Editorial / Correio do Estado: "É preciso saber a hora de parar"
Estado - Ponto de Vista - Greve dos Caminhoneiros
Foto: Blog do Esmael
Durante a greve dos caminhoneiros, os que abasteceram seus carros a quase R$ 5 tinham compromissos para cumprir. Ficar parado pode não ser bom para todas as categorias.
Algumas mensagens transmitidas pelos caminhoneiros, e por boa parte dos brasileiros que apoiaram as manifestações em todas as unidades da federação, devem servir como lição às autoridades, sejam elas dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, e aos integrantes de instituições, como Ministério Público e Tribunal de Contas. A lição é que os cidadãos não aguentam mais o pesado custo de vida imposto – literalmente – aos que vivem na base da pirâmide social. Além dos impostos, o alto custo dos combustíveis e o achatamento salarial impõem um cotidiano muito sofrido à grande maioria dos brasileiros.
Todos os não caminhoneiros entenderam isso nos primeiros dias de paralisação dos profissionais da estrada. Uma das grandes virtudes da greve, porém, também representou um de seus maiores problemas: a horizontalização das manifestações, e o comando extremamente pulverizado, sem nenhuma liderança que respondesse por todo o movimento.
A greve, aliás, venceu o brasileiro – e o próprio manifestante – pelo cansaço. Houve um momento em que, quem a apoiava, não encontrava mais motivos para continuar sofrendo para oferecer o apoio emprestado, e os que se mantinham com seus caminhões parados nos postos nas beiras das estradas, estavam cansados de ficar, pelo menos, dez dias longe de casa e sem ganhar por seus serviços (é importante lembrar que os profissionais autônomos foram os grandes mobilizadores).
Falando em cansaço provocado pela greve dos caminhoneiros, os grevistas mais empenhados na paralisação ultrapassaram o limite do bom senso. E, quando esta barreira é quebrada, um movimento perde apoio. É o que chamamos de “perder a razão”. Foi isso o que houve com alguns radicais, como aqueles que apedrejaram os profissionais que desejavam trabalhar. Em Vilhena (RO), por exemplo, um motorista morreu ao ser ferido por manifestantes.
Também é preciso lembrar que houve certa incompreensão – quase um desrespeito – dos muitos caminhoneiros e apoiadores da greve, com o restante da população, que, nestes dias de dificuldade de abastecimento, correram aos postos em busca de combustível. Muitos chegaram a alegar, em redes sociais, que, ao encherem os tanques com preços mais altos durante a greve, os consumidores ajudaram o preço a subir, em vez de diminuir, conforme propósito da manifestação. Quem faz crítica como esta, mal sabe que os que aceitaram pagar quase R$ 5 no litro da gasolina tinham compromissos para cumprir. Precisavam, por exemplo, trabalhar, cuidar da saúde, dos filhos.
Voltando às lições da greve, a mais importante delas – desta vez para os caminhoneiros – é o bom senso na hora de parar. Este é um dos motivos, por exemplo, que uma música dure, em média, três ou quatro minutos, ou que um filme geralmente não ultrapasse duas horas, ou que uma boa piada não leve mais que poucos segundos para ser contada. Sempre que há excesso, não existe interesse e corre-se o risco de ficar maçante. Desta forma, o legal pode ficar chato, o bom pode ficar ruim e o apoio pode tornar-se uma rejeição. Às vezes, menos pode ser mais.
Correio do Estado
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