aduaneira, seja a norueguesa. Provocaria com isso provavelmente um racha irremediável e a divisão do próprio partido.
Mas conseguiria sair da UE no próximo dia 22 de maio, evitando a obrigação de participar das eleições para o Parlamento europeu no dia seguinte. Se puser o país acima do partido, evitaria o caos da saída sem acordo e salvaria o Brexit. Do contrário, a tragédia do Reino Unido entrará para a história como exemplo de até onde podem chegar a demagogia populista e o nacionalismo tacanho que, no mundo todo, avançam contra o fantasma do “globalismo”.
G1
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