O que nos espera em 2011
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Todos os indicadores sugerem que a economia mundial continuará em 2011 a mostrar a mesma marcha lenta de recuperação iniciada em 2010, mas que o índice de crescimento vai ganhar velocidade no decorrer do ano
Foto:veja.abril.com.br
Costuma-se avaliar a disciplina da Economia por sua capacidade de prever o futuro. Isto é um erro. Não se estuda Economia para fazer previsões.
Na melhor das hipóteses, a Economia pode ajudar-nos a fazer previsões bem fundamentadas sobre o que poderá acontecer.
Por isso, os economistas incluem em seu jargão expressões como “se a variável X mudar, então ocorrerá outra coisa”. “Se” e “então” estão entre as palavras favoritas dos economistas, pois nos permitem fazer previsões limitadas.
Mas trata-se de algo muito diferente de formular uma previsão simples.
Faço este esclarecimento para deixar bem estabelecido que, no artigo abaixo, não estou fazendo previsões sobre alguns dos principais temas econômicos de 2011. Meu objetivo é só citar pontos que merecem nossa atenção e serão fundamentais para a economia mundial este ano.
Todos os indicadores sugerem, por exemplo, que a economia mundial continuará em 2011 a mostrar a mesma marcha lenta de recuperação iniciada em 2010, mas que o índice de crescimento vai ganhar velocidade no decorrer do ano. Este prognóstico se baseia, principalmente, na expectativa de que será mantida uma política monetária de expansão em todo o mundo durante o ano e, portanto, capaz de sustentar a recuperação da economia e dos mercados financeiros.
Nos países desenvolvidos, o crescimento econômico dos Estados Unidos deverá voltar a superar o da Europa, principalmente se for aprovado o novo acordo que permite prolongar temporariamente as reduções de impostos da Era Bush para todas as faixas de renda.
Também é provável que a preocupação europeia com sua dívida soberana continue a ocupar um papel central em 2011, o que afetará o crescimento da região.
Como é provável que os bancos centrais dos países industrializados mantenham suas políticas oficiais em níveis mínimos durante o ano – e o crédito continue a crescer – será possível o surgimento de níveis de inflação mais altos que os esperados no fim do ano.
Como já observamos em 2010, a maioria dos países emergentes, com a possível exceção de alguns da Europa Oriental, continuará a crescer em um ritmo mais acelerado do que as economias maduras.
Os bancos centrais dos mercados emergentes (ME) continuarão, provavelmente, a ajustar suas políticas monetárias para responder à crescente apreciação de suas divisas e às pressões inflacionárias.
As rotas divergentes de crescimento e políticas entre os maduros e os emergentes farão com que parte da liquidez criada pelos ajustes quantitativos vá parar no segundo grupo. Os investidores usarão esta liquidez adicional para aplicar onde acham que o retorno será mais alto, isto é, nos ME. Em consequência, esses fluxos tenderão a inflar os ME – especialmente os com economias baseadas em recursos naturais – apesar das tentativas de controlar a expansão.
A combinação de baixos rendimentos nas economias maduras com o crescimento alto, os juros elevados e o aumento do valor das divisas dos países emergentes terá como resultado a transferência de grandes fluxos de capital para os ME.
Os governos dos ME estão preocupados – e com razão – com o impacto desses fluxos, que inclui aumento da dívida externa, apreciação da moeda e inflação não resultante da comercialização de bens. Tudo isso atinge a competitividade interna.
Por outro lado, quando os capitais param de entrar, a moeda se deprecia e o valor interno da dívida aumenta consideravelmente.
Os aumentos repentinos dos fluxos de capital têm sido seguidos historicamente por quedas pronunciadas que deram lugar a crises sociais, econômicas e políticas. Nos últimos meses, Brasil, Indonésia, Coreia, Peru, Taiwan e Tailândia, entre outros, impuseram ou aumentaram controles de capital, em uma tentativa de conter esse risco. Embora os argumentos teóricos favoráveis aos controles de capital sejam convincentes, sua aplicação na prática levanta uma série de problemas nos mercados financeiros, hoje globalizados.
O grande desafio para os ME em 2011 é evitar o risco de ciclos de alta e baixa que tragam consigo fluxos de capital de curto prazo. Cada país enfrenta de forma diferente as entradas de capital e também difere com relação à política de apreciação da moeda, acumulação de reservas e controles de capitais.
O ano deverá assistir, de qualquer forma, fortes pressões a favor da apreciação das moedas dos ME.
O carry trade para os ME também afetará os preços dos produtos básicos. O aumento atual dos preços desses produtos não é consequência da lenta recuperação global. Pode ser atribuída à atividade dos investidores, estimulada pelos juros baixos e a debilidade do dólar norte-americano.
Portanto, é provável que os preços dos produtos básicos continuem a subir em 2011. Por exemplo, desde novembro de 2004 os preços do ouro aumentaram de US$ 400 para US$ 1.400 a onça. Isso se deve às incertezas e ao desejo de proteger-se contra a queda do valor do dólar. Esses dois fatores continuarão presentes em 2011, contribuindo para o aumento do preço do ouro e de outros produtos básicos.
Pedro Videla - é professor de Economia do IESE Business School (Espanha).
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