Todas as segundas chegam filhos e pais envolvidos com drogas e orgias, reflete delegado em MS
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Na sexta (4), entre inquéritos e incluindo o recente caso da menina de 11 anos, delegado fez reflexão que "viralizou" no WhatsApp e serve de alerta.
Delegado fez reflexão que viralizou após casos de abusos sexuais em MS (Foto: Facebook/Reprodução)
Dois anos à frente da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e o Adolescente (Depca), em Campo Grande. São centenas, senão milhares de investigações com queixas de estupro, abuso sexual, entre tantos outros crimes hediondos. Nesta sexta-feira (4), entre inquéritos e incluindo o recente caso da menina de 11 anos, o delegado Fábio Sampaio fez uma reflexão. O relato foi compartilhado em um aplicativo de mensagem e serve de alerta para muitos pais ou responsáveis.
"Foi uma conversa informal com um amigo advogado, que esteve na delegacia esta manhã. Ele compartilhou o texto e é isto mesmo, uma reflexão constante que temos todos os dias aqui na delegacia. Temos este caso mais recente, só que não há nenhum em específico que não fala sobre a enorme responsabilidade que temos ao colocar um filho no mundo", afirmou ao G1 o delegado.
Em casa, Fábio é o marido e pai de quatro filhas. Na delegacia, é o Dr. Sampaio que exerce a carreira há 18 anos. Além dele, há alguns meses a delegada Marília de Brito atua na unidade como titular. Juntos, eles precisam "dar conta" de uma média de 200 corrências ao mês, entre pessoas que vão no local, além de queixas feitas nas delegacias plantonistas, Casa da Mulher Brasileira e o distrito de Anhanduí.
"É díficil falar de particularidades, pois tentamos ser o mais técnico possível, todos os dias. E também temos as nossas reflexões, infelizmente sobre tantos maus-tratos e negligência contra menores. São adolescentes na rua fugindo dos pais, pulando muro e não tendo diálogo algum com os pais", avaliou Brito.
Dever cívico
Pai de uma menina de 4 anos e atento às companhias dela, o advogado Afrânio Alves é quem conversou com o delegado e "fez viralizar" o texto no WhatsApp. "É dever cívico de todo cidadão ajudar uma criança quando ela estiver precisando, não é somente uma obrigação legal dos pais. Então, tudo o que diz respeito a formação delas deve interessar a sociedade. Infelizmente, estamos experimentando um mundo com adolescentes completamente descontrolados e perdidos, além de pais que não sabem quando perderam esse domínio", lamentou.
Veja agora na íntegra o relato do delegado:
"Aproveite ao máximo as pequenas oportunidades de contato com seus filhos. Mesmo a simples companhia no caminho pra escola tem um peso profundo de reforço na sensação de proteção paterna/materna, de que seu filho tanto necessita nesse momento da história, em que a maioria dos demais ambientes conspira para a perda das referências do infante. Se puder levá-lo, não o mande na Van. Procure conhecer todas as amizades de seus filhos, procure saber de seu rendimento escolar, converse com profesores, visite a escola, etc. Proporcione às suas crianças a noção de que ela precisa se submeter à sua autoridade e compreender limites, para viver com segurança. Tenha tempo pra ele e observe atentamente seu comportamento, ouça suas ideias, valorize suas opiniões, Oriente suas escolhas, fiscalize o que ela assiste, corrija cujdadosamente, etc. Estamos vivendo uma experiência dramática, nessa delegacia. Todas as manhãs de segunda, chegam por aqui meninas e meninos, pais e mães, completamente perdidos. Nenhum deles sabem explicar como foi que os primeiros se envolveram com drogas e orgias, sumindo de casa sem qualquer noção de suas atitudes, tampouco os segundos sabem como puderam perder completamente o controle sobre os filhos. E são pessoas de diferentes classes sociais e níveis de instrução. A firme recomendação aos pais, portanto, é de que reforcem a conexão afetiva e os relacionamentos com seus jovens e crianças, pra minimizar as chances de que eles sejam também subitamente tragados pela podridão desse mundo em assustadora decadência..."
G1
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