Primeira fase da transição tem sido marcada por idas e vindas do governo
Brasil - Geral - Recuos
Se há acertos, eles se dão mais pela revisão de posições do que pelos avanços;
Foto: Reuters/Ricardo Moraes
O filósofo prussiano Immanuel Kant, um dos expoentes do relativismo conceitual, dizia que “o sábio pode mudar de opinião. O idiota, nunca”. Nas primeiras semanas da transição para o novo governo, uma das principais qualidades demonstradas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro tem sido admitir equívocos, recuar e corrigir o rumo sobre decisões anteriormente tomadas. Mudar de opinião virou uma rotina no governo de transição.
Se essa, porém, pode ser uma qualidade dos sábios, como disse Kant, quando exercida em excesso por um governante, transmite sinais de perigo. De um governo vacilante, hesitante, que ainda não tem muita certeza sobre o que fará quando assumir o poder. Hoje, nem mesmo as intérpretes de libras que acompanham o presidente eleito são capazes de decifrar sua cabeça.
Desde quando elegeu-se presidente, Bolsonaro tem feito vários acenos e soltado diversas ideias ao vento. Algumas delas foram mantidas. A maioria acabou descartada. Entre as abandonadas, a votação da Reforma da Previdência em 2018, a extinção do Ministério do Trabalho, a fusão do Meio Ambiente com a Agricultura e da Controladoria Geral da União com o Ministério da Justiça e até a mudança da embaixada do Brasil de Telaviv para Jerusalém. “É normal em um grupo que chega pela primeira vez ao poder promover alguns avanços e recuos. Mas, nessa intensidade, dão a impressão de um bicho solto incontrolável”, observa o analista da Hold Assessoria Legislativa, André Pereira César.
Junto a diversos aliados do novo governo, ISTOÉ apurou que há no vai-vem de Bolsonaro um misto de estratégia e inexperiência. A forma de comunicação que o presidente eleito inaugura, de diálogo direto com a sociedade via redes sociais, faz com que ele muitas vezes solte uma ideia para testar a repercussão. Mas, em alguns casos, comentam aliados, o que acontece é mesmo fruto de um comportamento afoito, no qual se imaginam soluções mágicas e inusitadas para qualquer tema. Que, logo depois, demonstram-se inapropriadas ou mesmo inexequíveis.
Presidencialismo de coerção
Há duas expressões usadas por integrantes do novo governo para conceituar a nova forma de administrar a partir do contato com a sociedade via redes sociais. Esse caminho, consubstanciado nas “lives” quase diárias feitas por Bolsonaro, é batizado de “e-gov”. É a partir do “e-gov” que Bolsonaro testa propostas. E é também por ali que ele buscará estabelecer um novo tipo de negociação política. A intenção é tentar fazer com que a sociedade, aliada de suas ideias, pressione o Congresso a aprovar as medidas de seu interesse. É o que vem sendo chamado de “presidencialismo de coerção”, em contraposição ao “de coalizão”, que pressupunha entregar cargos e verbas aos partidos aliados em troca de votos.
A liberação de “balões de ensaio” para medir a temperatura de determinadas medidas não é novo. Antecessores de Bolsonaro se valeram do expediente. Chegavam a dizer que a melhor forma de excluir um possível novo ministro era vazar seu nome para a imprensa. Com o presidente eleito isso ocorre também em relação a políticas públicas. Para aliados, a tática é interessante, pois mostra que Bolsonaro nutre apreço à opinião popular. Para adversários, porém, recuar a todo instante pode demonstrar sinal incerteza.
Um exemplo disso foram as idas e vindas sobre a incorporação do Ministério do Meio Ambiente ao da Agricultura. Além do impacto negativo junto a ambientalistas, a união não foi bem recebida nem mesmo pelo grupo que ela parecia querer atender inicialmente,os ruralistas. A turma do agronegócio temeu que o produto agrícola brasileiro perdesse valor caso o governo sinalizasse menor cuidado com questões ambientais. Revisão feita, Bolsonaro agora procura alguém para o Meio Ambiente alinhado com a futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
A falta de experiência e a afoiteza vêm sendo apontadas por políticos mais antigos como a explicação para os problemas que Bolsonaro já enfrenta no Congresso. O maior deles, o aumento para os ministros do STF. A votação sobre o salário na semana passada pegou o núcleo político bolsonarista de surpresa e obrigou Bolsonaro e seus aliados a baixar o tom das declarações sobre o Congresso. O aumento para o STF, na realidade, foi uma resposta do presidente do Senado, Eunício Oliveira, a uma enquadrada do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes. A aprovação, na palavra de um parlamentar, fez Guedes entender “como de fato funciona Brasília”.
Assim, na quarta-feira 14, Bolsonaro sentou-se para conversar com Eunício e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Foi um novo recuo: na véspera, ele havia cancelado os encontros. Depois, recebeu governadores eleitos na tentativa de demonstrar força política. Alguns integrantes da transição já admitem que as dificuldades advêm de um “choque de realidade”. Ao verificar a complexidade da máquina pública, a equipe de Bolsonaro conclui que nem tudo o que pretendia fazer é assim tão simples. O corte de comissionados ensaia ser o próximo cavalo de pau estratégico do novo governo, diante da possibilidade de uma revolta de aliados. Se isso é sábio ou apenas fruto da inexperiência, só o tempo dirá.
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